OVALE CAST DE NATAL

‘Jesus continua fazendo milagres’, diz padre do Vale em Nazaré

Por Xandu Alves | Terra Santa
| Tempo de leitura: 36 min
Reprodução/Instagram
Missionário da Canção Nova, padre Sóstemes está há 10 anos na Terra Santa
Missionário da Canção Nova, padre Sóstemes está há 10 anos na Terra Santa

“Ele está vivo. Ele está no meio de nós”.

Vivendo há cerca de 10 anos na Terra Santa, local sagrado para os cristãos, o padre Sóstenes Vieira do Monte Chaves, 43 anos, missionário da Canção Nova, disse que é possível sentir que Jesus está vivo e que é o mesmo ontem, hoje e sempre, como diz a palavra sagrada.

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Ele descobre que "Jesus continua fazendo milagres" a cada dia que mora e trabalha em Nazaré, na mesma cidade onde Maria recebeu a revelação do anjo Gabriel de que estava grávida e iria gerar o filho de Deus, Jesus Cristo, com humildade e humanidade.

“Ele está vivo. Ele está no meio de nós. E morar aqui na Terra Santa e tocar nesses lugares, nesses milagres, é sim um motivo, um momento de dizer e proclamar que Jesus está vivo”, disse o sacerdote em entrevista ao OVALE Cast Especial de Natal.

“A nossa vida aqui é melhor por causa de Jesus. Ele que, por exemplo, nos ensinou a amar, nos ensinou a perdoar”, completou o padre.

Vida sacerdotal

Natural de Escada (PE), Sóstenes é sacerdote da Igreja Católica e missionário da comunidade Canção Nova, de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, da qual é membro desde 2002. Ele tornou-se padre em 2008, após os estudos de Filosofia e Teologia.

No Brasil, antes de sua missão internacional, atuou intensamente na rede de obras sociais da Canção Nova, dedicando-se ao serviço pastoral e social junto aos mais necessitados. Há cerca de 10 anos vive na Terra Santa, especialmente em Nazaré, onde exerce seu ministério pastoral em colaboração com os Franciscanos da Custódia da Terra Santa.

Sua missão inclui evangelização, formação espiritual, acompanhamento de peregrinos e produção de conteúdos religiosos diretamente dos lugares santos, incluindo transmissões semanais da Procissão das Luzes, realizadas na Casa de Maria em Nazaré — lugar da Encarnação — e difundidas para diversos países e línguas.

Nessas transmissões, o sacerdote atua também como tradutor e comentarista, contribuindo para a divulgação da fé cristã e da espiritualidade bíblica a partir do contexto histórico e geográfico da Terra Santa.

Esperança

Padre Sóstenes conta sua experiência de viver e trabalhar nos lugares sagrados do Cristianismo, onde nasceu e viveu Jesus Cristo há mais de 2.000 anos. Além disso, ele explica as singularidades de conviver com povos tão diferentes, como os judeus e muçulmanos, e as dificuldades de celebrar a fé em um ambiente muitas vezes dominado por conflitos e guerras.

No entanto, para o padre brasileiro, a proximidade com os locais santos transforma a vivência em Jerusalém, Nazaré e Belém como algo que marca a vida para sempre. Segundo ele, mesmo que deixe a Terra Santa, ela nunca mais sairá de dentro dele.

Sóstenes frisou que a mensagem do Natal de 2025, direto do local onde nasceu Jesus, é a esperança. “Então, falar desse Natal de 2025, Natal da esperança, Natal de uma nova paz, Natal de um novo tempo”, afirmou.

Leia a entrevista completa com o padre Sóstenes Vieira do Monte Chaves, direto da Terra Santa.

Que Basílica é essa que está perto do local onde o senhor está em Nazaré?

É a Basílica da Anunciação. Estou atualmente em Nazaré, onde tudo começou. Há três lugares mais importantes para o Cristianismo, e um deles é aqui. A gente pode falar do primeiro do nascimento, que é em Belém, da ressurreição, em Jerusalém, e aqui a Encarnação, onde o verbo divino se fez carne. Essa Basílica está colocada exatamente no lugar onde o anjo Gabriel apareceu para Nossa Senhora, como tem o título aí no Brasil de Nossa Senhora Aparecida.

Primeiro lugar, ela é aparecida também, desse anjo que aparece para ela e recebe essa revelação, e isso acontece aqui nessa Basílica. Há a gruta e a casa de Nossa Senhora, e depois os primeiros cristãos, e também judeus que acreditavam em Jesus, não podemos descartar isso, porque às vezes parece que são coisas separadas, mas os primeiros que acreditaram em Jesus, os primeiros discípulos eram também judeus.

Aqui em Nazaré, essa pequena comunidade judaica que também acreditava em Jesus, no Messias, começa a se desenvolver. Na casa dela começa um lugar de culto, ainda muito simples, e com o passar do tempo vêm os Bizantinos, mas essa é uma longa história. Resumidamente, hoje nós temos essa Basílica mais moderna, de 1969, e ainda conhecida como a maior Basílica do Oriente. Muito bonita e dizer que vocês estão convidados a vir aqui conhecer.

Essa Basílica tem celebrações regulares, visitas? Como funciona?

