XADREZ POLÍTICO

Escudeiro de Tarcísio, Felicio é cotado para a sucessão em SP

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Editor-chefe de OVALE
Divulgação/Governo do Estado de SP
Felicio Ramuth durante solenidade; se Tarcísio decidir concorrer à Presidência, nome de ex-prefeito de São José estará no páreo para a sucessão em São Paulo
Felicio Ramuth durante solenidade; se Tarcísio decidir concorrer à Presidência, nome de ex-prefeito de São José estará no páreo para a sucessão em São Paulo

"Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou".

Repetida por 10 entre 10 analistas políticos, a frase lapidar, que traduz à perfeição o cenário onde só a mudança é permanente, é de autoria de Magalhães Pinto (1909-1996), advogado e político brasileiro, senador, ministro e também governador de Minas Gerais (1961-1966). Falando em governador, na última semana, o céu da política se abriu para Felicio Ramuth (PSD), ex-prefeito de São José dos Campos (1997-2022) e atual vice-governador de São Paulo.

Fiel escudeiro do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Felicio viu o seu nome ganhar força no debate sobre a disputa ao Palácio dos Bandeirantes em 2026.

Oficialmente, Tarcísio manifesta a intenção de tentar a reeleição ao governo do Estado, no entanto o governador é presidenciável, uma alternativa da direita para encarar Lula (PT) nas urnas em 2026, herdando o espólio político deixado por Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. Se Tarcísio for candidato à Presidência, Felicio assumirá o governo paulista em abril do próximo ano.

Nestas circunstâncias, com 180 dias na cadeira de governador até o primeiro turno das eleições, seria Felicio o candidato natural?

Com uma concorrência de peso, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e Gilberto Kassab, secretário de Governo do Estado e presidente nacional do PSD, além do secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite (PP), e de André do Prado (PL), presidente da Alesp, o nome de Felicio era, até aqui, considerado carta fora do baralho. Era. Lembra das nuvens? Ao que tudo indica, Felicio entrou no páreo.

Segundo reportagem do jornal 'O Estado de S. Paulo', publicada no último dia 19, a resistência aos nomes de Nunes e Kassab teria impulsionado o nome de Felicio nas últimas semanas, na cotação dos postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.

Em relação a Nunes, a pedra no sapato seria o receio de deixar a capital paulista sob o comando de seu vice, o coronel apostando Mello Araújo (PL). Kassab, por outro lado, além do PSD integrar o governo Lula, enfrentaria resistência de uma parcela de líderes políticos, que teriam se incomodado com o avanço agressivo da sigla chefiada pelo secretário de Governo de Tarcísio, evidenciada na conquista de centenas de prefeituras nas eleições municipais de 2024.

Além da forte concorrência, Felicio tem como desafio principal o fato de ser menos conhecido entre os eleitores, apesar de cumprir agenda intensa por todo o estado, seja como vice-governador ou governador interino.

Se assumir o posto de governador, em abril de 2026, terá 180 dias para tentar (com a máquina na mão) tornar-se mais conhecido entre os eleitores paulistas.  Eleitores que, em sua maioria, aprovam a gestão Tarcísio - em São José e Taubaté, por exemplo, a aprovação chega a 72%, de acordo com o levantamento OVALE/Ágili Pesquisas. Esse período seria suficiente?

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A seu favor, além de ter encabeçado missões desafiadoras durante o atual governo, presidindo o programa de desestatização e as ações de combate à cracolândia, por exemplo, Felicio tem o perfil leal a Tarcísio, tem histórico de vitórias eleitorais (venceu as duas disputas em São José, em 2016 e 2020, no primeiro turno, além da vitória ao lado de Tarcísio e do decisivo apoio a Anderson Farias (PSD) em 2024), teve duas gestões bem avaliadas em São José (deixou o Paço com 56,8% de 'ótimo e bom', de acordo com Pesquisa OVALE), e tem, em sua carreira política, um histórico de enfrentamento ao PT.

Estas são as credenciais que colocam Felicio no páreo.  O vice-governador, procurado por OVALE, não comentou o assunto.

Fato é: após a divulgação da reportagem, pelo Estadão, e sua repercussão em outros veículos, o clima entre os apoiadores de Felicio é de otimismo.

"Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou", lá vem a frase de Magalhães Pinto de novo.

Se -- ao menos ainda -- não se trata de um céu de brigadeiro, Felicio viu algumas nuvens se dissiparem à sua frente. O céu abriu-se. Qual é a previsão do tempo até 2026? Até lá, tem vantagem quem mantiver a cabeça nas nuvens e os pés no chão.

Ps. Falando em nuvens e eleições, quem conhece tão bem a região do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos)/ Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) pode levar vantagem.

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