DOCUMENTO OVALE CAST

‘Inventei o pênalti’: ex-juiz Edilson Pereira admite manipulação

Por Guilhermo Codazzi e Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Edílson Pereira de Carvalho participa do Documento OVALE Cast
Edílson Pereira de Carvalho participa do Documento OVALE Cast

O ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, 63 anos, admitiu ter “inventado” um pênalti inexistente em jogo do Campeonato Brasileiro de 2005. Na época, o escândalo de manipulação de resultados no futebol brasileiro ficou conhecido como ‘Máfia do Apito’.

Nacionalmente reconhecido, Edílson foi banido do futebol pelo escândalo que ocorreu há 20 anos. Onze partidas apitadas por ele naquele ano foram anuladas pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp

“O único jogo que eu fiz foi Vasco da Gama e Figueirense, que foi uma jogada interpretativa. Foi falta, um jogador, não me lembro qual do Vasco, e o Romário foi lá e fez [converteu] o pênalti. No meu estilo de arbitragem, eu não daria essa falta, não seria pênalti, mas como é interpretativo, eu interpretei”, disse Edílson em entrevista ao Documento OVALE Cast, podcast especial de OVALE.

Na avaliação dele, seu banimento do futebol foi uma decisão correta. “. A decisão foi acertada. Ele tinha que me banir. Foram duas decisões. Ele me baniu do futebol, tinha que banir”, disse o ex-árbitro.

O Documento OVALE Cast, podcast que investiga e aprofunda temas de grande relevância, conta com a participação do editor-chefe de OVALE, Guilhermo Codazzi, e do repórter especial Xandu Alves.

Confira o trecho da entrevista com o ex-árbitro.

No Campeonato Brasileiro de 2005, o STJD [Superior Tribunal de Justiça Desportiva] decidiu anular 11 partidas do campeonato que você tinha apitado. Quero dar oportunidade para que você fale sobre essas partidas, se você interferiu no resultado ou não, e se você acredita que essa decisão do Luiz Zveiter [presidente do STJD] foi acertada ou não?

Eu vou começar pelo fim. A decisão foi acertada. Ele tinha que me banir. Foram duas decisões. Ele me baniu do futebol, e tinha que banir. Tanto valia há 20 anos, como para hoje. Tem que banir. E depois a gente pode até falar nos jogadores envolvidos, da seleção brasileira, Bruno Henrique e Lucas Paquetá, também têm que ser banidos do futebol. Por que não é banido? Tem que ser banido, sim. Porque estão fazendo coisas. Ah, não estão, mas estão tomando cartão. Então, fica a dúvida.

Eu tinha que ser banido, sim. Fez ou não fez? Mas andei com quem [fez], conversei com quem me cooptou. E eu topei. Como o Luiz Zveiter me disse na Polícia Federal, os quatro dias que eu fiquei detido: “Mas o senhor estava para fazer”. Eu estava para fazer, mas não fiz. O senhor tem os 11 jogos, tem as fitas. “Mas o senhor poderia ter feito”.

O único jogo mesmo que eu fiz, e fiz mesmo, foi Vasco da Gama e Figueirense, que foi uma jogada interpretativa. Foi falta, um jogador, não me lembro qual do Vasco, e o Romário foi lá e fez [converteu] o pênalti. No meu estilo de arbitragem, eu não daria essa falta, não seria pênalti, mas como é interpretativo, eu interpretei. Poxa, não vou inventar também. Está passando um jogador perto do outro e dá pênalti, não. Você tem que ter um motivo para fazer um resultado, para marcar uma falta, né? Você tem que ter um motivo.

E eu inventei essa falta, não foi falta. O zagueiro tomou a bola e saiu, eu inventei e foi pênalti. E naquele tempo os jogadores não reclamavam, tanto quanto os de hoje. E eu era muito respeitado. Mas muito.

Comentários

Comentários