AMOR ETERNO

Alma e coração: amor entre cão e tutora completa 110 anos em SJC

Por Luyse Camargo | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Túmulo de Oscarina, no Cemitério Padre Rodolfo Komorek
Túmulo de Oscarina, no Cemitério Padre Rodolfo Komorek

Essa é uma história de amor incondicional que transcende a racionalidade humana.

Ela narra a vida compartilhada entre uma mulher e sua cadela vira-lata caramelo, encontrada na rua. O amor entre as duas marcou São José dos Campos e tornou-se transcendental, unindo alma e coração e completando 110 anos no último dia 13 de agosto.

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Trata-se da história de Oscarina Guimarães e Vitória, uma cadela que morava nas ruas e foi adotada pela jovem, que tinha 18 anos na época, no início do século 20. As duas tornaram-se inseparáveis. Elas viviam na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo.

Com a saúde frágil, Oscarina foi trazida pelos pais até São José dos Campos para tratar uma tuberculose. A cidade do Vale do Paraíba era referência em atender pacientes tuberculosos.

Oscarina e Vitória chegaram juntas a São José, em 1915. Para a família de Oscarina, exausta de buscar tratamentos e alternativas, São José representava a última esperança, em razão de seu clima favorável e por abrigar sanatórios com médicos renomados.

Apesar dos esforços, a saúde da jovem se deteriorou rapidamente. Pouco tempo após a chegada ao Vale, seu quadro de saúde piorou de forma irreversível. Em 13 de agosto de 1915, aos 21 anos, Oscarina faleceu.

A jovem foi sepultada no Cemitério Municipal, hoje conhecido como Padre Rodolfo Komorek, no centro de São José dos Campos.

Lealdade.

Com a partida da companheira, a cadela Vitória passou a frequentar o cemitério e recusou-se a deixar o túmulo da tutora. Por dias, ela dormiu sobre a sepultura, como se esperasse que Oscarina fosse acordar.

Visitantes e funcionários do cemitério tentaram alimentá-la, mas Vitória, consumida pela tristeza, recusava a comida. Cerca de um ano depois, a cadela também veio a falecer em consequência da falta de alimentação e da depressão que abateu-se sobre ela.

Vitória morreu deitada no túmulo de Oscarina. Comovido com a fidelidade do animal, Antenor Guimarães, pai da moça, mandou fazer uma estátua de Vitória para ser colocada sobre o jazigo, representando que as duas poderiam continuar juntas pela eternidade.

Memória.

Desde então, a memória de Oscarina e Vitória é preservada em São José dos Campos através de uma combinação de história oral e iniciativas da comunidade.

Além da estátua no jazigo, que serve como um ponto de referência e atração, a narrativa é mantida viva por voluntários que cuidam do túmulo e a recontam aos visitantes.

A publicação do livro "Oscarina e Vitória: Alma e Coração", do advogado e escritor Estêvão Zizzi, contribuiu para eternizar o relato. A obra foi publicada em julho deste ano.

Zizzi, que teve acesso ao diário da jovem, explica que o trabalho foi motivado pela importância de preservar memórias.

“Registrar a história de Oscarina e Vitória foi emocionante, pois revela que o melhor amigo do homem é um cão, e que esse amor incondicional merece ser perpetuado", afirma o biógrafo.

Ele detalha o processo de pesquisa: “Foram três longos anos de pesquisa em jornais, conversas com familiares e amigos, e, principalmente, na leitura do diário de Oscarina, em que cada página registrava suas experiências, ora com desenhos de corações, ora de lágrimas, sempre com dedicatórias carinhosas à sua cachorrinha Vitória”.

Oscarina e Vitória, amor eterno!

Capa do livro- Estêvão Zizzi

Túmulo de Oscarina

Voluntária Dirce Carmem

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