A defesa de Heitor Rabelo Stetner, motorista do BMW envolvido no acidente que matou o jovem Matheus Helfstein, de 20 anos, em São José dos Campos, afirmou que a prisão do investigado foi ilegal e que não há motivos que justifiquem a decisão judicial, que determinou a detenção temporária nesta quarta-feira (22).
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“A defesa entende que a prisão foi manifestamente ilegal, porque não estão presentes os requisitos para a prisão temporária. No dia dos fatos, o investigado permaneceu no local, colaborou com as autoridades, foi espontaneamente à delegacia e se submeteu a exames clínicos, que comprovaram que ele não estava embriagado”, afirmou o advogado Cristiano Joukhadar, que representa Stetner, em entrevista à reportagem.
O defensor destacou ainda que o caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo — quando não há intenção de matar — e que a investigação “acabou deturpando os fatos”. “Isso vai ficar demonstrado no decorrer do processo”, completou.
Prisão e investigação
O motorista foi preso nesta quarta-feira (22) após decisão da Justiça de São José dos Campos, que decretou a prisão temporária de cinco dias, podendo ser convertida em prisão preventiva.
De acordo com o inquérito da Polícia Civil, há indícios de que Stetner dirigia em alta velocidade e havia consumido bebidas alcoólicas horas antes do acidente, o que poderia caracterizar dolo eventual — quando o motorista assume o risco de causar uma morte.
Ele foi levado para o 1º DP (Distrito Policial) de São José, onde deve permanecer à disposição da Justiça.
O acidente
Matheus Helfstein morreu após o carro de aplicativo em que ele estava ser atingido pelo BMW conduzido por Stetner, no fim de setembro, em um trecho da Via Dutra, em São José dos Campos.
A batida foi tão violenta que o veículo de aplicativo saiu da pista, atravessou uma área de mato e parou em um barranco. Matheus foi arremessado para fora do carro e morreu no local.
Segundo a mãe, Isabela Helfstein, Matheus era um jovem responsável e prudente no trânsito. “Ele nunca me deu trabalho, era super-responsável. Estava voltando de uma confraternização e preferiu vir de carro por aplicativo, como fazia sempre”, contou.
Ela também afirmou que recebeu mensagens de testemunhas que teriam visto o BMW em alta velocidade momentos antes do impacto.
“Muitas pessoas me procuraram dizendo que viram a BMW correndo. Quero entender por que não foi feito o teste do bafômetro e se ele estava consciente dirigindo. Quem viu pode prestar depoimento protegido”, disse.
Exames e laudos
Após o acidente, o motorista do BMW foi submetido a exame de embriaguez, que deu resultado negativo para o consumo de álcool. Mesmo assim, a Polícia Civil continua investigando o caso, e novos laudos devem ser anexados ao inquérito nos próximos dias.
A família de Matheus afirma que há provas de excesso de velocidade e pede que o caso seja reclassificado para homicídio doloso, por entender que o condutor assumiu o risco de matar.
“Todas essas provas fizeram parte da perícia, da investigação de campo e da coleta de depoimentos de testemunhas oculares”, afirmou o advogado da família, Marcelo Galvão.
Próximos passos
Com a prisão decretada, o motorista deve ser ouvido novamente nos próximos dias. A defesa já anunciou que vai recorrer da decisão e pedir a revogação imediata da prisão.
A Polícia Civil, por sua vez, deve concluir o inquérito nas próximas semanas, encaminhando o resultado ao Ministério Público, que decidirá se oferece ou não denúncia formal à Justiça.