ECONOMIA

Tarifaço: Embraer negocia com EUA para evitar prejuízo bilionário

Por Da Redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Às vésperas de tarifaço, Embraer tenta evitar prejuízo bilionário
Às vésperas de tarifaço, Embraer tenta evitar prejuízo bilionário

A Embraer, empresa com sede em São José dos Campos, intensificou negociações com autoridades dos Estados Unidos para evitar a entrada em vigor da tarifa de 50% que poderá ser aplicada sobre produtos brasileiros a partir da próxima sexta-feira (1º).

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A medida, anunciada pelo governo do presidente Donald Trump, ameaça impactar fortemente a operação da fabricante de aeronaves no mercado norte-americano, que responde por boa parte das vendas da empresa.

Nos últimos dias, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, reuniu-se com altos representantes do governo americano, incluindo os secretários do Comércio, do Tesouro e dos Transportes, além do responsável pela área comercial. Em entrevista, o executivo afirmou que tem tratado do tema com prioridade e destacou o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, que atua para ajudar nas tratativas.

Durante as reuniões, Gomes Neto ressaltou que 2,5 mil dos 3 mil funcionários da Embraer fora do Brasil estão nos Estados Unidos e que fornecedores locais geram outros 10 mil empregos no país. Ele relatou ter ouvido que ainda existe "espaço para negociação" e recebeu apoio público de empresas como American Airlines e General Electric.

Se confirmada a tarifa de 50% sobre os aviões da Embraer, os custos por unidade subirão, em média, R$ 50 milhões, segundo estimativas internas. Para amenizar pressões políticas e comerciais, a companhia ofereceu como contrapartida a possibilidade de instalar uma linha de montagem do cargueiro militar KC-390 nos Estados Unidos, caso o Pentágono feche uma encomenda.

A Embraer planeja investir até US$ 1 bilhão no país nos próximos cinco anos, sendo metade desse valor condicionado à venda do KC-390 para os militares americanos. Esses investimentos, segundo a empresa, podem gerar até sete mil novos empregos diretos e indiretos até o fim da década.

Empresa americana cliente da Embraer critica tarifaço

A possível aplicação da tarifa também preocupa empresas americanas. A companhia aérea Skywest, que tem 74 aviões da Embraer encomendados até 2032, já se posicionou contra a medida. O CEO da empresa, Chip Childs, afirmou que não aceitará pagar a taxa extra sobre as entregas e alertou para os impactos econômicos negativos para pequenas cidades dos EUA.

O executivo indicou que, se necessário, a empresa pode adiar as entregas até que a situação tarifária seja resolvida. A declaração foi reforçada pelo diretor comercial da Skywest, Wade Steele, que também falou sobre a possibilidade de postergar a chegada das aeronaves, caso a tarifa entre em vigor.

O mercado americano é estratégico para a Embraer: 45% das vendas de jatos comerciais e 70% das vendas de jatos executivos da empresa têm os EUA como destino. Dos 437 aviões encomendados atualmente, 229 são para clientes norte-americanos.

Apesar do cenário incerto, o presidente da Embraer declarou estar otimista e acredita que 2025 poderá ser o melhor ano da história da companhia, mesmo diante dos desafios impostos pelas tarifas. Enquanto isso, o governo brasileiro segue buscando um entendimento diplomático para evitar a sanção da nova taxa.

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