A convocação feita por Pedro Tourinho (PT), presidente do diretório municipal em Campinas, para um novo ato contra a PEC da Blindagem e a tentativa de anistiar os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro insere a cidade no centro de um debate de dimensões nacionais. O protesto será neste sábado (27), a partir das 13h, na Praça Carlos Gomes, e vem na esteira das manifestações do último domingo, quando a esquerda mostrou, enfim, capacidade de mobilização em várias capitais.
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O clima é de comemoração porque, após a pressão popular, o Senado decidiu arquivar a PEC da Blindagem por unanimidade, um recuo que expôs fragilidades da articulação política de Jair Bolsonaro e seus aliados. A expectativa agora se volta para a “Lei da Anistia”, mas tudo leva a crer em um desfecho provável que deve apenas ajustar prazos de penas, mas não absolver condenados (e retomar os direitos políticos de Bolsonaro).
O bolsonarismo acreditou que poderia trocar apoio à PEC da Blindagem pelo avanço da Anistia, costurando com o Centrão um arranjo que blindaria parlamentares e, ao mesmo tempo, diminuiria o peso das condenações do 8 de janeiro. O problema é que o cálculo político foi desastroso: o Centrão, rapidamente, abandonou a PEC, como se não tivesse relação com o assunto, e, a “Anistia” minguou na sequência, restando uma versão esvaziada. Resultado: a direita bolsonarista ficou com o ônus do desgaste sem colher nenhum benefício concreto.
Enquanto isso, o governo Lula surfou em outra narrativa. O tarifaço de 50% imposto por Donald Trump contra o Brasil, que contou com esforços da família Bolsonaro para ser adotado, foi administrado como um ataque à soberania nacional, e a resposta do Planalto conseguiu colar junto à opinião pública, com reflexos imediatos — ainda que modestos — na popularidade presidencial. Foi um contraste gritante: de um lado, uma narrativa bem trabalhada; de outro, uma oposição que se lançou em um labirinto político sem saída.
Esses episódios marcam um erro estratégico de grandes proporções. Primeiro, porque reforça a imagem de que o bolsonarismo não consegue construir agendas positivas, limitando-se a ações defensivas, corporativistas e de cunho pessoal. Segundo, porque expõe a família Bolsonaro, que esperava colher dividendos com uma anistia ampla e acabou associada, mais uma vez, ao fracasso. Por fim, porque entrega à esquerda a bandeira da mobilização popular, algo que o bolsonarismo dominou em anos recentes.
No fim das contas, a direita “meteu o pé pelas mãos”. A PEC da Blindagem virou sinônimo de retrocesso e foi derrotada de forma vexatória, enquanto a anistia caminha para um desfecho tímido e restrito. Um movimento político que, ao invés de fortalecer, apenas desgastou ainda mais quem já se encontra fragilizado pela condenação de Jair Bolsonaro.
A velha frota

Divulgação/CMC
A vereadora Paolla Miguel (PT) protocolou na Câmara de Campinas um Projeto de Lei que obriga concessionárias e permissionárias do transporte coletivo a divulgar informações sobre a idade da frota e os registros de manutenção dos veículos diretamente no interior dos ônibus e micro-ônibus.
Segundo a proposta, os dados deverão ser expostos em local visível, próximo à porta de entrada, em forma de adesivos ou quadros. As informações mínimas incluem data de fabricação e de aquisição do veículo, além de datas das principais manutenções preventivas e corretivas, especialmente as que envolvem freios, pneus, direção e sistema elétrico. O texto prevê que as atualizações sejam feitas sempre que houver nova manutenção e apresentadas em linguagem clara e acessível ao público.
“A divulgação da idade e do histórico de manutenções pode aumentar a confiança da população, estimular o cumprimento rigoroso das obrigações contratuais e reduzir riscos de acidentes”, afirmou Paolla.
Na justificativa, a vereadora citou incidentes recentes de panes e diversos incêndios em ônibus da cidade, que reforçam a necessidade de maior transparência sobre as condições de conservação da frota.
Caso seja aprovada, a lei sujeitará as empresas ao cumprimento das penalidades previstas em contrato e nas demais normas municipais de transporte público. A regulamentação ficará sob responsabilidade do Poder Executivo.
O projeto precisa passar por duas votações em plenário antes de seguir para sanção ou veto do prefeito.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.