Ela tem uma importância imensa e graças a Deus, a Canção Nova, completa 20 anos de missão na Terra Santa. Desses 20 anos, quase todo o tempo nós estabelecemos uma parceria com os Franciscanos, que têm a custódia da Terra Santa. Havia muitas guerras aqui e durante as Cruzadas veio São Francisco, ainda que por um período curto e talvez numa parte muito limitada, ali pelo Egito, em outra cidade mais ao norte, mas esse carisma Franciscano ficou e são mais de 800 anos que eles têm essa missão de guardar e proteger os lugares santos, que receberam da Igreja.

Quando a Canção Nova chegou em 2005, ainda lá em Belém, logo depois nós conhecemos o custódio da Terra Santa, que depois é hoje o cardeal patriarca dom Pierbattista Pizzaballa. Ele sentia no coração aquilo que eu dizia antes, de boas notícias. Ele procurava um modo de transmitir isso, para que o mundo conhecesse. Ou seja, as celebrações que temos em vários lugares, como aqui na Basílica, e a gente começa a transmitir. E com a ajuda na Canção Nova, nessa parceria, as celebrações que acontecem aqui, por exemplo, todos os sábados, às 20h, temos aqui a ‘Fiaccolata’, a Procissão das Luzes, que a gente vai fazendo um caminho em oração até chegar na casa de Nossa Senhora, no lugar da aparição do anjo.

Às quintas-feiras, nós transmitimos a adoração do Santíssimo Sacramento. Sei que essa transmissão vai para todo o tipo de pessoas, algumas não conhecem, mas àqueles a adoração do Santíssimo, tem a passagem que diz que o verbo divino se fez carne e habitou entre nós, em João. É interessante que isso aconteceu aqui. Todas as quintas-feiras as pessoas têm essa oportunidade.

Todas as sextas-feiras temos o terço de São José, numa outra igreja bem aqui pertinho de mim, onde viveu a Sagrada Família. É tão interessante que hoje, através da internet, milhares de pessoas do mundo inteiro podem hoje ter acesso a tudo isso. É muito importante para você que está no Brasil, que é cristão ou de outra religião, mas você tem a verdade.

No domingo passado soubemos de uma coisa triste. Judeus estavam celebrando a Hanukkah, na Austrália, e alguém que não gostava daquilo, da religião deles, e começou a atirar naquelas pessoas, matando 15 pessoas, uma coisa muito triste. No Brasil a gente não tem isso, pelo menos por enquanto, ainda temos essa liberdade. Aqui onde moramos, no Oriente Médio, nem todos os países vivem isso. Por exemplo, cristãos que moram na Síria e no Líbano não podem vir aqui. Eles têm a mesma fé, são centenas ou milhares de pessoas, mas não podem vir aqui. E através dessa parceria que temos, dessa transmissão, a gente faz com que a fé e a oração cheguem até essas pessoas.

Tivemos um tempo de coronavírus e depois uma guerra de quase três anos e aí fazemos as peregrinações espirituais, quantas pessoas no Brasil não podiam vir mas conosco existe um acesso às celebrações. Fora àquilo que já existe nas paróquias, as missas diárias, eu ajudo sobretudo nas confissões, é um pouco a dinâmica daqui.

Essa Basílica acolhe o mundo inteiro, a gente costuma dizer que quando está cheio fica igual coração de mãe, que sempre cabe mais um. Em Nazaré a gente experimenta muito isso, essa Basílica, esse coração de mãe, essa casa da mãe que acolhe tantas pessoas.

Qual a sensação de entrar na Basílica da Anunciação?

Respondo não como um homem de fé, mas como um homem que observa a vida e as pessoas. Graças a Deus tenho a missão de ser confessor, de atender a confissão das pessoas aqui em Nazaré, que é uma das missões que eu tenho. Duas vezes por semana eu estou ali especificamente dentro da Basílica atendendo as confissões. Interessante que como pessoas que não acreditam em Jesus, como muçulmanos, ao entrar aqui sentem algo diferente.

Temos também aqui em Nazaré a presença de outro grupo de brasileiros que é muito conhecido, a comunidade Shalom, e certa vez uma pessoa que pertence à comunidade Shalom se dirigiu a uma muçulmana com véu e tudo que vez ou outra aparecia. E ela perguntou: Por que você vem aqui? E ela disse com muita simplicidade que não sabia explicar e que até ouvira de pessoas da religião dela que não deveria vir, mas que se sentia tão bem e em paz que acaba voltando sempre. E assim a gente vê muitas pessoas fazendo essa experiência de fé, mesmo sem saber dar um nome propriamente ao que está acontecendo no interior delas. Muitos judeus também vêm aqui, a maioria que vejo não ortodoxo, não radicais, mas pessoas que têm o coração mais alargado nesse sentido e vêm aqui e também sentem isso.

Esse lugar é diferente, tem uma marca, para o cristão do mundo inteiro. A gente vê milhares de pessoas do mundo inteiro por esses anos nas peregrinações, se emocionar, fazer experiências muito profundas de conversão, mudança de vida e de cura, que acabam experimentando nos lugares santos. De fato, é muito forte a experiência aqui.

Quando mais fé a gente tem mais profunda vai ser a nossa experiência com Jesus, com Deus, nos lugares santos. Eu sinto um privilégio, muito honrado de poder viver nesse lugar, na Terra Santa de modo geral, já há 10 anos. A minha experiência, graças a Deus, eu ainda não me acostumei com esses lugares. Continuo ainda vivendo essa experiência, claro que não exatamente como das primeiras vezes, que tem sempre aquele arrepio e tudo, nem sempre a gente chora, mas a gente continua fazendo essa experiência de fé muito profunda nos lugares santos. Às vezes é até difícil ir para casa, para a nossa casa que fica 3 a 4 minutos aqui da Basílica. A gente quer ficar mais. Traz aquela sensação de fé, de querer mais, de querer experimentar mais. Uma das coisas mais difíceis da peregrinação é o fim, quando ela termina. Muitas pessoas perceberam essa experiência, de experimentar. É um pouco isso desses lugares santos.

