"Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção, é preciso se fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. Não é razoável para o Brasil". A declaração é do ministro do STF Gilmar Mendes e causou indignação nas Forças Armadas.
Mas analisemos a declaração, frase por frase. Alguém, em sã consciência, julga que não há um vazio no Ministério de Saúde, comandado interinamente por um general que não sabe onde fica a Linha do Equador?
Quem duvida que a estratégia do Capitão Cloroquina foi jogar toda a responsabilidade de combate à pandemia para Estados e municípios?
Quem duvida que isso não foi péssimo para imagem das Forças Armadas, associadas a um governo irresponsável, cruel e incapaz? E, por fim, quem ainda tem dúvidas de que não está em curso uma política de genocídio, com a ausência deliberada de governo especialmente entre os segmentos mais vulneráveis da sociedade?
Em minúcias: tenho um primo bolsonarista, morador do Mato Grosso, que acredita que índio bom é índio morto.
A indiferença do governo diante do avanço da pandemia de Covid-19 nas aldeias indígenas brasileiras é, sim, um comportamento genocida. E satisfaz o desejo secreto de extermínio dos povos indígenas que alimenta uma legião de bolsonaristas ligadas ao agronegócio (ou melhor, ao latifúndio).
O Capitão Cloroquina já foi denunciado ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, por crime contra a humanidade na condução da resposta do governo brasileiro à pandemia de coronavírus. Quem se associa a esse desgoverno é, inevitavelmente, co-responsável.
É fato, é inapelável, e não será a tentativa de enquadrar o ministro do STF na Lei de Segurança Nacional, instituída durante a ditadura militar, que irá ajudar a melhorar a imagem das Forças Armadas..