OPINIÃO

Impactos da Tarifa Norte-Americana e Desafio da Competitividade

Por Tatiane Guerra | Especialista em Supply Chain e Comércio Exterior
| Tempo de leitura: 2 min
Impactos da Tarifa Norte-Americana e Desafio da Competitividade
Impactos da Tarifa Norte-Americana e Desafio da Competitividade

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de aumentar tarifas sobre produtos importados reacende um debate necessário sobre a posição do Brasil no comércio internacional. As tarifas afetam diretamente setores como aço, alumínio e produtos tecnológicos, áreas em que o país tem participação relevante. O risco de perda de competitividade é real e exige atenção tanto de empresas quanto de formuladores de políticas públicas.

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Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Em 2024, as vendas para o mercado norte-americano se aproximaram de US$ 40,3 bilhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC). Entre os principais produtos exportados estão aeronaves, máquinas, equipamentos e produtos metalúrgicos. Essas categorias não são apenas estatísticas: representam empregos, inovação e cadeias produtivas que se espalham pelo território nacional.

Na prática, tarifas mais altas significam maior custo para o exportador e, muitas vezes, perda de espaço frente a concorrentes de outros países que não enfrentam as mesmas barreiras. Em regiões industriais como São José dos Campos, onde o setor aeronáutico e metalúrgico é expressivo, os efeitos podem ir de ajustes no preço final a renegociações de contratos internacionais. O impacto se espalha pela cadeia de fornecedores e chega a pequenas e médias empresas que dependem desses grandes players para manter sua produção.

O ponto central é que o efeito das tarifas não se restringe à dimensão econômica. Há um componente estratégico que precisa ser considerado. Empresas que concentram suas vendas em poucos mercados ficam mais vulneráveis a oscilações políticas e comerciais. Diversificar destinos de exportação não é apenas uma medida defensiva; é um movimento de sobrevivência no longo prazo. A busca por acordos bilaterais, regionais e por maior inserção em blocos comerciais deve ser acompanhada de investimentos em inovação e eficiência logística.

Outro desafio é a preparação para atender a exigências técnicas e de qualidade de mercados cada vez mais competitivos. Certificações internacionais, práticas ambientais responsáveis e melhoria contínua de processos não são mais diferenciais, mas pré-requisitos. No Vale do Paraíba, onde há forte presença de empresas de alta tecnologia, essa realidade já faz parte do cotidiano, mas precisa ser expandida para outros setores.

O Brasil, como um todo, tem condições de responder a esse cenário, mas não há espaço para complacência. A integração entre empresas, governos e instituições de ensino é importante para alinhar formação de profissionais, políticas industriais e infraestrutura. Estratégias isoladas dificilmente darão conta da velocidade com que o comércio global se reorganiza.

Os próximos meses serão decisivos para avaliar a extensão dos efeitos das tarifas e a capacidade de adaptação das empresas brasileiras. O debate precisa ir além da crítica às medidas protecionistas e avançar para soluções concretas. O momento é de ação coordenada para garantir que o país e suas regiões industriais mantenham relevância no cenário internacional.

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