Dá para se tornar indiferente nesses lugares sagrados ao longo do tempo? Se tornar apenas um trabalho?

É possível, claro. A gente pode fazer disso uma rotina, deixar de fazer essa experiência. Quando a gente olha nos discípulos de Jesus e vemos que um deles o traiu, vendeu Jesus. A própria experiência bíblica da criação, de Eva, estava tudo perfeito e conseguiu estragar. Então, é possível, sim.

Mas temos muitos missionários nesses 10 anos, muita gente que passou por aqui, e é difícil a pessoa ser indiferente. Eu posso até deixar a Terra Santa, mas a Terra Santa não vai me deixar. Temos várias missões no Brasil e no mundo. A única missão da Canção Nova que eu conheço que fizeram um grupo de WhatsApp para as pessoas que não estão aqui terem contato com a missão é só aqui. É muito difícil ficar indiferente.

Como surgiu esse chamado para ir para a Terra Santa? Era um desejo do senhor?

Começo com aquilo que o anjo disse aqui: para Deus nada é impossível. Escada é uma cidade muito pequena do interior de Pernambuco. Quando comecei a ir ao grupo de oração, aos 17 anos, muita gente na caminhada e há mais tempo do que eu conhecia a Canção Nova, e eu não conhecia. Alguém de Pernambuco chegar ao Vale do Paraíba, a São Paulo, era impossível. Conheci colegas na igreja que faziam o caminho para a Canção Nova, vocacionados, e acabavam não entrando. Eu achava que não ia entrar. Mas um dia um amigo e eu fomos à Canção Nova, tinha férias e juntei algum dinheiro, e fomos de ônibus. Eu tinha 18 anos. Recebi a graça de conhecer o padre Edmilson, da Canção Nova, ele percebeu traços do carisma Canção Nova em mim e me convidou para fazer o caminho para a Canção Nova. E eu já sabia que queria ser sacerdote.

Na época ainda da Teologia, eu via pessoas que falavam outra língua, e eu sempre fui muito ruim, inclusive no inglês. Não imaginava. E depois desse tempo da Teologia Deus foi trazendo sinais. E comecei a estudar no curso de inglês. E depois da formação fui trabalhar nas obras sociais da Canção Nova, com pessoas com dependência química, pessoas mais carentes, enfermos.

Depois de uns três anos de padre um dia fui à capela e conversei com Deus. Disse que ele havia me dado sinais e eu estudei inglês e perguntava o motivo. Estava feliz e realizado e poderia até morrer onde estava. Mas João Bosco dizia que a pressa costuma estragar tudo. A nossa mente quando não tem uma resposta muitas vezes ela cria. Perguntei e ao mesmo tempo respondi: daqui há 10 anos virão outros seminaristas e eu vou ensinar a eles como é esse trabalho e eles vão ficar aqui e eu vou para a missão nos Estados Unidos. Não passou um mês e veio o meu remanejamento para abrir a casa de Nazaré, isso foi lá em 2011 ainda. Ali começou essa história de vir para a Terra santa. Foi uma surpresa e me senti muito privilegiado por ter sido chamado.

A primeira coisa que precisava para trabalhar com as pessoas era aprender algumas das línguas do local. A língua principal para os cristãos daqui é o árabe. Então, o primeiro curso que fui fazer em Jerusalém, e o inglês era a língua de passagem, foi aprender o árabe. Ali entendi o sentido de que Deus queria. Continuo estudando. Diferente de outros lugares, em missões de Roma, no Vaticano e outros países, a gente aprende a língua e está OK. Aqui não. Eu continuo estudando e me dedicando. Se Deus quiser vou voltar a estudar o hebraico no ano que vem e aprendendo um pouco das outras línguas. Existe também a humildade. Não dá para ficar parado, de achar que sabe de tudo.

Aqui Jesus, que é Deus, se fez homem. E tem um santo na Igreja, Pedro Crisólogo, que diz que Jesus teve a coragem de crescer com o passar do tempo. Então, mesmo aos 43 anos, eu preciso muitas vezes ser como criança, como Jesus aqui que foi aprendendo a língua ou as línguas. E assim é um pouquinho da história aqui na Terra Santa.

Onde fica o local do nascimento de Jesus na Terra Santa? Como é esse lugar?

Maria estava aqui nesse lugar, onde tem a Basílica aqui atrás de mim, a casa dela. Então, naquele dia especial vem o anjo Gabriel e fala que ela seria a mãe do Messias, a mãe do Salvador. Ela dá o seu sim, o faça em mim. E aí ela fica grávida com a graça do Espírito Santo. Então, tem um momento que ela vai para Ein Kerem, que é uma cidade próxima de Jerusalém, para ajudar a sua prima Isabel, depois ela volta para Nazaré.

E aí, quando estava quase 9 meses [de gestação], existiu uma obrigação de se recensear, de se registrar na cidade dos seus familiares. Tem muitas pessoas aqui em Nazaré, quer dizer, que vinham de Belém. Então, eles são da descendência de Davi. Então, José com Maria sobem, fazem esse caminho, deixando Nazaré indo até Belém, que fica depois de Jerusalém. Quantos quilômetros? Um pouco mais de 110 km, 115 km, um pouquinho, dependendo da estrada que eles vão pegar. E isso ia a pé, a carroça, a cavalo. Era uma viagem muito longa.

