A Justiça de Mato Grosso condenou um homem por estelionato após ele usar a fé de fiéis para obter vantagens financeiras, prometendo curas impossíveis e milagres instantâneos. De acordo com o Ministério Público, o réu se apresentava como pastor e missionário e explorava emocionalmente as vítimas.
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O crime foi praticado em Dourados, conforme a denúncia. Segundo a investigação, o acusado mantinha vídeos nas redes sociais com supostos milagres, como cicatrizes que desapareciam, pessoas cegas voltando a enxergar e até reconstrução de órgãos. Uma das vítimas, moradora do município, gastou cerca de R$ 4 mil com viagens, hospedagem e outras despesas para o pastor e sua família, acreditando que teria uma cicatriz curada.
Durante cultos realizados em Campo Grande, o réu chegou a expor a marca na perna da vítima diante do público. Ao não ocorrer o prometido “milagre”, ele atribuía a responsabilidade à própria mulher, dizendo que ela era “pecadora” e carecia de fé.
Em sustentação oral, o Ministério Público destacou que o julgamento não tratava de crença ou atividade religiosa, mas da exploração da vulnerabilidade humana. Para o promotor, o pastor utilizava a lógica de que quanto maior a doação, maior seria a graça alcançada, induzindo fiéis a entregar bens valiosos e até economias de crianças.
Na sentença, o juiz rejeitou a tese de que as contribuições seriam doações voluntárias. Ele afirmou que exigir pagamento vinculado a supostas curas caracteriza a fraude necessária para o crime de estelionato. Ressaltou ainda que a liberdade religiosa é garantida, mas não pode ser usada para obter benefícios indevidos por meio de falsas promessas.
O réu foi condenado a um ano de reclusão e ao pagamento de 10 dias-multa, em regime inicial aberto. A pena de prisão foi substituída por prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período.