NA CÂMARA

Vereadores aprovam aumento de até 226% na taxa de lixo em S. José

Por Julio Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/PMSJC
Imóveis residenciais, que hoje pagam de R$ 72,08 a R$ 125,44, passarão a pagar de R$ 76 a R$ 410, a depender da metragem e da frequência de coletas
Imóveis residenciais, que hoje pagam de R$ 72,08 a R$ 125,44, passarão a pagar de R$ 76 a R$ 410, a depender da metragem e da frequência de coletas

A Câmara de São José dos Campos aprovou nessa quinta-feira (18) o projeto do prefeito Anderson Farias (PSD) que resultará em aumento de até 226% na taxa de lixo no município. O texto depende agora de sanção do prefeito para virar lei.

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Dos 21 vereadores, 14 votaram a favor do projeto: Claudio Apolinário (PSD), Fabião Zagueiro (PSD), Gilson Campos (PRD), Lino Bispo (PL), Marcão da Academia (PSD), Marcelo Garcia (PRD), Milton Vieira Filho (Republicanos), Rafael Pascucci (PSD), Renato Santiago (União), Roberto Chagas (PL), Roberto do Eleven (PSD), Rogério do Acasem (PP), Sidney Campos (PSDB) e Zé Luis (PSD). Todos são da base governista.

Já os sete vereadores da oposição votaram contra: Amélia Naomi (PT), Anderson Senna (PL), Carlos Abranches (Cidadania), Fernando Petiti (PSDB), Juliana Fraga (PT), Sérgio Camargo (PL) e Thomaz Henrique (PL).

Debate.

Antes da votação, vereadores da oposição criticaram o projeto. "O joseense votou [na eleição de 2024] com uma promessa de administração austera, responsável, que não aumentaria impostos", disse Thomaz Henrique. "É um aumento de imposto para reequilibrar a máquina pública, que gastou demais", acrescentou o vereador do PL.

"O projeto não apresenta nenhum estudo sobre quanto custará, efetivamente, o serviço de coleta", afirmou Anderson Senna. "Não tivemos audiências públicas, isso deixa a população em dúvida", completou o parlamentar do PL.

"É um aumento muito grande", disse Sérgio Camargo. "É uma forma injusta, que vai onerar muito mais o pagador de impostos", concluiu o vereador do PL. "Esse projeto não tem estudo de impacto sobre quanto será a arrecadação", afirmou Amélia Naomi.

Já os vereadores da base governista defenderam o projeto. "Quanto menor o seu imóvel, menor poder aquisitivo tem. Quanto maior o imóvel, mais poder [aquisitivo] tem. Estamos falando de justiça social", afirmou Lino Bispo. "75% da população não verá esse aumento mencionado", disse Claudio Apolinário.

Taxa.

A taxa de lixo foi instituída em São José em 1994. A principal mudança proposta no projeto é a criação de faixas de cobrança, considerando tanto a metragem do imóvel quanto a frequência da coleta.

Atualmente, por exemplo, no caso de imóveis residenciais com coleta comum em dias alternados e sem coleta seletiva, a taxa anual é de R$ 72,08. Pelo projeto, seria de R$ 76, R$ 114 ou R$ 152, a depender da metragem.

Já para os imóveis residenciais que têm coleta comum em mais dias e coleta seletiva, atualmente o valor anual cobrado é de R$ 125,44. Pelo projeto, o valor iria variar entre R$ 132 e R$ 410, a depender da metragem e da frequência de coletas.

Para comércios, a taxa anual varia atualmente de R$ 445,78 a R$ 490,47. Pelo projeto, passaria a ser de R$ 470 a R$ 900. Para indústrias, sairia dos atuais R$ 2.543,22/R$ 5.177,26 para R$ 2.555/R$ 3.356. E seria criada uma faixa específica para salas comerciais, que iria variar de R$ 202 a R$ 497.

Para conferir os valores praticados atualmente clique aqui. Já os valores propostos no projeto podem ser conferidos aqui.

Projeto.

No projeto, Anderson afirmou que um estudo realizado pela Prefeitura apontou que "São José dos Campos possui uma das menores taxas de coleta de lixo entre os municípios do estado", e que "para manter a equidade em relação a excelência do serviço e o valor da taxa, torna-se necessária a aprovação da propositura, de forma a fortalecer a política pública de coleta, tratamento e destinação dos resíduos, a fim de beneficiar toda a população e promover maior equilíbrio fiscal e social".

Segundo o estudo citado pelo prefeito, em termos per capita, a arrecadação de São José com a taxa no ano passado foi de R$ 41. Em outras cidades analisadas, varia de R$ 73,25 (Diadema) a R$ 263,10 (Santo André). "Analisando a evolução da arrecadação entre 2022 e 2024, também se nota estagnação dos valores arrecadados pelo município. A arrecadação per capita de São José dos Campos cresceu, em média, 2,2% ao ano, enquanto que o crescimento médio dos demais municípios foi de 10%", diz o estudo feito pela Prefeitura.

Sobre a adoção da metragem dos imóveis para calcular a taxa, o prefeito argumentou que "utilizar a área construída como critério de rateio do valor da coleta de lixo promove justiça social: casas menores ou de baixa renda pagarão menos, enquanto imóveis maiores serão responsáveis por uma parcela proporcional à sua dimensão e ao volume potencial de resíduo gerado. Isso adequa o princípio tributário à realidade local, evitando sobrecarga fiscal a quem gera menos resíduos", afirmou Anderson no projeto.

"Outra importante alteração, está em associar o cálculo da taxa à frequência de coleta. Em algumas localidades o lixo é retirado apenas em dias alternados e em outras a coleta é diária, além de contar com a coleta seletiva", completou o prefeito.

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