Chegando lá, como diz a Sagrada Escritura, no Evangelho de São Lucas, aconteceu o nascimento. A gente sabe da história, não tinha lugar para eles, então eles ficaram com os animais de uma forma muito simples. E ali, naquele lugar simples, nasceu Jesus. E para dizer uma coisa para a gente, que eu acho que é importante. Quantas vezes a gente fica bravo, chateado com algumas leis, até algumas autoridades, do que seja. Mas isso daí, você se coloca ou as pessoas se colocam no lugar dessa família. Dá para nascer o menino, eu vou fazer uma viagem complicada assim? Mas eles aceitaram. E estando lá nasceu o menino. Isso faz toda diferença.

Porque vocês sabem como que Deus utiliza das profecias como um mapa para a gente não errar o caminho. Profetas disseram exatamente onde o Messias iria nascer. Tem em Belém de Efrata. Até se você procurar pela internet, alguns anos atrás algum repórter até famoso fez uma reportagem dizendo que a Belém poderia ser uma vilinha aqui da Galileia, porque era mais perto. A coisa não bate, não serve, sabe? Não dá. Com todo respeito a ele, à emissora, mas não dá. Porque ali está escrito Belém de Efrata e Efrata (Efraim) era essa região lá próxima de Jerusalém.

Que é essa Belém de onde nasceu Davi e onde nasceu esse outro Davi, que é Jesus. Então, isso aconteceu em Belém, bem próximo de Jerusalém, como eu disse para vocês. E depois na época dos Bizantinos, na época do Édito de Milão, sobretudo, em 315, então os cristãos recebem a possibilidade de ser uma religião.

Não era mais cristã, ser religião pela época a partir de Constantinopla e a sua mãe, que era uma mulher velha, muito devota, ela vem até a Santa Cruz, procurando esses lugares importantes. E ali perto, então, Deus, para que eles possam marcar e deixar sacramentalizar esse lugar ao começo importante, com base na atividade ali em Belém, desse período, do século 4, depois fizeram outras partes da igreja, mas a parte principal é aí do século 4 e através de Santa Helena e hoje ao lado dela existia outra igreja, chamada Santa Catarina.

Por que essas duas igrejas? Porque uma delas, a igreja da antiguidade, hoje ela é administrada pela igreja ortodoxa, que não temos uma comunhão plena com a igreja ortodoxa. E aí ao lado dela tem a igreja de Santa Catarina, santa muito famosa também nessa região, mas lá a região de Santa Catarina, o Brasil, é inspirada também nessa Santa Catarina. Ela é do Egito, dessa região. E é a parte católica nossa, a parte latina. Então, quando um grupo de peregrinos, por exemplo, vem a Belém, a maioria das missas que eles vão celebrar vai ser na igreja de Santa Catarina, guardada pelos Franciscanos. Então, a Basílica da Natividade é esse lugar importante.

Um destaque também interessante é que várias dessas igrejas que foram sendo construídas no século 4, como disse, foram destruídas no século 7 quando chegou o Império Persa aqui ou depois também com o Império Muçulmano.

Mas interessante que conta a história que os persas entraram na Igreja da Natividade, eles olharam para o alto e eles viram aqueles mosaicos, que até hoje estão lá. Então, eles reconheceram naqueles mosaicos as vestes, o jeito do seu povo persa. Lembra aquela história dos três reis magos? Vieram daquela reunião. Então, quando eles viram e disseram: "Não, então nós não vamos destruir essa igreja, não. Vamos deixar aqui". E por isso até hoje nós temos, graças a Deus, essa igreja lá de pé, que nunca foi destruída.

E a gente percebe que, mesmo que são coisas materiais, mas que elas se tornaram sagradas, Deus de alguma forma, através de Nossa Senhora também, faz com que algo aconteça e aquilo permaneça ali para alimentar a nossa fé.

Como é a celebração do Natal hoje na Terra Santa? Como é vivenciar o nascimento de Jesus hoje?

Aproveito a sua pergunta para começar respondendo: como é o Natal em Nazaré? Depois eu vou para como é o Natal em Belém. Por quê? Porque no Brasil a gente tem aquela coisa o direito de ir vir. Vou para onde eu quiser, vou, volto. Aqui não é tão simples assim. Porque Belém é Palestina hoje e Nazaré é Israel. Alguém que veja essa transmissão ou a gravação pode dizer: "Não, Nazaré não é Israel, é Palestina também". É uma discussão complexa para outro momento, mas hoje nos registros é isso que diz. A documentação, as leis e tudo. Os próprios cidadãos aqui, na sua maioria, como eles se veem nisso, os próprios árabes de Nazaré que vivem essa lei, enfim.

Mas aí a gente toca nas pessoas, que são habitantes aqui, de Israel, que têm a fé em Cristo e querem celebrar o Natal em Belém, mas nem todas podem. Porque aqueles judeus ou descendentes de judeus que passam a acreditar em Jesus, é claro que esse é um número pequeno aqui em Israel, mas existem, eles não podem ir para Belém. A não ser que ele use um passaporte de algum outro lugar ou tem que não se identificar, mas alguns não se sentem muito tranquilos em fazer essa passagem. Porque estando em Belém e alguém descobrindo que eles são judeus ou tem uma descendência, pode ter algum problema, algum incômodo.

