Marcos Meirelles

Bate nela, pega na mentira

Por Marcos Meirelles, jornalista |
| Tempo de leitura: 2 min

“Zico tá no Vasco com Pelé; Minas importou do Rio, a Maré; Beijei o beijoqueiro na televisão; Acabou-se a inflação; Barato é o marido da Barata; Amazônia preza a sua mata.”

Assim Erasmo Carlos, o Tremendão, abria o hit “Pega na Mentira”, que parece mais atual do que nunca.

Vamos aos fatos.

O deputado federal Osmar Terra Plana, aliado incondicional do capitão de araque Jair Bolsonaro, fez uma postagem no Twitter questionando a pesquisa Quaest, que dá ampla vantagem para Lula na eleição presidencial. Osmar Terra Plana publicou uma foto de Manuela D’Ávila ao lado de Guilherme Boulos e disse que este último seria, na verdade, Felipe Nunes, diretor da Quaest. Pesquisa vendida, portanto. “É possível acreditar na isenção?”, postou o deputado.

Seria só mais uma maluquice veiculada no Twitter se as maluquices não fossem o combustível dos fanáticos que defendem a reeleição de Bolsonaro.

Como diz um amigo meu, não se trata de dizer que temos um presidente e um governo que exploram as “fake news”. No Brasil, jocosamente, “fake news” passou a se confundir com “brincadeirinha”, “troça”, “provocação”. Deixemos essa conversinha miliciana de lado.

O que nós temos são mentiras deslavadas, criminosas, e um governo que usa a mentira como única ferramenta de trabalho.

Bolsonaro mente quando diz respeitar as instituições, Guedes mente quando fala que a economia vai melhorar e Ciro Nogueira mente quando diz que não há orçamento secreto, aquele que deu R$ 300 milhões para a sua mãe, senadora biônica dele próprio.

É um governo de mentira que faz tributo à mentira todos os dias, incessantemente. É um presidente de mentira que mente para esconder sua incapacidade intelectual e gerencial. Quatro anos jogados no lixo, milhares de vidas perdidas e as instituições democráticas sob pressão constante.

O governo de mentira entrega a maior inflação dos últimos 20 anos, a gasolina a mais de 7 reais, o aumento do subemprego, as maiores taxas de desmatamento da Amazônia de todos os tempos, as estradas federais esburacadas, as contas públicas em frangalhos e a saúde entregue ao caos pós-tragédia da Covid-19. Como cereja do bolo, as práticas corruptas da família presidencial são acobertadas e retroalimentadas pelo Centrão.

Um governo assim, em outro país, teria mais de 90% de rejeição. Mas uma parcela dos brasileiros, ao que perece, se apegou à mentira. 
Seria o caso de evocar o Tremendão e apelar: “Pega na mentira, pega na mentira; Corta o rabo dela, pisa em cima; Bate nela, pega na mentira”.

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