Qual o significado do Natal?
Este é um dos muitos temas debatidos no novo episódio de "Líderes", o podcast de OVALE que entrevista quem é notícia na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, que estreia nesta quarta-feira, dia de Natal. O convidado é especial: padre Zezinho, 84 anos, sacerdote da congregação do Sagrado Coração de Jesus, escritor, compositor e maior nome da música católica do país, com sucessos que atravessam as gerações. "Líderes" tem apoio da Unitau (Universidade e Taubaté) e é apresentado por jornalista Hélcio Costa, diretor de Relações Institucionais de OVALE.
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"Quando eu penso no Natal, eu não penso no Menino que nasceu de novo. Penso, há 2.000 anos, no menino daquele tempo. E eu penso nas crianças de hoje, que, às vezes, não tem um lugar onde morar e o que comer. Lembro daquele Menino pobre, que cresceu e optou por ser pobre. Penso naquele que não tem chance. Para mim isto é Natal, é o espírito de dizer: o outro, o outro, o outro. O outro tem direito, tanto quanto eu. Eu quero que ele cresça, que ele vença, que seja alguém", disse padre Zezinho.
No seminário desde os 11 anos e ordenado padre há quase seis décadas, padre Zezinho, nascido José Fernandes de Oliveira, tem forte formação humanista.
Ele teve sua base dentro da Igreja Católica formada sob o espírito do Concílio Vaticano 2o., movimento que atualizou a doutrina e prática da Igreja em resposta aos desafios do mundo moderno, e que resultou numa abertura da Igreja para o diálogo com outras religiões e com a sociedade, a valorização do papel dos leigos na Igreja, e a nova compreensão da liturgia. Segundo o padre, essa "abertura" da Igreja para o mundo enfrenta hoje, em um movimento pendular, uma reação conservadora. A "abertura" da Igreja, no entanto, é, segundo ele, irreversível.
"O rio não corre não para trás", disse padre Zezinho diversas vezes ao longo da entrevista online, concedida por ele a partir do "Conventinho", em Taubaté.
Diversos temas percorreram o podcast: a polêmica envolvendo o bispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, e o padre Júlio Lancelotti, proibido de transmitir missas pela internet; o fenômeno dos "padres cantores", do qual é, ao mesmo tempo, um dos precursores e um crítico; as divergências internas entre conservadores e progressistas dentro da Igreja Católica; e sua carreira, como autor de 110 livros e mais de 3.000 músicas, dentre elas sucessos como "Utopia", "Oração pela Família", "Um certo Galileu", entre outros.
Padre Zezinho também falou com carinho de diversas pessoas, do próprio padre Júlio, a Renato Teixeira, com quem divide ideais e rascunhos de música, entre um café e outro, e da jovem Gabi Bonvechio, recém-formada em Jornalismo pela Unitau, que, em seu trabalho de TCC, examinou a vida e a obra do religioso, nascido em Machado (MG) em 1941. O trabalho de Gabi, batizado de "Apenas um Cidadão do Infinito", em referência a uma música do padre Zezinho, vai virar livro em 2026. "É uma jovem de talento", disse.
Ao encerrar a entrevista, padre Zezinho não se furtou a uma pergunta difícil: o Brasil tem conserto? E se despediu dando uma benção a todos aqueles que acompanharam o podcast.
O podcast "Líderes" está disponível no canal de OVALE no youtube e nas redes sociais do jornal.