DENÚNCIAS ARQUIVADAS

'São acusações infundadas', diz Anderson após pedidos de cassação

Por Luyse Camargo | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Cláudio Vieira/PMSJC
O prefeito Anderson Farias (PSD)
O prefeito Anderson Farias (PSD)

Após a rejeição na Câmara de dois pedidos de cassação, o prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), negou qualquer tipo de blindagem no Legislativo e afirmou que as acusações contra ele são "infundadas". A afirmação foi feita nesta segunda-feira (10), em entrevista a OVALE.

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Na última quinta-feira (6), a Câmara rejeitou os dois pedidos de cassação, arquivando as denúncias. Oito vereadores da oposição votaram a favor do recebimento das denúncias, enquanto 12 da base aliada votaram contra. Com a decisão, não haverá abertura de comissão processante.

“Primeiro, o pedido foi um direito de qualquer pessoa, mas posso garantir que não houve nenhuma irregularidade. Não cometi improbidade, e todos os nomeados por mim têm competência e trabalham muito mais do que deveriam”, declarou Anderson.

“Se fosse para blindar, o processo não teria sido colocado em votação. O presidente [vereador Roberto do Eleven (PSD)] agiu de forma clara e transparente, e isso é correto”, acrescentou o prefeito.

Anderson também rebateu acusações de favorecimento a pessoas próximas. “Não nomeio ninguém para privilegiar amigos ou familiares. Alguns usam esses momentos para fragilizar, mas quero garantir ao cidadão joseense que não faria isso. Meu foco é trabalhar, exigir dedicação da equipe e entregar resultados à cidade”, afirmou o prefeito a OVALE.

Sobre a investigação instaurada pelo Ministério Público (leia aqui), Anderson defendeu que a "transparência é fundamental". “Tenho tranquilidade porque todas as informações já foram encaminhadas. Transparência é fundamental, e não há ninguém recebendo salário sem cumprir suas funções. Quem não cumpre, é demitido, como já aconteceu.”

Denúncias.

As duas denúncias foram protocoladas na Câmara na semana retrasada. A primeira delas é assinada pela presidente do PL Mulher de São José, Paula Custódio, que adota o nome político de Preta Conservadora.

Na denúncia, Preta alega que o prefeito cometeu infração político-administrativa e ato de improbidade administrativa ao utilizar a "estrutura administrativa para benefício pessoal" e "de pessoas próximas à família".

Para Preta, Anderson "incorreu em grave violação aos princípios da moralidade, impessoalidade e legalidade administrativa, ao manter vínculo amoroso e profissional com servidora comissionada, Milena Coelho Guimarães". A denúncia também cita que Júlia Lângneck, que é namorada do filho do prefeito, foi nomeada para um cargo na estatal Urbam (Urbanizadora Municipal), que é controlada pela Prefeitura. E que Guilherme Zamboni Benato, que é amigo do filho do prefeito, também foi nomeado para cargo comissionado na Prefeitura - Guilherme é uma das testemunhas do acidente envolvendo o filho do prefeito na Irlanda, o que, segundo Preta, "pode incidir conflito de interesse nas investigações".

Na segunda denúncia, o advogado Hilton Cardoso dos Santos faz referência à nomeação, para cargos comissionados, de Milena Coelho Guimarães, que mantinha relacionamento extraconjugal com o prefeito. Para o denunciante, as nomeações visaram atender interesse estritamente pessoal e foram realizadas em desconformidade com os princípios da moralidade e impessoalidade, em uma conduta que seria incompatível com a dignidade e o decoro do cargo ocupado por Anderson.

Cargos.

Apontada como pivô do divórcio do prefeito com a ex-primeira-dama Sheila Thomaz, a enfermeira Milena Guimarães Coelho ocupou sete diferentes cargos comissionados na Secretaria de Saúde entre setembro de 2017 e outubro desse ano - Milena e Anderson admitiram publicamente o relacionamento amoroso, mas a data de início do namoro nunca foi esclarecida.

No dia 14 de outubro, o Ministério Público instaurou inquérito para apurar a denúncia anônima de que, no horário de expediente da Prefeitura, Milena atenderia em uma clínica de estética particular. Três dias após a abertura da investigação, Milena pediu exoneração e deixou o cargo. No último cargo comissionado, de diretora de vigilância em saúde, ela recebia salário de R$ 12.618,10.

Ao pedir exoneração, Milena afirmou que a decisão foi tomada para "preservar a sua imagem" e também a "instituição". Ela também alegou que a nomeação dela para o último cargo comissionado "atendeu a todos os requisitos legais e critérios técnicos, sendo fruto de mérito profissional e dedicação ao serviço público".

Júlia Lângneck, que namora o filho do prefeito ao menos desde outubro de 2023, quando ele sofreu um acidente na Irlanda, teria ganhado um cargo na Urbam após o retorno do casal ao Brasil, mas o Portal da Transparência da estatal não disponibiliza dados sobre os comissionados da empresa - como cargo ocupado, data de nomeação e salário. A nomeação de Júlia para a Urbam também é investigada pelo MP, que em outubro solicitou que a estatal preste esclarecimentos.

Guilherme Zamboni Benato, que é do Paraná, morava na Irlanda e foi uma das testemunhas do acidente em outubro de 2023 que levou à amputação de uma das pernas do filho do prefeito - no processo, o policial irlandês envolvido no caso responde por direção perigosa e lesão corporal. Em janeiro de 2025, Guilherme foi nomeado para o cargo de assessor especial da Prefeitura de São José. Em junho, migrou para o cargo de assessor da Controladoria Geral do Município, com salário de R$ 7.155,60. A reportagem não conseguiu confirmar se as nomeações de Guilherme também são investigadas pelo MP.

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