E por outra questão também, cristãos que moram aqui em Israel, sejam nativos ou estrangeiros que vieram para morar aqui, encontram aqui em Nazaré a sua Belém. É interessante que a gente vem do tempo do coronavírus e depois esses dois anos de guerra e a sensação que eu tenho aqui em Nazaré por esses dias, eu quase fiz um vídeo para depois mostrar para vocês, é de uma alegria tão grande. Sejam esses judeus que acreditam em Jesus e outros que não acreditam, que são judeus mais seculares, e muçulmanos, para além dos cristãos, vêm em massa aqui para Nazaré nesse período para viver essa espiritualidade O mundo, sobretudo essa região, tem muita fome de paz, sede de segurança.

E Nazaré transpira isso. Porque seja de qualquer religião que for, de qualquer etnia, aqui em Nazaré, graças a Deus, nós vivemos em paz. Nós temos bem próximo aqui de onde eu estou fazendo essa transmissão, a primeira mesquita de Nazaré, que é chamada Mesquita Branca. E aqui a gente tem o responsável da mesquita, que um dia ele me para no caminho e diz assim: Quando que foi mesmo o seu Natal? Porque não sei se vocês sabem, independente do calendário, tem os ortodoxos, eles celebram em outro momento.

E aí eu disse quando era, e ele disse: "Ah, sim, porque eu quero te cumprimentar, eu quero dar o feliz na Natal para você. Porque além de você, eu também faço isso com os meus amigos judeus, porque aqui em Nazaré nós vivemos juntos”. Então, esse é um detalhe importante daqui do Natal em Nazaré. Tanto assim que no dia 25, ou melhor, nas vésperas, no dia 24, do Natal, que aí no Brasil você facilmente encontra as transmissões do mesmo local. As TVs aqui de Israel não podem transmitir o que vai acontecer lá em Belém. E de onde elas transmitem, então? Daqui de Nazaré. E a Canção Nova que faz essa transmissão. Então, esse é um pouco do Natal em Nazaré.

Lá em Belém, que é o lugar mais importante, porque é onde Jesus nasceu. É claro, uma grande alegria para todos os cristãos. Mas tem um detalhe que eu compartilho com você que acompanha para você entender que nem sempre é fácil viver aqui na Terra Santa para os próprios cristãos.

E tem um bom sentido nisso, mas não é fácil. Por quê? Veja só, imagina você que a sua missa paroquial, todo domingo, você vai e a igreja já encheu. Graças a Deus, todo mundo está aqui na missa, viemos rezar etc. Mas você mora em um lugar muito importante. O mundo inteiro quer também estar ali. Então, quando chega nesse dia, por exemplo, o dia do Natal, você acha que cabe todo mundo na igreja? Não cabe. Então, eles distribuem senhas para algumas pessoas poderem participar daquela missa. Claro, a missa é principal.

Por outro lado, tem missas o dia inteiro, durante a madrugada e no dia 25, em que eles vão podendo participar aos povos. É muito bonito também perceber isso de Jesus tão amado, tão querido que não cabe. A igreja não cabe de tanta gente que quer estar ali. Então, até emociona e realmente é uma alegria. Essa alegria do Natal. São Francisco dizia: "O amor não é amado”. Mas nesses dias, nesses momentos, dá para a gente dizer, ele está sendo amado. Na presença em cada um que vai ali, que busca estar. E é maravilhoso.

Depois tem outro detalhe também que eu conto como uma curiosidade. Vocês sabem que a região da Palestina é governada por um governo islâmico, muçulmano, e então o Mahmoud Abbas, que é o presidente da Autoridade Palestina, no dia da véspera de Natal, na noite de Natal, então nessa missa, porque é uma missa muito importante, e aí é uma forma dele se aproximar e dizer que respeita.

Então, em um determinado momento da missa, ele chega, nem sempre é no início, e aí ele vai e senta num lugar separado, obviamente para ele, todas as câmeras mostrando e tudo. E todo mundo fica admirando porque ele também está ali. Ele escuta, sobretudo, o tempo da homilia, que o patriarca vai estar falando. E depois da homilia, assim como acontecia na igreja antiga também, os catecúmenos, ou seja, aqueles que não eram batizados ainda, eles não participavam da missa inteira, só de uma parte. Até por um respeito. Porque alguém pode dizer assim, nossa que mal-educado, está indo embora e nem terminou a missa. Mas na verdade é um respeito. Dizendo assim, esse é o momento íntimo de vocês. E obrigado pelo momento partilhado, patriarca, obrigado, mas agora eu vou indo e deixo vocês a sós.

Então, é outra particularidade também do Natal em Belém. E a última que eu partilho, sobretudo nesse ano de 2025, de uma grande alegria, que parece uma coisa assim qualquer, indiferente, em outros lugares. O que é essa coisa, padre? Uma árvore de Natal. Se você quiser na sua cidade, por exemplo, ou na sua casa, ou na frente da sua casa, enfim, coloca uma árvore de Natal. Alguém pode te proibir? Não, no Brasil pelo menos, não. Mas lá em Belém, durante esses anos de guerra, e aí a gente conta três anos, porque a guerra começou em outubro de 2023. Então, dezembro de 2023, dezembro de 2024, e aí, quase 2025, então dois anos só. Mas aí nesse ano, vai ser o primeiro ano que eles vão ter uma árvore de Natal na praça da cidade de Belém. Porque antes não podia.

