Carlito Paes

A Guerra na Ucrânia e nosso posicionamento

Na semana passada estive na Ucrânia. Vi de perto as destruições geradas pela invasão russa ao território ucraniano

Por Carlito Paes - Escritor, Professor e Pastor Lider da Igreja da Cidade | 05/05/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Benjamin Franklin, um dos pais na nação norte-americana, homem brilhante em ideais, palavras e ações, disse: “Nunca houve uma guerra boa nem uma paz ruim.” Ele está certo.

Na semana passada estive na Ucrânia. Vi de perto as destruições geradas pela invasão russa ao território ucraniano. Estive em Lviv, Kiev e algumas cidades na fronteira com a Polônia e a Romênia; o rastro de destruição é grande, mas o povo heroicamente tenta seguir a vida.  Dos quase 5 milhões de ucranianos que deixaram o país, cerca de 1 milhão e 300 mil já regressaram o país. Nas duas fronteiras por onde passei não existe mais movimento de refugiados deixando o país a pé, mas, em ambos os lados, grandes comboios de caminhões entrando e saindo da Ucrânia, que por sinal é um dos celeiros de alimento do mundo; um país lindo e fantástico, muito parecido com o interior do nosso estado de São Paulo.

Estou apoiando e acompanhando uma operação humanitária internacional de apoio aos refugiados dentro da Ucrânia e também a retirada de civis para vários lugares do mundo. Os que desejam sair, e escolhem o Brasil, estamos acolhendo e encaminhando para diversos estados. Em nossa cidade já acolhemos 8 famílias com quase 40 pessoas e estamos em um processo para o recebimento e integração de uma família com 17 filhos, sendo 14 deles órfãos. Agradeço a todos os que estão nos ajudando neste sentido, e diferente de outras situações de acolhimento e integração com as quais temos nos envolvidos, como Haitianos, Venezuelanos, Sírios e Afegãos, a situação é um pouco mais dramática e especifica, porque só é possível trazer mulheres e crianças abaixo de 18 anos, porque os homens entre 18 e 60 anos precisam lutar na guerra defendendo a soberania da Ucrânia, diante do invasor.

Na viagem à Ucrânia, o que mais chamou atenção foi o bombardeio e massacre que aconteceu em Bucha e Burundanka, vilarejos ao redor de Kiev, onde centenas de casas e prédios foram atacados cruelmente, porque o governo ucraniano bombardeou as pontes de acesso a Kiev e os tanques inimigos não conseguiram entrar na cidade. Em resposta de ódio, bombardearam casas, executaram civis nas ruas e estupraram mulheres e crianças em uma atrocidade desumana, gerando milhares de mortos.

Um dia após a saída do nosso grupo de Kiev, o secretário-geral das Nações Unidas, andando pelas mesmas ruas onde passei, presenciou na cidade a chegada de cinco misseis russos, uma atitude que revelou o total descaso de Putim com a paz na região e uma afronta ao povo, ao país e toda União Europeia.  Eu oro e trabalho pela paz, me movo para ajudar a minimizar os efeitos da guerra com refugiados e também dentro da Ucrânia, e condeno com toda veemência esta guerra atroz. Espero que, depois destes dois meses de guerra que tem gerado um rastro de sangue, dor, mortes e perdas infinitas o governo brasileiro venha condenar de forma direta a postura do governo russo, porque quando se sabe quem é o agressor, e não se posiciona contrário, se apoia indiretamente a guerra. Passei por Portugal e esse país está dando um acolhimento fantástico aos refugiados da guerra. Aja pela paz e pelo fim da guerra, vamos levar a cultura da paz.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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