“Eu tenho três filhas para criar. Por favor, deixa eu viver.” O apelo desesperado de Karen, esteticista de 30 anos, resume o terror vivido por ela ao ter sido sequestrada e mantida em cárcere privado por seis dias pelo ex-namorado, identificado como Gabriel, de 26 anos. Ele foi preso em flagrante após perseguição da Polícia Militar que terminou em Taubaté.
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O casal havia iniciado um relacionamento há apenas três semanas, mas Karen logo percebeu o comportamento agressivo do companheiro e decidiu encerrar a relação. “Ele não aceitou o fim. Disse que eu tinha ferrado a vida dele e que agora ele ia ferrar a minha”, afirmou.
Segundo a vítima, Gabriel a sequestrou utilizando o próprio carro dela, passando por pelo menos seis cidades do Vale do Paraíba, hospedando-se em motéis onde não era necessário se identificar. “Ele me amarrou, me bateu, mordeu meu rosto e meu nariz. Tentou arrancar um pedaço do meu rosto”, contou ela, emocionada.
Karen afirma ainda que era constantemente ameaçada de morte com uma arma na cabeça.
Durante o período de cárcere, Karen foi forçada a enviar mensagens a amigos e familiares, alegando estar fugindo de agiotas, numa tentativa do agressor de criar uma história falsa para justificar seu desaparecimento.
“Ele me obrigou a gravar um vídeo dizendo que eu era uma péssima mãe e uma péssima pessoa. Meu rosto estava inchado, cheio de sangue.”
Karen ainda tentou fugir. “Eu saí do carro gritando, implorando por ajuda. Entrei numa padaria com vários homens, mas ninguém fez nada. Disseram que não podiam se meter.”
A fuga do criminoso terminou quando ele entrou na contramão da Via Dutra e colidiu com uma viatura. O carro só parou após perder dois pneus. “Achei que fosse morrer. Tinha caminhões dos dois lados, e ele acelerando com a arma apontada para mim. Foi quando ligou para a mãe dele, pedindo desculpas, dizendo que preferia morrer a ser preso.”
Gabriel tentou fugir a pé, mas foi capturado pelos policiais. Karen foi encontrada no banco do passageiro, em estado de choque. Em sua casa, enquanto ela estava em cárcere, o local foi invadido e revirado. “Ele queria fingir que foi uma invasão por causa de dívida. Jogaram minhas roupas, mexeram no quarto da minha filha. Era tudo parte da encenação dele.”
Mesmo abalada, Karen decidiu falar publicamente para alertar outras mulheres. “Eu precisei passar por isso para entender o perigo. Quero que nenhuma outra mulher passe pelo que eu passei.”
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Gabriel deve responder por sequestro, cárcere privado, estupro, lesão corporal, ameaça, invasão de domicílio e outros crimes.