Por que não podia, padre? Porque o entendimento que se fazia naquele período, sobretudo lembrando que os cristãos são uma minoria, muito poucos. Então, como existiam falecimentos, mortes, pela situação da guerra, fazer uma árvore de Natal era celebrar um momento alegre. Então, eles não podiam ter. Alguém pode dizer assim, é uma forma de se unir a essas pessoas que sofriam. Pode ser, pode ser. É uma forma de fazer uma leitura.

Independente de um pouco da verdade ou toda a verdade, que a gente tem acesso hoje, que a gente está falando através de um meio de comunicação, de jornais, então vocês sabem que tem todo um sistema. Nem tudo chega para todo mundo. Independente de uma coisa ou de outra, o fato é que a árvore não estava lá. E nesse ano é diferente. Ele é muito especial. E aí eu quero dizer tanto para cristãos como para muçulmanos. Graças a Deus acabou a guerra. Então, esse ano do Natal de 2025 é o Natal mais feliz. Porque o retorno da árvore também significa o fim da guerra. Também significa que esse Jesus que ali nasceu continua a ser o príncipe da paz, o senhor da alegria para aquele povo e para todos nós.

Qual é a mensagem desses locais sagrados? O que significa o nascimento de Jesus 2025 anos depois, o que ele traz de mensagem para nós hoje, padre?

Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Diz a palavra. E quando você diz que Jesus continua fazendo milagre. Eu começo a partir disso. Ele está vivo. Ele está no meio de nós. E morar aqui na Terra Santa e tocar nesses lugares, nesses milagres, é sim um motivo, um momento de dizer e proclamar que Jesus está vivo. Como eu dizia no início dessa gravação, dessa transmissão. Das pessoas muçulmanas que vinham aqui à Basílica de Nazaré e nem sabiam explicar o quê ou o nome, mas eles sentiam algo diferente. A nossa vida aqui é melhor por causa de Jesus. Ele que, por exemplo, nos ensinou a amar, nos ensinou a perdoar.

Se a gente pega o Alcorão lá, com todo respeito àqueles que acreditam, ou também o Antigo Testamento, todo respeito, mas existe uma coisa diferente. Porque Jesus disse: “Ofereça a outra face e reze por aquele seu inimigo, por aquele que te persegue”.

E uma das coisas que eu tive a oportunidade de ouvir do nosso patriarca aqui da Terra Santa, Pierbattista Pizzaballa, é que muitas comunidades muçulmanas ou judaicas, eles faziam questão que entre eles estivessem também os cristãos. Porque eles eram aqueles que promovem a paz e a reconciliação.

Então, falar desse Natal de 2025, Natal da esperança, Natal de uma nova paz, Natal de um novo tempo. E a mensagem para você que acompanha, eu começo com uma pergunta assim: Quais guerras você tem lutado? Tem enfrentado? Muita gente se assusta com as notícias daqui. Morreram tantas pessoas, crianças, idosos, enfim. Mas e o Brasil? Sem guerra, sem míssil, por tanta violência urbana e por coisas às vezes banais, um celular, um sei lá o quê. Quanta violência, quanta guerra, quanta corrupção, quanta falta de verdade, quanta infidelidade, quanta coisa que tira a nossa paz. Qual é a sua guerra?

Eu te convido a deixar que esse Jesus, príncipe da paz, entre aí no seu coração. Talvez na sua manjedoura. Talvez não está tão organizado, tão bonito assim. Talvez até um pouco mal cheiroso. Mas ele te ama tanto que ele é capaz de entrar aí e fazer do seu coração uma nova Belém. E fazer que cessem as guerras, e renovar no seu coração, a sua vida, a sua família, um novo tempo de paz. Amém.

Padre, o senhor falou dos cristãos, judeus e muçulmanos que coexistem em Jerusalém, na Terra Santa, e a percepção de cada um deles de Jesus Cristo, que é diferente. Como cada povo se relaciona com Jesus?

Realmente cada um tem um jeito de lidar, em uma leitura. Então, começamos pelos judeus. Mas tem um detalhe. Os judeus são muitos tipos de judeus. A Terra Santa é como um mosaico, uma colchinha de retalhos. Qualquer pessoa que disser assim: ah, os judeus são isso. Ou os árabes, os muçulmanos, são isso. Por isso que eu vim morar aqui e descobri que cada pessoa é uma pessoa.

E mesmo que ela tenha um histórico não cristão, ela tenha um livro que seja muito diferente do nosso, cada pessoa é uma pessoa. E ela pode responder a isso de uma forma diferente. Então, nada de colocar todo mundo na mesma caixinha. Primeiro eu coloco essa nota de rodapé aqui na resposta.

Mas de modo geral, os judeus ortodoxos, os que seguem de modo mais restrito a lei, eles vêm Jesus simplesmente como um rabino, um sábio, alguém que falou coisas interessantes, importantes, mas nem tudo o que ele falou era verdade, p0or isso, por isso, por isso. Eles vão dar os motivos deles.

Existe outro grupo de ser Deus, não daqueles que passaram a acreditar em Jesus, mas que são mais seculares e mais abertos. Então, tem uma visão de Jesus como uma pessoa admirável, uma pessoa interessante. Sei lá, hoje a gente tem, por exemplo, no mundo o prêmio Nobel, o Nobel da paz. Então, é um líder que fez isso ou fez aquilo, ele acabou com a guerra etc. Então, eu admiro por causa disso. Mas eu não vou acreditar nele exatamente como o Messias, ou o Deus que vai me salvar. Então, tem pelo menos esses dois grupos aí dentro do grupo dos judeus.

