Os tiros direcionados a um carro de luxo atingiram uma jovem sonhadora e apaixonada pela vida, que gostava de viagens, festas e dos amigos e familiares. As balas interromperam a vida de Ana Júlia Jacinto Resende, de 22 anos, que estava dentro do veículo. Ela foi assassinada na madrugada de domingo (7), em Aparecida.
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O caso é investigado pela Polícia Civil como homicídio consumado e tentativa de homicídio, com autoria ainda desconhecida. Até o momento, ninguém foi preso.
Além do motorista e de Ana Júlia, outras duas mulheres e um homem estava dentro do veículo. As passageiras também teriam ficado feridas, mas sobreviveram e foram atendidas no pronto-socorro de Aparecida.
A Polícia Civil investiga a participação desse segundo homem e quinto ocupante do veículo que saiu do carro após Ana Júlia ser baleada. Ele poderia ter sido o alvo dos atiradores. A identidade dele não foi revelada pelo motorista do veículo, que inicialmente tentou omitir que ele estava no carro, mas acabou confrontado por imagens de câmeras.
Nas redes sociais, centenas de mensagens lamentaram a morte de Ana Júlia, descrita como uma jovem cheia de vida, que tinha sonhos a realizar e que perseguia suas metas. Ela amava viagens, estar com os amigos, sua família e animais.
Vaidosa, ela gostava de publicar fotos com roupas elegantes e em passeios pela praia, outra atividade da qual era apaixonada. Também divulgava a participação em festas em cidades da região.
A jovem do Vale tinha planos para a vida e aproveitava cada momento ao lado de familiares e amigos, em viagens e eventos no Vale. Ela era bastante conhecida e querida em Aparecida e Potim.
Em junho do ano passado, ela postou uma foto em seu aniversário: “Deus, obrigada por mais um ano de vida. Início de um novo ciclo. Obrigada pela vida, e obter o privilégio de escolher ser melhor a cada dia”, escreveu ela.
Ela também publicou um vídeo nas primeiras horas de 2025 saudando a chegada do novo ano, em festa de réveillon em Caraguatatuba.
“Triste demais. Era uma menina maravilhosa. Que Deus e Nossa Senhora conforte todos da família”, disse Jaqueline Ferreira.
“Meu Deus, é muito difícil de acreditar nessa perda tão grande. Ana Júlia vai ser lembrada sempre”, afirmou Fátima Lemes.
Regina Antônio comentou: “Meus sentimentos. Que Deus conforte o coração da família nessa hora. Nossa menina doce e querida”.
Regina Sturari escreveu: “Inadmissível e inaceitável, uma jovem lindíssima, cheia de luz e vida, descanse em paz. Meus sentimentos de pesar aos família e amigos, e que seja feita Justiça”.
O crime.
Segundo o boletim de ocorrência, Ana Júlia estava em uma Land Rover Range Rover Evoque vermelha acompanhada de três pessoas: duas mulheres e um homem que dirigia o veículo. Um segundo homem e quinto ocupante do carro também é investigado.
O grupo passou a madrugada em uma festa na Sociedade Hípica de Guaratinguetá e, após o evento, seguiu para o bairro Ponte Alta, em Aparecida, para comer pastel em uma barraca.
Na volta, já dentro do carro, ao passarem próximo a um viaduto na região do estádio “Penidão”, em Aparecida, os ocupantes relataram ter ouvido vários disparos de arma de fogo.
Ana Júlia, que estava no banco traseiro direito, foi atingida e começou a perder muito sangue. Outra mulher gritou para todos se abaixarem dentro do veículo, enquanto tentava estancar o ferimento da amiga com lenços.
Diante da gravidade, o grupo seguiu primeiro para o Santuário Nacional de Aparecida, em busca de ajuda. O veículo aparece em imagens de câmeras de segurança por volta das 5h14.
Nessas imagens, a polícia identificou a presença de um quinto ocupante do carro, um homem que desce do banco do carona e é abordado por um funcionário do local.
Em seguida, o carro deixa o Santuário e segue para o pronto-socorro de Aparecida, onde Ana Júlia é retirada pelo motorista e levada para atendimento. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade.
Carro abandonado.
Após deixar a vítima no hospital, o motorista saiu sozinho com o veículo e, segundo relatou à polícia, abandonou a Land Rover na rua Camélias, no bairro Clube dos 500, em Guaratinguetá, afirmando estar com medo de possíveis represálias do atirador.
De lá, segundo o boletim de ocorrência, ele entrou em contato com um "amigo vereador de Aparecida", que o levou de volta ao hospital. O acionamento da Polícia Militar, porém, foi feito pelo próprio pronto-socorro, e não pelos ocupantes do carro.
A PM localizou o utilitário de luxo com ao menos quatro perfurações de tiros, na traseira e lateral direita, e acionou a perícia. Um fragmento de projétil foi recolhido no veículo. O carro, registrado em nome de um proprietário de Lorena, foi apreendido.
Depoimentos.
Em depoimento, uma das ocupantes do carro confirmou a presença de um amigo do motorista no banco da frente do veículo, um homem casado que teria sido deixado no Santuário antes de o grupo seguir ao pronto-socorro.
Já a outra passageira negou a existência desse quinto ocupante, afirmando que apenas quatro pessoas estavam no carro. As imagens de segurança, no entanto, mostram claramente um homem descendo do veículo na Basílica e sendo deixado no local, antes do socorro à vítima.
O motorista também omitiu a presença desse homem, mas, após ser confrontado com as imagens, admitiu que havia um amigo com ele. Mesmo assim, se recusou a revelar sua identidade, alegando que o homem é casado e não queria “prejudicá-lo”.
Informações preliminares colhidas por policiais indicam que esse quinto ocupante poderia ser o real alvo dos disparos, hipótese que agora é apurada pela investigação.
Diante das contradições e omissões, a Polícia Civil decidiu apreender os celulares dos ocupantes do carro, com o objetivo de aprofundar a análise de contatos, mensagens e ligações que possam esclarecer a motivação do crime e a identidade do possível alvo. As duas mulheres autorizaram acesso aos dados. O motorista negou consentimento.
Durante as diligências, a Polícia Militar também localizou uma cápsula de munição no possível local dos disparos, próximo ao trajeto informado pelas vítimas. Foi registrado um segundo boletim específico para viabilizar a perícia de local de disparo, vinculado ao caso.
O inquérito será conduzido pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Guaratinguetá, que deverá reunir laudos periciais, imagens de câmeras, quebras de sigilo (se autorizadas pela Justiça) e novos depoimentos para esclarecer quem era o quinto ocupante do veículo, se ele era o verdadeiro alvo dos tiros, de onde partiram os disparos (veículo, moto ou atirador a pé) e a motivação do ataque. Até o momento, ninguém foi preso pelo crime, e a autoria permanece desconhecida.
Câmara de Aparecida.
Em nota, a Câmara Municipal de Aparecida informou que nenhum vereador do município conhece, manteve contato ou trocou mensagens com Isaías Abraão Mendes da Silva, com quaisquer envolvidos ou com qualquer pessoa relacionada à ocorrência.
“Não existe entre os membros da atual legislatura qualquer indivíduo que possa ser identificado como o suposto ‘amigo vereador’ mencionado”, diz a nota.
A Câmara informou ainda que também se colocará à disposição da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) para “prestar esclarecimentos necessários à adequada elucidação dos fatos e evitar que equívocos semelhantes se repitam”.