LUTO NA REGIÃO

‘Coração em pedaços’: quem era Ana Júlia, morta a tiros no Vale

Por Da redação | Aparecida
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução
Ana Júlia era apaixonada por viagens, se vestir bem e pela família e amigos
Ana Júlia era apaixonada por viagens, se vestir bem e pela família e amigos

“Eternamente nos corações de quem a amava”.

Foi assim que familiares e amigos despediram-se de jovem Ana Júlia Jacinto Resende, de 22 anos, que morreu baleada após um ataque a tiros a um carro, em que ela estava com outras pessoas.

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O crime aconteceu na madrugada de domingo (7), entre Guaratinguetá e Aparecida, e chocou a região. O caso é investigado pela Polícia Civil como homicídio consumado e tentativa de homicídio, com autoria ainda desconhecida.

Ana Júlia é descrita como uma pessoa muito amada pela família e por amigos, com os quais ela se relacionava. Vaidosa, ela gostava de publicar fotos com roupas elegantes e em passeios pela praia, outra atividade da qual era apaixonada, segundo relatos.

A jovem do Vale tinha planos para a vida e aproveitava cada momento ao lado de familiares e amigos, em viagens e eventos na região. Ela era bastante conhecida e querida em Aparecida e Potim.

Em junho do ano passado, ela postou uma foto em seu aniversário e escreveu: “Deus, Obrigada por mais um ano de vida. Início de um novo ciclo. Obrigada pela vida, e obter o privilégio de escolher ser melhor a cada dia”, disse ela.

Nas redes sociais, centenas de pessoas publicaram mensagens lamentando a morte da jovem e consolando os pais.

“Minha norinha pra sempre! Descanse em paz!!!”, disse Vanusa Ramos. “Meu coração está em pedacinhos. Que Deus conforte o coração de todos nós que ficamos e sentiremos a falta dela. Será sempre lembrada. Vai em paz princesa”, afirmou Izadora Fernanda.

O crime.

A Polícia Civil investiga a participação de um quinto ocupante do veículo que saiu do carro após Ana Júlia ter sido baleada e que poderia ter sido o alvo dos atiradores. A identidade dele não foi revelada pelo motorista do veículo.

Segundo o boletim de ocorrência, Ana Júlia estava em uma Land Rover Range Rover Evoque vermelha acompanhada de três pessoas: duas mulheres e um homem que dirigia o veículo.

O grupo passou a madrugada em uma festa na Sociedade Hípica de Guaratinguetá e, após o evento, seguiu para o bairro Ponte Alta, em Aparecida, para comer pastel em uma barraca.

Na volta, já dentro do carro, ao passarem próximo a um viaduto na região do estádio “Penidão”, em Aparecida, os ocupantes relataram ter ouvido vários disparos de arma de fogo. Ana Júlia, que estava no banco traseiro direito, foi atingida e começou a perder muito sangue. Outra mulher no carro contou que gritou para todos se abaixarem dentro do veículo, enquanto tentava estancar o ferimento da amiga com lenços.

Diante da gravidade, o grupo seguiu primeiro para o Santuário Nacional de Aparecida, em busca de ajuda. O veículo aparece em imagens de câmeras de segurança por volta das 5h14.

Nessas imagens, a polícia identificou a presença de um quinto ocupante, um homem que desce do banco do carona e é abordado por um funcionário do local. Em seguida, o carro deixa o Santuário e segue para o pronto-socorro de Aparecida, onde Ana Júlia é retirada pelo motorista e levada para atendimento. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade.

Após deixar a vítima no hospital, o motorista saiu sozinho com o veículo e, segundo relatou à polícia, abandonou a Land Rover na rua Camélias, no bairro Clube dos 500, em Guaratinguetá, afirmando estar com medo de possíveis represálias do atirador.

De lá, entrou em contato com um amigo vereador de Aparecida, que o levou de volta ao hospital. O acionamento da Polícia Militar, porém, foi feito pelo próprio pronto-socorro, e não pelos ocupantes do carro.

A PM localizou o utilitário de luxo com ao menos quatro perfurações de tiros, na traseira e lateral direita, e acionou a perícia. Um fragmento de projétil foi recolhido no veículo. O carro, registrado em nome de um proprietário de Lorena, foi apreendido.

Depoimentos.

Em depoimento, uma das ocupantes do carro confirmou a presença de um amigo do motorista no banco da frente do veículo, um homem casado que teria sido deixado no Santuário antes de o grupo seguir ao pronto-socorro.

Já a outra passageira negou a existência desse quinto ocupante, afirmando que apenas quatro pessoas estavam no carro. As imagens de segurança, no entanto, mostram claramente um homem descendo do veículo na Basílica e sendo deixado no local, antes do socorro à vítima.

O motorista, inicialmente, também omitiu a presença desse homem, mas, após ser confrontado com as imagens, admitiu que havia um amigo com ele. Mesmo assim, se recusou a revelar sua identidade, alegando que o homem é casado e não queria “prejudicá-lo”. Informações preliminares colhidas por policiais indicam que esse quinto ocupante poderia ser o real alvo dos disparos, hipótese que agora é apurada pela investigação.

Diante das contradições e omissões, a Polícia Civil decidiu apreender os celulares dos ocupantes do carro, com o objetivo de aprofundar a análise de contatos, mensagens e ligações que possam esclarecer a motivação do crime e a identidade do possível alvo. As duas mulheres autorizaram acesso aos dados. O motorista negou consentimento.

Durante as diligências, a Polícia Militar também localizou uma cápsula de munição no possível local dos disparos, próximo ao trajeto informado pelas vítimas. Foi registrado um segundo boletim específico para viabilizar a perícia de local de disparo, vinculado a este caso.

O inquérito será conduzido pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Guaratinguetá, que deverá reunir laudos periciais, imagens de câmeras, quebras de sigilo (se autorizadas pela Justiça) e novos depoimentos para esclarecer quem era o quinto ocupante do veículo, se ele era o verdadeiro alvo dos tiros, de onde partiram os disparos (veículo, moto ou atirador a pé) e a motivação do ataque. Até o momento, ninguém foi preso pelo crime, e a autoria permanece desconhecida.

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