A Polícia Civil investiga um ataque a tiros que terminou com a morte de Ana Júlia Jacinto Resende, de 22 anos, e deixou outras três pessoas na linha de fogo na madrugada de domingo (7), entre Guaratinguetá e Aparecida. O caso é tratado como homicídio consumado e tentativa de homicídio, com autoria ainda desconhecida.
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Segundo o boletim de ocorrência, Ana Júlia estava em uma Land Rover Range Rover Evoque vermelha, acompanhada de Núbia Cristina de Oliveira Silva, Anna Luiza da Silveira dos Santos e Isaias Abraão Mendes da Silva, que dirigia o veículo. O grupo passou a madrugada em uma festa na Sociedade Hípica de Guaratinguetá e, após o evento, seguiu para o bairro Ponte Alta, em Aparecida, para comer pastel em uma barraca.
Na volta, já dentro do carro, ao passarem próximo a um viaduto na região do estádio “Penidão”, em Aparecida, os ocupantes relataram ter ouvido vários disparos de arma de fogo. Ana Júlia, que estava no banco traseiro direito, foi atingida e começou a perder muito sangue. Anna Luiza contou que gritou para todos se abaixarem dentro do carro, enquanto tentava estancar o ferimento da amiga com lenços.
Diante da gravidade, o grupo seguiu primeiro para o Santuário Nacional de Aparecida, em busca de ajuda, onde o veículo aparece em imagens de câmeras de segurança por volta das 5h14. Nessas imagens, a polícia identificou a presença de um quinto ocupante, um homem que desce do banco do carona e é abordado por um funcionário do local. Em seguida, o carro deixa o Santuário e segue para o Pronto-Socorro de Aparecida, onde Ana Júlia é retirada nos braços por Isaias e levada para atendimento. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade.
Após deixar a vítima no hospital, Isaias saiu sozinho com o veículo e, segundo relatou à polícia, abandonou a Land Rover na rua Camélias, no bairro Clube dos 500, em Guaratinguetá, afirmando estar com medo de possíveis represálias do atirador. De lá, entrou em contato com um amigo vereador de Aparecida, que o levou de volta ao hospital. O acionamento da Polícia Militar, porém, foi feito pelo próprio Pronto-Socorro, e não pelos ocupantes do carro.
A PM localizou o utilitário de luxo com ao menos quatro perfurações de tiros na traseira e lateral direita e acionou a perícia. Um fragmento de projétil foi recolhido no veículo. O carro, registrado em nome de um proprietário de Lorena, foi apreendido.
Versões.
Em depoimento, Anna Luiza confirmou a presença de um amigo de Isaias no banco da frente do veículo, homem casado que teria sido deixado no Santuário antes de o grupo seguir ao pronto-socorro. Já Núbia negou a existência desse quinto ocupante, afirmando que apenas quatro pessoas estavam no carro. As imagens de segurança, no entanto, mostram claramente um homem descendo do veículo na Basílica e sendo deixado no local, antes do socorro à vítima.
Isaias, inicialmente, também omitiu a presença desse homem, mas, após ser confrontado com as imagens, admitiu que havia um amigo com ele. Mesmo assim, se recusou a revelar sua identidade, alegando que o homem é casado e não queria “prejudicá-lo”. Informações preliminares colhidas por policiais indicam que esse quinto ocupante poderia ser o real alvo dos disparos, hipótese que agora é apurada pela investigação.
Celulares.
Diante das contradições e omissões, a Polícia Civil decidiu apreender os celulares de Ana Júlia, Núbia, Anna Luiza e Isaias, com o objetivo de aprofundar a análise de contatos, mensagens e ligações que possam esclarecer a motivação do crime e a identidade do possível alvo. Núbia e Anna Luiza autorizaram acesso aos dados; já Isaias negou consentimento.
Durante as diligências, a Polícia Militar também localizou uma cápsula de munição no possível local dos disparos, próximo ao trajeto informado pelas vítimas. Foi registrado um segundo boletim específico para viabilizar a perícia de local de disparo, vinculado a este caso.
O inquérito será conduzido pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Guaratinguetá, que deverá reunir laudos periciais, imagens de câmeras, quebras de sigilo (se autorizadas pela Justiça) e novos depoimentos para esclarecer:
Quem era o quinto ocupante do veículo;
Se ele era o verdadeiro alvo dos tiros;
De onde partiram os disparos (veículo, moto ou atirador a pé);
A motivação do ataque.
Até o momento, ninguém foi preso pelo crime, e a autoria permanece desconhecida.