Editorial

Erros atrás de erros

21/08/2021 | Tempo de leitura: 2 min

No início de 2019, quando a principal discussão no Brasil deveria ser a retomada do crescimento econômico, o recém-empossado presidente da República mobilizava seus apoiadores em torno de propostas como a flexibilização do acesso às armas no país.

Em 2020, quando a Covid-19 se tornou uma ameaça global e o mundo inteiro discutia formas de conter o avanço do vírus, Jair Bolsonaro abraçou o negacionismo e passou a defender, com unhas e dentes, propostas irresponsáveis como a cloroquina e outros medicamentos comprovadamente ineficazes contra o coronavírus, além de debochar da doença, do uso de máscaras e do isolamento social.

No começo de 2021, quando a vacinação contra a Covid avançava pelo planeta, o presidente brasileiro ignorava ofertas de doses e preferia se empenhar em pautas delirantes, como o voto impresso.

Agora, no segundo semestre de 2021, quando parte do mundo ensaia os primeiros passos rumo ao período de pós-pandemia, o Brasil se vê em uma guerra. De um lado, o presidente e os seguidores que lhe restam - já que a cada dia diminui o número de pessoas que ainda acreditam nas baboseiras de Bolsonaro. Do outro lado, a democracia, as instituições, nossa nação.

Há quase 1.000 dias no poder, Bolsonaro não foi, nem por um minuto sequer, o presidente que o Brasil precisava. Ciente de sua incapacidade de lidar com os assuntos realmente importantes, de sua falta de preparo e do deserto de ideias em sua cabeça, ele fomenta polêmicas inúteis, debates vazios.

A mais nova empreitada do presidente é a ameaça de ruptura ao estado democrático de direito. Os sinais são fortíssimos nesse sentido. Entre eles, possível desobediência a decisões da Justiça, pedido de impeachment de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), estímulo a manifestações com pautas antidemocráticas no 7 de Setembro.

Tudo isso só não é ainda mais grave porque, felizmente, Bolsonaro não parece ter apoio suficiente para o autogolpe. Os próprios militares, a princípio, não seguiriam o presidente. Mesmo assim, todo esse processo é desgastante, danoso demais para o Brasil. Como nação, perdemos tempo demais, vidas demais, oportunidades demais, enquanto um inepto trava guerras que só importam na cabeça dele.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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