Carlito Paes

A guerra contra a Ucrânia e o Brasil

Não existem respostas fáceis para problemas difíceis, e todos os assuntos geopolíticos que envolvem a Rússia e as Repúblicas vizinhas ganham contornos ainda mais complexos

Por Carlito Paes, Bacharel e Mestre em Teologia, pastor Líder da Igreja Batista da Cidade de São José | 04/03/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Carlito Paes
Carlito Paes

A vida não está fácil, não é mesmo? Imagine, conseguimos sobreviver diante de tanta dor e morte, geradas pela pior pandemia da nossa história recente, a da Covid-19 e suas variantes, para desembocarmos em uma guerra que tem potencial para se tornar global e nuclear. Quem poderia imaginar? Mas, não existem respostas fáceis para problemas difíceis, e todos os assuntos geopolíticos que envolvem a Rússia e as Repúblicas vizinhas, em especial as que faziam parte da antiga União das Repúblicas Soviéticas, ganham contornos ainda mais complexos e enigmáticos porque também envolvem questões étnicas, religiosas, riquezas naturais, poder bélico, sem falar em ressentimentos, dentre outros temas.

Contudo, gostaria de refletir um pouco mais com você sobre este tema. Por que será que conseguimos, dentro do nosso contexto brasileiro, esta barbárie? Já não basta a tragédia de uma guerra no contexto do mundo pós-pandemia? Não era hora de apenas nos unirmos em oração e solidariedade ao povo Ucraniano? Até porquê nosso país abriga uma das maiores colônias de descendentes deste povo do mundo. Hoje temos mais de 1 milhão de brasileiros com origem ucraniana; no mínimo devemos solidariedade.

A questão da invasão Russa na Ucrânia, que está acontecendo neste momento e todos estamos acompanhando “on line e on time” pelas mídias sociais, está bastante preocupante porque não sabemos como e quando vai parar; e quais reflexos ainda teremos em todo mundo. A invasão Russa como está ocorrendo, de forma unilateral, desproporcional e desumana como estamos acompanhando é realmente absurda. Mas, o que já é péssimo, pelos fatos e consequências diretas, parece que no Brasil, conseguimos complicar ainda mais. Se não bastasse a guerra gerando dor, morte, destruição, poluição e milhões de refugiados, o governo brasileiro conseguiu trazer para dentro do nosso país um novo capítulo para a divisão do nosso povo, por meio desta guerra que não nos pertence diretamente. Dias atrás, antes da invasão ocorrer, soube que o presidente Jair Bolsonaro iria se encontrar com o presidente Wladimir Putin. Com relação ao encontro, sabemos que visitas diplomáticas são importantes e todos os políticos e governos precisam discutir suas pautas, mas na hora eu pensei e comentei em minhas redes sociais  que não era uma sábia decisão para o momento, diante da eminente situação de guerra a visita poderia esperar. Mas como sabemos, ela aconteceu e até hoje tem gerado efeito de novas discussões polarizadas nas mídias sociais, embora o Brasil tenha votado contra a invasão Russa na ONU, no dia 2 de março.

Pessoalmente o governo tem evitado condenar publicamente a ação e todos sabemos que quando se sabe quem é o agressor, não condenar publicamente, advogando neutralidade, já é um claro posicionamento.

Nesta semana que eclodiu esta invasão cruel e sanguinária, estava em Israel e na Alemanha. Ambos os governos destes países, juntamente com toda Europa e a grande maioria das grandes democracias do mundo, foram contundentes em condenar também. E grande parte do povo brasileiro acompanhou de forma surreal, o governo brasileiro se posicionando como os governos de Cuba, Coreia do Norte, Cuba e Síria em não condenar o Putin, por sua invasão. O populismo na política traz perigos para a democracia, seja de direita ou de esquerda. E também para o testemunho cristão, quando envolve a relação com a igreja, seja católica romana, ortodoxa ou evangélica protestante.

Como disse inicialmente, existem muitos contornos nesta relação entre estes dois países que não sabemos, e nem os grandes analistas políticos em guerras e geopolíticas têm as respostas unânimes sobre o tema. Claramente, como leigo no assunto também, não terei, mas penso que neste momento temos que orar por uma resolução de paz. Também devemos denunciar e pressionar publicamente o opressor diante da opinião pública, assim como devemos ajudar em todos os sentidos os refugiados. Que haja paz na terra e que cada um de nós se posicione pelo lado certo: o lado da justiça e da paz.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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