Novembro Azul é um movimento global dedicado ao combate ao câncer de próstata. No Brasil, a campanha tem se consolidado como um alerta aos cuidados de saúde integral do homem. O foco no câncer se justifica com a alta incidência de casos.
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Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa é de que sejam registrados 71.730 novos casos para cada ano do triênio 2023-2025, o que significa que a doença deve atingir 1 em cada 6 homens ao longo de suas vidas.
A doença
O médico urologista Felipe Vasconcelos alerta: “O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum em homens e o segundo em termos de mortalidade.”
Trata-se de um tumor que se desenvolve na próstata, uma glândula localizada na parte baixa do abdômen. Geralmente não apresenta sintomas na fase inicial. Quando os sintomas aparecem, como dificuldade para urinar, jato fraco ou necessidade frequente de ir ao banheiro, o caso já pode estar em um estágio mais avançado. O tratamento pode variar desde o medicamentoso até cirurgia ou radioterapia. Em casos graves, o câncer pode crescer rapidamente e se espalhar para outras partes do corpo, como os ossos. Por isso, a detecção precoce é fundamental.
Apesar da alta taxa de cura com o diagnóstico precoce, a doença enfrenta grandes barreiras de rastreamento no país. “Esse diagnóstico pode ser iniciado com o rastreamento, ou seja, separando homens que tenham maior probabilidade de ter a doença. Isso pode ser feito com os exames de toque retal e PSA (sangue)”, afirma o médico. “Quando se tem um dos exames alterados, existem exames adicionais que podem ser solicitados, como ressonância multiparamétrica da próstata e até mesmo a biópsia,” complementa.
O diagnóstico
A urgência da campanha é confirmada por dados de mortalidade e pela resistência masculina ao rastreamento, ligada a barreiras culturais e de informação. O Ministério da Saúde registrou 17.093 mortes por câncer de próstata em 2023. Uma pesquisa da Nexus/A.C.Camargo Cancer Center (2024) mostrou que 33% dos homens acima de 45 anos nunca fizeram e nem pretendem fazer o exame de toque retal por preconceito.
A desinformação agrava o quadro: 44% dos entrevistados desconhecem as formas de prevenção e 30% acreditam, erroneamente, que a doença sempre apresenta sintomas. A doença, no entanto, tem evolução silenciosa na fase inicial. Essa característica exige uma atenção redobrada à prevenção e ao diagnóstico precoce, que pode levar a estimativa de cura a 98%, segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), dependendo do estágio e do momento do tratamento. O toque retal e o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) são essenciais para a detecção precoce de nódulos e aumentos.
Outro mito combatido é a associação direta do câncer com disfunção erétil. Essa consequência é mais provável em casos de tumor detectado em estágio avançado, quando os tratamentos são mais agressivos, mas a função sexual pode ser preservada com a detecção precoce.
O Dr. Felipe ressalta: “Vencer o preconceito e o medo é fundamental para mudar o cenário atual. Ainda há muita resistência em relação ao toque retal, mas é preciso compreender que ele é rápido, indolor e pode salvar vidas.”
Saúde Integral
A saúde masculina não se relaciona somente à próstata. A baixa frequência masculina em consultas médicas leva à complicações por doenças evitáveis, como as cardiovasculares.
Dados de mortalidade do Ministério da Saúde indicam que as doenças do aparelho circulatório e as neoplasias são as duas principais causas de morte na população masculina.
O Dr. Felipe reforça que, quando um homem decide procurar um médico, durante a avaliação são criados espaços para a avaliação de outras necessidades de saúde, como disfunção sexual, déficits hormonais, saúde cardiovascular, entre outros.
Por essa razão, deve-se considerar a campanha Novembro Azul como um alerta para o autocuidado masculino e uma ferramenta para ajudar homens a superarem o preconceito e a resistência. A atenção ao câncer de próstata é importante, bem como a adoção de um estilo de vida saudável e check-ups médicos regulares para prevenção de outras doenças.