DOR ETERNA

Tragédia com 12 alunos: protesto marca julgamento de motorista

Por Giovanna Attili | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Giovanna Attili/GCN
Faixas em prol da justiça e cartazes com as 12 vítimas
Faixas em prol da justiça e cartazes com as 12 vítimas

O julgamento do motorista do caminhão envolvido no trágico acidente que vitimou 12 estudantes da Unifran (Universidade de Franca) aconteceu na tarde desta quinta-feira, 24, no Fórum da Comarca, em Nuporanga, a 51 km de Franca. Além do processo jurídico, os pais e familiares dos estudantes se reuniram em frente ao local para uma manifestação pacífica, promovida pelo Movimento 12 Vidas, em prol de manter viva a esperança de justiça para seus entes queridos.

O ambiente era marcado por uma mistura de emoções. Enquanto algumas famílias se emocionavam ao lembrar de entes queridos e não continham as lágrimas, outras expressavam revolta e cobravam justiça com manifestações firmes.

“Acho um absurdo que os maiores interessados nessa audiência vão estar aqui fora, nesse sol quente, sem poder participar. Como podem deixar a gente fora? A gente segue aqui, esperando que a justiça seja concretizada”, disse Marcos Hespanhol, pai da estudante Juliana Hespanhol, que morreu aos 19 anos.

Outras famílias também concederam entrevistas, reforçando as críticas à imprudência do motorista. Esse sentimento ficou evidente em uma das faixas exibidas no local, que trazia a frase: “a imprudência destruiu nossas vidas! Que a Justiça ao menos nos traga um consolo.”

Expedita Saraiva, mãe do jovem Pedro Saraiva, de 17 anos, contou sobre a tristeza e o desânimo que enfrenta diariamente desde o acidente. “Tristeza, desânimo, vontade de não fazer nada, de não ser nada, mas a gente luta. Eles já foram, agora quem está aqui para lutar por eles somos nós, ainda que o coração esteja rasgado”, disse.

Ela também falou sobre a dor de saber que seu filho e o melhor amigo dele, João Pedro Reis, de 19 anos, morreram lado a lado. “Foi uma coisa tão fora do normal que a gente se pergunta: ‘como que podiam ser tão amigos e morrerem juntos?’. Morreu um do lado do outro. Então a gente se junta, a família do João Pedro é a minha família e a minha família é a família do João Pedro. Não há justiça no mundo que vá curar a nossa dor”.

O período de luto pós-acidente

A incredulidade também marcou o depoimento de Lídia Maria Hespanhol, mãe de Juliana. Ela contou que chegou a questionar a morte da filha, já que não pôde vê-la devido ao caixão fechado. Só conseguiu acreditar quando o marido, mais de uma vez, confirmou que se tratava mesmo da filha do casal.

“Eu não acreditava, falava ‘será que a minha filha morreu mesmo? Eu não a vi dentro de um caixão’. Para a gente aceitar tudo isso, até hoje, para nós não ficou esquecido. Para o restante, as pessoas vão tocar suas vidas, a vida é normal. Para nós, nunca mais a nossa vida será normal. Essa dor será para o resto de nossas vidas”, explicou Lídia.

“A gente está tocando a vida, só que aqui dentro, onde quer que a gente vá, estamos carregando aquela dor. Os outros olham para a gente e julgam. Estamos caminhando, mas essa dor sempre estará aqui. Não importa mudar de casa, pode ser o lugar mais lindo do mundo, eles vão sempre estar aqui”, completou.

Sobre o julgamento 

O motorista Evandro Rogério Leite, de 51 anos, indiciado por 12 homicídios culposos, começa a ser julgado nesta quinta-feira, em uma audiência de instrução com interrogatórios e depoimentos. O processo será realizado de forma online, e ainda não há previsão para a decisão final.

Comentários

1 Comentários

  • Jesuino Salgado 24/07/2025
    Mas peraê...obrigar um caminhão trafegar onde uma ponte que está há um ano sem outra opção, não é conivente com o resultado morte, é justo??. Quem matou esses estudantes é só um motorista que não tinha outro caminho pra trabalhar?..