Em "guerra", o PCC (Primeiro Comando da Capital) está monitorando os passos dos rivais do CV (Comando Vermelho) no Vale do Paraíba, região que lidera os índices de homicídios em São Paulo e possui importância estratégica para o crime organizado.
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A disputa entre as duas maiores facções criminosas do país é marcada por mortes, ameaças e batalhas pelo controle das biqueiras e rotas da venda de entorpecentes na região, a mais violenta do estado de São Paulo.
As áreas de maior tensão são o Vale Histórico — que reúne Lorena, Cruzeiro e Guaratinguetá — e o Litoral Norte, com Ubatuba e Caraguatatuba entre as cidades mais afetadas. O Vale concentra 7 das 10 cidades com as maiores taxas de homicídio no estado (leia aqui).
A guerra envolve não só a disputa por pontos de venda de drogas, mas também pelo controle de rotas estratégicas entre São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos maiores mercados consumidores do país.
Nesta terça-feira, uma megaoperação policial contra o CV no Rio terminou com mais de 60 suspeitos mortos, além de 4 policiais, 81 presos e clima de guerra (leia aqui).
O comandante do CPI-1 (Comando de Policiamento do Interior), coronel Luiz Fernando Alves, disse que a Polícia Militar do Vale troca informações constantemente com as de Minas e do Rio com foco nesse combate integrado aos criminosos (leia aqui).
Guerra.
Como revelou OVALE, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) atribui a explosão da violência na RMVale à guerra entre as facções — com criminosos do Rio tentando avançar sobre o território paulista.
O confronto, que hoje domina o mapa da violência do estado, teve início há quase uma década, mas ganhou força a partir de 2017, quando o PCC começou a mapear e monitorar integrantes do CV infiltrados em cidades do Vale Histórico e do Litoral Norte. À época, membros do CV chegaram a ser sequestrados e agredidos, segundo fontes da inteligência policial.
“O Vale sofre mais porque enfrenta a tentativa de invasão de facções do Rio. Essa disputa é o principal fator por trás dos homicídios na região”, afirmou o governador a OVALE.
Ainda segundo ele, nas regiões onde o PCC mantém hegemonia, os homicídios caem drasticamente por ausência de disputa. Por isso, o governo colocou o Vale entre as três prioridades do combate ao crime organizado, ao lado da capital e da Baixada Santista.
Disputa pelo controle e pelas rotas
O Vale do Paraíba é um território estratégico na guerra entre as duas maiores organizações criminosas do país.
A RMVale é o principal corredor de ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores mercados consumidores de drogas do Brasil. É por essas rotas que o crime organizado escoaria até 90% das drogas e armas que abastecem as favelas do Rio.
De acordo com levantamento exclusivo de OVALE, baseado em dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), sete das dez cidades mais violentas de São Paulo estão na RMVale — entre elas Lorena, Cruzeiro, Ubatuba, Pindamonhangaba, Caraguatatuba, Caçapava e Guaratinguetá.
Lorena lidera o ranking estadual, com 36,53 homicídios por 100 mil habitantes.
‘Mutirão’ de batismos e guerra aberta
Fontes da polícia relataram a OVALE que o PCC chegou a organizar um “mutirão” de batismos no Vale para reforçar seu exército local diante da ameaça de invasão do CV e de facções aliadas do Rio, como o Terceiro Comando (TC) e os Amigos dos Amigos (ADA).
“Na época, eles [PCC] sequestraram alguns integrantes do CV aqui. Achamos que iriam matar, mas não — apenas bateram. Foi um aviso: já estão todos mapeados”, disse um policial que atuava no combate à facção na região.
O monitoramento da inteligência policial mostrou a expansão do CV a partir de 2017, especialmente em Ubatuba, com criminosos vindos de Paraty (RJ), e no Vale Histórico, com conexões diretas a Volta Redonda e ao Rio de Janeiro.