Dentro do grupo dos muçulmanos também existe alguns que acreditam em Jesus. Vou dar um exemplo de um jovem que eu conheci na Jordânia, não aqui, é em Israel, quando eu fui estudar o árabe lá. Então, ele passou toda a história dele estudando em escola franciscana, escola da Terra Santa dos Franciscanos. E desde pequenininho, quando ele entrava na sala, ele via aquela cruz na sala, porque era uma escola confessional, então podia ter a cruz. Ele se sentia atraído, ele sentia algo diferente diante da cruz.

Depois com o passar do tempo, ele foi tendo mais consciência de algumas coisas e ele passou a admirar São Francisco de Assis, que em cada ano tinha a festa de São Francisco, tinha o teatro, tinha as músicas, contando a história dele. Então, ele começou a achar interessante também aquela pessoa. E depois quando ele chegou por volta dos 16 anos, ele começou a querer conhecer mais sobre a fé cristã e começou a estudar, ler algumas coisas. Ele foi ajudado por algumas pessoas também, até que ele decidiu ser cristão. Ele falou com os pais dele e os pais dele, por incrível que pareça, eles perdoaram. É uma coisa bem rara. E depois ele recebeu o batismo e atualmente esse jovem, que está com um pouquinho mais de 20 anos, ele está em Roma estudando para ser um padre. Vamos rezar que seja feita a vontade de Deus.

Mas nem sempre a história é assim. Existem muçulmanos que querem seguir Jesus e são ameaçados, alguns precisam ir morar em outro país para não morrer. Então, tem um pouco disso. Mas é bem raro, para ser sincero.

Existem outros muçulmanos que eles veem Jesus segundo a visão do Alcorão. Porque Jesus também está no Alcorão. O nome dele é Isa. O seu nome é Isa. Ele inclusive é citado como o filho de Maria. Existe uma sura, um livro dentro do Alcorão, que é só sobre Maria. É bem interessante algumas partes também. Mas, claro, tem coisas muito diferentes do que a gente crê. Então, sim, eu acredito no Messias, que é o profeta, filho de Maria, mas ele não é Deus. Ele não é o Messias, ele não é o meu salvador. Então, tem essas diferenças dos judeus e dos muçulmanos.

Nesse caldeirão cultural que o senhor vive, o que mudou em sua vida depois desses 10 anos na Terra Santa? O que lhe transformou a experiência de estar contato com a Natividade de Jesus Cristo?

Mudou muito. Uma ótima pergunta. Não só fisicamente. Quem procura aí vai ver que não tinha barba, não tinha óculos, tinha muito mais cabelo. E a gente vai vivendo aqui também, é verdade.

Então, mudou muita coisa. Eu começo dizendo da simplicidade. Descobri que a gente não precisa de muita coisa para ser feliz. Já é um caminho que a gente vai aprendendo na Canção Nova, mas aqui eu pude encarnar muito mais profundo essa dimensão.

Eu gosto muito da Basílica de Nazaré, não é só porque eu moro aqui, mas quando ela foi construída ou concluída, ou entre aspas “concluída” em 1969, fez a inauguração, obviamente, e nós chegamos hoje em 2025 e a gente entra lá, para quem já foi ou para quem um dia vai, presta atenção que a gente vai ver um bocado de vários buraquinhos assim redondinhos e uma parte enorme assim em cimento ainda. E aí você pergunta: "Mas por quê? É chique? O que é isso aqui?" Não, é porque não teve dinheiro para terminar. Ficou daquele jeito ali.

Aí a gente olha para um lugar, um dos lugares mais importantes do Cristianismo, como a gente falou, que é a gruta e o que tem lá? Uma gruta, é uma pedra, é muito simples. E você pensar que nesse lugar tão simples todos os dias acontece esse grande milagre da Eucaristia, que não foi só lá atrás, mas Jesus continua se encarnando em cada missa, no altar, e vê que tantas pessoas experimentam Deus nessa simplicidade, isso me chama a ser cada vez mais simples. Não precisa de muito badulaque para a gente ser feliz de verdade. Então, eu digo essa simplicidade.

Depois a humanidade, o segundo ponto. Me tornar mais humano, porque Jesus aqui Deus se tornou homem, no bom sentido dessa palavra. No mais lindo dessa palavra homem. Do ser humano. Tornar-se ser humano, porque quando eu morava no Brasil, antes de vir para Terra Santa, eu olhava para os cristãos daqui da Terra Santa, até eu escrevi um pouco sobre isso, um pequeno trecho na minha monografia, que eu achava que eles eram super cristãos, assim, eles eram cristãos muito, muito elevados, porque eles nasceram no lugar santo e eles vivem nessa atmosfera, então eles eram muito, muito, muito perfeitos e enfim.

E depois, quando eu passei a conviver com eles, sobretudo aprendendo um pouquinho mais da língua, escutando o coração dessa gente, assim como os muçulmanos e também os judeus, eu descobri que, olha, nós somos gente. Gente feito de carne e osso.

Quando Jesus fala no Evangelho, é que de dentro do coração do ser humano brotam os crimes, as maldades etc. Quando Jesus fala isso, ele diz assim: cristão, muçulmano, judeu, até porque nem tinha muçulmano, por exemplo, e o cristão não tinha esse nome também. Então, ele diz o ser humano. E a percepção de que todos nós precisamos uns dos outros. A percepção de que todos nós temos as nossas lutas.

