Transporte

FGV apontou que, em São José, tarifa aumentaria 43% com frota 100% elétrica

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Vista interna do VLP (Veículo Leve sobre Pneus), que também integrará novo modelo de transporte em São José
Vista interna do VLP (Veículo Leve sobre Pneus), que também integrará novo modelo de transporte em São José

Estudo feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) para reformular o sistema do transporte público de São José dos Campos apontou que o modelo com 100% da frota composta por veículos elétricos seria o menos viável do ponto de vista tarifário.

Segundo projeção feita pela fundação, a tarifa nesse modelo custaria 43% a mais do que no sistema com os ônibus movidos a diesel, como ocorre atualmente.

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A FGV foi contratada pela Prefeitura em 2019 para a realização de estudos de reformulação do atual sistema do transporte, para preparar a nova concessão. A fundação recebeu R$ 2,465 milhões.

Nos dois primeiros editais de concessão, publicados em 2020 e 2021, a Prefeitura manteve o modelo com ônibus movidos a diesel. No entanto, após fracassos, motivados principalmente pela falta de interesse do mercado no sistema proposto, o município apresentou um novo modelo em março desse ano.

No novo sistema, a gestão caberá à Urbam (Urbanizadora Municipal), que é uma estatal controlada pela Prefeitura e que irá alugar 350 veículos elétricos, que serão operados por outra empresa – que será definida em licitação.

ESTUDO.
Atualmente, a tarifa do transporte público tem três diferentes preços: R$ 4,50 (bilhete único), R$ 5 (dinheiro) e R$ 5,20 (vale-transporte).

Segundo estudo da FGV, seria possível obter uma tarifa média de R$ 4,84 caso os veículos continuassem a ser movidos a diesel. Caso 10% da frota fosse substituída por ônibus elétricos, a tarifa passaria para R$ 5,02. E, com 100% da frota elétrica, a passagem chegaria a R$ 6,96.

O estudo não cita o motivo da variação da tarifa, mas especialistas do setor apontam uma série de fatores para isso, como o alto investimento inicial, já que a aquisição de um veículo elétrico custa até três vezes mais do que um ônibus movido a diesel, e a dificuldade de revenda da frota, já que esse modelo é adotado em poucas cidades – e, quando isso ocorre, normalmente é em um pequeno percentual dos veículos.

MISTÉRIO.
A Prefeitura não explicou, até agora, como será calculada a tarifa do novo sistema. Não esclareceu, por exemplo, se o custo do contrato de locação dos veículos, que pode chegar a R$ 2,688 bilhões, será repassado aos passageiros, por meio da tarifa, ou se servirá como um subsídio do município, para garantir uma passagem mais barata.

Mudanças ocorridas no edital, no entanto, podem ter relação com a tarifa: o número de veículos caiu de 513 para 350 e a duração do contrato passou de 10 para 16 anos – estudos apontam que, após 12 anos de utilização, os veículos elétricos compensam o custo inicial, pois têm manutenção mais barata do que os movidos a diesel.

LICITAÇÃO.
A Urbam deve promover na próxima quarta-feira (11), às 9h, o pregão presencial para definir a empresa que ficará responsável por alugar para a estatal os 350 veículos elétricos.

Essa é a segunda versão do edital. A primeira tentativa de licitação foi suspensa pela Justiça no fim de março, devido a cláusulas restritivas.

A empresa vencedora do certame terá até 10 meses para disponibilizar os ônibus para a Urbam. Ou seja, o novo sistema não deve entrar em operação antes de março de 2023.

PREFEITURA.
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Mobilidade Urbana alegou que o estudo da FGV não se aplica ao novo modelo adotado pelo município.

“Não é possível comparar os valores e projeções feitas no estudo da FGV porque a forma de contratação foi alterada, passando a prever locação, em vez de aquisição dos veículos. Além disso, o edital prevê o fornecimento de energia para os ônibus, o que também inviabiliza comparações”, afirmou a pasta.

A secretaria informou ainda que “o novo modelo prevê o subsídio no sistema para tornar a tarifa mais acessível à população”, mas não detalhou de quanto deve ser o subsídio e nem se a tarifa será mais barata do que a atual – que era uma das promessas quando a primeira versão da concessão foi apresentada, em 2020.

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