São José dos Campos está na rota da investigação sobre o esquema bilionário de corrupção em créditos de ICMS que envolveu o empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma.
Dois auditores fiscais presos na operação têm ligação íntima com São José: Marcelo de Almeida Gouveia, detido em um apartamento na zona sul da cidade, e Artur Gomes da Silva Neto, apontado como “cérebro” do esquema, que é formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo o Ministério Público, Artur teria recebido cerca de R$ 1 bilhão em propinas de empresários, incluindo Sidney Oliveira e outros nomes de peso do setor varejista.
Marcelo, descrito como braço direito do auditor, escondia parte de sua fortuna em paraíso fiscal no Reino Unido e em criptomoedas autocustodiadas, de difícil rastreamento.
Prisão em São José dos Campos
Marcelo foi preso no último dia 12, durante cumprimento de mandado de busca em São José. No apartamento ligado a ele, a polícia apreendeu R$ 330 mil em espécie, US$ 10 mil, 600 euros, além de três celulares, 10 pen drives, seis notebooks e um computador.
Inicialmente alvo de busca e apreensão, ele acabou preso em flagrante após a localização do dinheiro em espécie. Documentos da investigação revelam ainda que o auditor mantinha recursos na instituição Dominion Capital Strategies, com sede em Guernsey, considerado um dos principais paraísos fiscais do mundo.
O Ministério Público também aponta que ele utilizava carteiras de criptomoedas autocustodiadas. “Esse tipo de carteira é comumente usado para lavagem de dinheiro, pois não pode ser bloqueado judicialmente sem a senha do usuário”, destacou o MP.
Rastro de milhões em criptomoedas
As apurações mostram que Artur movimentava valores milionários por meio da empresa Smart Tax Consultoria, que teria adquirido 287 bitcoins e 1.774 ethers. À época, os ativos eram avaliados em R$ 40 milhões, mas hoje superam R$ 200 milhões.
O Ministério Público também investiga o patrimônio da mãe de Artur, Kimio Mizukami da Silva, que saltou de R$ 411 mil para R$ 2 bilhões em poucos anos, supostamente a partir de lucros oriundos do esquema fraudulento.
Empresários na mira
Além dos auditores, a operação prendeu Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, além de outros servidores públicos. Segundo os promotores, o grupo fraudava pedidos de créditos de ICMS, liberando valores acima do devido em troca de propinas milionárias.
O esquema teria movimentado R$ 1 bilhão desde 2021, de acordo com os promotores João Ricúpero e Roberto Bodini. Outras grandes redes do varejo também estariam envolvidas, mas os nomes permanecem em sigilo para não prejudicar as investigações.
Comentários
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ROBERTO MARQUES FERNANDES 25/08/2025Só quem trabalha honestamente é que se lasca. Rui Barbosa tinha razão. De tanta falcatrua, hoje o homem sente vergonha de ser honesto.