Tem gente que sabe disfarçar mais. Aqui a gente tem dessa cultura aqui, eles disfarçam bem, viu? Muito bem, sabem fazer bem escondidinho muitas coisas. Mas pouco a pouco a gente vai descobrindo que eles são gente como a gente. Então essa humanidade de poder olhar para cada um de um modo muito respeitoso até nesse sentido.

Porque, a gente se sente como cristão brasileiro assim, mais para baixo, não, nós estamos nesse mesmo barco. Então, a simplicidade, a humilde, a humanidade e o terceiro ponto que obviamente todos sabem. Então, a gente não está aqui para negar aquilo que a gente é, a nossa identidade.

Então, com todo o respeito a quem acompanha essa transmissão ou essa gravação, ou vai ver depois, você que pensa diferente e tem outra fé, eu te respeito. Mas algo muito forte que aconteceu também para mim, aqui na Terra Santa, sobretudo aqui em Nazaré, foi o ser Mariano. Nossa, mas o padre não era Mariano, ou seja, aquela devoção, aquele amor a Nossa Senhora. Não, eu tinha. Mas eu vou dizer que era pequena, se eu comparar com o que eu experimento hoje. As experiências que eu vivi com ela, digamos assim, as experiências de ler muito sobre o que homens muitos santos falaram sobre ela, como São Luís Grignion de Montfort, São Bernardo de Claraval, Santo Afonso Maria de Ligório, e estando nesses lugares, quando eu começava a meditar sobre o Evangelho e tudo, falei: nossa, é muito grande isso.

Então, a dimensão de Maria, dessa mãe de Jesus, se tornou muito grande dentro de mim. E como dizia São João Paulo 2º, que na verdade a Mariologia, que é o estudo de Maria, bem feito, não é antiecumênico, mas a verdade é ecumênico, porque não separa, mas ele une. Então, eu destaco essas três coisas aí para vocês.

Peço ao senhor que nos deixe uma mensagem, uma benção direto da Terra Santa.

Claro, com muita alegria. Aqui a gente diz que é a Terra Santa, porque viveu o santo da Terra aqui, Jesus que se encarnou. Mas com todo o respeito a outros lugares do Brasil, o Vale do Paraíba é um lugar muito especial.

Não sei se vocês têm essa noção tão grande assim, porque eu que sou pernambucano, que vim lá de longe e fui morar aí durante muito tempo, aí no Vale do Paraíba, é muito especial, porque primeiro eu vou começar com as coisas mais simples. Olha para a natureza. Como é lindo esse lugar, como a Serra da Mantiqueira, o próprio rio Paraíba, enfim, tudo que vocês têm aí. E lembrando lá do nosso Nordeste, quanto caatinga, agreste, várias situações assim. Esse lugar lindo, tem até a música: bonito pela própria natureza. Então, essa beleza desse lugar.

Depois, vocês têm a graça de ter Nossa Senhora Aparecida. Foi aí nesse lugar, nessa região onde vocês estão. E nem vou me alongar e contando essa história. Não é o caso. Depois, o primeiro santo do Brasil, grande santo, primeiro santo do Brasil, Frei Galvão, que nasceu aqui em Guaratinguetá.

E depois para mim, eu digo até da Canção Nova. Quantas pessoas se encontram com Deus, conversão, PHN, milhares de pessoas passam ali. Então, quero dizer assim: vocês têm tudo para ser feliz. Vocês têm essa liberdade, que muitas vezes em lugares aqui da Oriente Médio a gente não tem. Lembra da história da árvore de Natal?

Então, a mensagem para você é: aproveita a vida. Aproveita o que você tem. Deixa um pouco de reclamar do que não tem, do que não teve, ou do que poderia ter. Porque na verdade, para a gente ser feliz, só tem um jeito: aceitar o que a gente tem agora, hoje. E que você tem hoje?

Não seja como aquele urubu que só olha para aquilo que a carniça, aquilo que não deu certo. Não seja como aquela pessoa que abre assim um papel, o A4, e ali no meio tem um pontinho preto e aí pergunta: "O que você está vendo?" E a pessoa diz: "O pontinho preto". Mas olha aí, toda essa parte branca que tem aqui e você foca num pontinho preto, então para com isso.

Que esse não seja somente mais um Natal na sua vida, mas como a gente vai celebrar aqui em Belém, aqui na Terra Santa, que 2025 seja um Natal muito especial para você. E daqui da Terra Santa, desse lugar santo, é o padre Sóstenes Monte Chaves, da comunidade de Canção Nova, com muita alegria. Quer dizer, com todo o prazer, eu desejo essa benção para você, dizendo assim:

“O Senhor esteja convosco. Ele está no meio de nós. Por intercessão da Sagrada Família de Nazaré, que esse Deus amoroso, que é Jesus, que veio nos salvar, que possa te encontrar em cada uma das suas guerras e te dar a trégua a paz. Que ele possa te encontrar em todas as suas situações difíceis, problemas, de lágrimas, de sofrimento, noites escuras, e seja essa luz, como aquela estrela que brilhou na noite de Natal, iluminou aquele caminho, ilumine também o caminho, a vida, o trabalho, a missão, a família, tudo aquilo que são as suas intenções com esta graça de Deus. Abençoe-os, o Deus todo poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. Feliz Natal”.

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