Tanques na rua, em um desfile de poderio armamentista. É a Operação Formosa, que reúne 2.500 homens e é realizada pela Marinha, contando pela primeira vez com a participação também do Exército e da Aeronáutica. Coincidência? Justamente em meio a uma escalada autoritária do presidente, que mantém o tom bélico contra o Poder Judiciário, coloca o sistema democrático em xeque e dá claro sinais de que ensaia um golpe de Estado?

Mais uma vez, infelizmente, o país vê suas Forças Armadas servindo a um projeto de poder e não, como é sua missão constitucional, ao país. Trata-se de uma clara tentativa de intimidação do Congresso Nacional, casa que simboliza a pluralidade do povo brasileiro, assim como já havia sido feito pelos comando das três armas no episódio da nota conjunta com críticas à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da pandemia, entre outros tristes exemplos.

Sob o descontrole de Jair Bolsonaro (sem partido), o Brasil assiste absolutamente chocado a avanço de um projeto ditatorial, diante de Forças Armadas cúmplices, de uma Procuradoria-Geral da República que se comporta como se fosse a AGU (Advocacia-Geral da União) e uma vergonhosamente omissa presidência da Câmara dos Deputados, com Arthur Lira (PP-AL).

Mais do que nunca, é preciso que as instituições funcionem, antes tarde do que nunca, como sistema de freios e contrapesos que são, afim de evitar o avanço do alucinado delírio bolsonarista de instaurar um novo regime autoritário no país. Não é uma impressão, ele já deixou claro que não vai parar. Nosso voto é que a Câmara dos Deputados cumpra o seu papel, apesar da tentativa de intimidação, e que a democracia brasileira, tão atacada, mantenha-se blindada.