PROTESTO EM SÃO JOSÉ

Ocupa Flim: ato vai ter apoio a Milly e protesto contra 'veto'

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Parque Vicentina Aranha, em São José
Parque Vicentina Aranha, em São José

Manifestantes do movimento 'Ocupa Flim' vão realizar um ato em protesto ao veto do prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), para a participação da jornalista e escritora Milly Lacombe na Flim (Festa Literomusical) de São José dos Campos.

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O evento acabou suspenso após uma onda de desistências de convidados em solidariedade a Milly Lacombe. Ao menos 16 dos 20 convidados cancelaram a participação na Flim, afetando todas as sete mesas previstas para o evento, que seria realizado de 19 a 21 de setembro, no Parque Vicentina Aranha – ainda não há uma nova data para a feira.

Os ativistas planejavam protestar na abertura da Flim, na sexta, às 19h. Mesmo com o evento cancelado, a manifestação foi mantida e agora terá palco aberto, com a participação de artistas – adesões estão sendo feitas por meio de um canal no WhatsApp.

“Basta de censura” é o nome do protesto, realizado pelo movimento 'Ocupa Flim', nascido após o veto de Anderson à jornalista. O ato será na sexta, às 18h, no Vicentina Aranha, na região central de São José.

Anderson justificou a decisão de cortar Milly por declarações que ela deu durante o podcast “Louva a Deusa”, no fim de julho deste ano. No episódio, ela faz críticas ao conceito de família tradicional: “Essa família tradicional, branca, conservadora, brasileira é um horror. É a base do fascismo, falemos a verdade, né?”.

Sociedade.

De acordo a organização, o movimento surgiu da sociedade civil e já conta com o apoio de inúmeras entidades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que já se manifestou sobre o assunto (leia nota abaixo). Além disso, o movimento sindical de São José, os partidos PSOL e PT e o Fórum de Cultura de São José também se somaram à causa.

“São José tá no rolê errado. Mas quem manda na cultura é o povo, e o recado é simples: Censura nunca mais!”, disse um dos organizadores.

O movimento divulgou uma nota intitulada: “Censura na capital do cala a boca”, que diz: “São José conseguiu um título que ninguém pediu, mas que combina perfeitamente: capital nacional da censura”.

“Quanto mais tentam calar, mais barulho a gente faz. A censura contra Milly Lacombe virou símbolo do que São José tá vivendo: retrocesso, perseguição e autoritarismo de quinta categoria. Só que não vamos deixar barato”, diz o movimento.

OAB.

Em nota, a Comissão de Direitos Humanos da OAB de São José dos Campos manifestou “preocupação e repúdio” à exclusão da jornalista Milly Lacombe da programação da Flim, em razão de declarações por ela proferidas em “espaço público de debate”.

“É grave que decisões dessa natureza partam de pressões políticas ou ideológicas que restringem o acesso ao diálogo plural, comprometendo o caráter democrático de um evento cultural que deveria justamente fomentar a diversidade de vozes”.

Segundo a Comissão, a liberdade de expressão é “cláusula pétrea da Constituição da República e não pode ser relativizada por conveniências políticas ou por maiorias momentâneas”.

“O pluralismo de ideias – inclusive àquelas que confrontam visões hegemônicas – é condição indispensável para a preservação da democracia e para a construção de uma sociedade verdadeiramente livre, justa e solidária”, afirma a nota.

No final do comunicado, a Comissão disse que reafirma seu “compromisso histórico com a defesa da liberdade de expressão, da diversidade de pensamento e da promoção de espaços públicos de debate sem censura, intimidação ou silenciamento”.

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