OPINIÃO

Proteína: muito além dos músculos


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Quando falamos em proteína, a maioria das pessoas pensa imediatamente em força e músculos. Essa associação não está errada, apenas incompleta. Reduzir a proteína a um nutriente exclusivo da massa muscular é esquecer que ela participa silenciosamente de praticamente todos os sistemas do corpo. E mais do que isso, é ignorar seu papel profundo na nossa saúde mental, no metabolismo, na imunidade e principalmente, na longevidade.

Cada molécula de proteína é formada por aminoácidos, que são verdadeiros blocos de construção da vida. Eles participam da síntese de hormônios e enzimas que regulam desde o metabolismo energético até o nosso estado emocional. Neurotransmissores como serotonina e dopamina dependem diretamente de aminoácidos provenientes da nossa alimentação.

Isso significa que uma dieta pobre em proteínas não afeta apenas a força física, mas compromete a clareza mental, a motivação, o equilíbrio emocional e a capacidade de lidar com o estresse.

Outro aspecto pouco lembrado é que a proteína é essencial para a produção de colágeno, uma das principais proteínas estruturais do corpo. O colágeno garante a integridade da pele, dos tendões, das articulações, dos vasos sanguíneos e das nossas fáscias. Sem proteína suficiente não conseguimos reparar microlesões, manter a firmeza dos tecidos nem sustentar a mobilidade que precisamos para envelhecer com saúde.

As proteínas também desempenham um papel decisivo na modulação do sistema imunológico. Sem uma quantidade adequada de aminoácidos o corpo não consegue produzir anticorpos nem sustentar respostas eficientes contra infecções e processos inflamatórios crônicos. É como tentar defender uma cidade com poucos soldados disponíveis… difícil né!

Quando falamos em metabolismo, a proteína mais uma vez se destaca. Alimentos ricos em proteína aumentam a saciedade, ajudam a regular o apetite, estabilizam a glicemia e reduzem episódios de compulsão alimentar. Dietas equilibradas em proteínas favorecem o emagrecimento exatamente por controlarem melhor a fome e por exigirem mais energia  para serem metabolizadas. É um nutriente que trabalha a favor tanto da saúde metabólica quanto da composição corporal.

Além disso, a proteína participa de processos de reparo tecidual. Depois de pequenas lesões do dia a dia ou de atividades físicas mais intensas, é ela que fornece os materiais necessários para que o corpo reconstrua tecidos, recupere fibras e volte ao equilíbrio. Também é responsável pelo transporte de nutrientes no sangue, pela formação de anticorpos, pela integridade das nossas células e pelo suporte da função cognitiva ao longo da vida. Viu só como ela vai muito além dos músculos?

E com o avanço da idade a ingestão adequada de proteínas se torna ainda mais fundamental. Manter a massa magra protege contra fragilidade, quedas, perda de autonomia e declínio cognitivo. E não se trata de consumir grandes quantidades de uma vez. O ideal é distribuir boas fontes de proteína em todas as refeições para garantir oferta constante de aminoácidos e apoiar os diferentes sistemas do corpo. Lembre-se disso: músculo é ouro, é a nossa maior “poupança” para a saúde.

Em resumo, a proteína não é apenas um combustível para atletas, ela é um pilar da saúde física, metabólica, imune e mental. Garantir uma ingestão adequada em qualidade e quantidade é investir em energia, equilíbrio e vitalidade, importante em todas as fases da vida. Talvez esteja na hora de olharmos para a proteína com o respeito que ela merece, porque ela participa silenciosamente de tudo o que nos mantém vivos, fortes e mentalmente estáveis. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento corretivo, pioneira do método ELDOA no Brasil

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