Com o show “Espelho”, a coletiva de compositoras Cantautoras do Vale, junto à convidada Meire D’Origem, promovem passeios ao público ainda mais agradáveis na Mantiqueira e em meio à natureza com novo repertório escrito, tocado e cantado por elas em dois shows gratuitos no fim de semana: nesta sexta (18), às 20h, no coreto da praça Cônego Manzi, no clima de montanha de São Francisco Xavier; e neste domingo (20), às 10h30, no bambuzal do parque Vicentina Aranha, no centro de São José. Domingo, com Libras e audiodescrição.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp
Formada pelas artistas musicais Cinthia Jardim, Ligia Kamada, Maysa Ohashi e Julie Ramos, a iniciativa, que visa fortalecer a cena autoral feminina independente do Vale e incentivar redes de apoio entre mulheres, convidou para esta edição a potência do hip-hop local Meire D’Origem para uma experiência imersiva em busca de novos sons. O resultado são cinco músicas inéditas, compostas em colaboração e que, desta vez, elas mesmas tocarão no palco, além de uma releitura do hit “O RAP É Meu Divã”, canção de trabalho da rapper (com clipe gravado com a lenda Rappin’Hood já disponível no YouTube). O musical “Reverbera”, marca registrada do quarteto, será tocado com a novidade de uma versão atualizada do hino “Solo da Igualdade”.
Antes acompanhadas de banda, apenas com Ligia assumindo instrumentos no palco, agora a coletiva se apresenta com os músicos Lucas Andrade e Marcelo Mariano, mas também assumindo a parte instrumental. Ligia estreia no comando de beats das linhas de rap com o tecnológico MPC (Music Production Center); Julie canta acompanhada do violão; Cinthia, do ovinho; e Maysa, do teclado.
“Já era uma vontade pessoal assumir mais os instrumentos no Cantautoras, pois componho no piano e faria muito sentido, dada a nossa missão como coletiva. Pensei que iria compor no piano e adaptar para o violão, mas as ideias foram ficando, e o piano também”, diz Maysa.
Meire comemora: “Do meu repertório, escolhemos ‘O RAP É Meu Divã’ pelo diferencial de ter um instrumental, além do beat, e o piano da Maysa substituiu os eletrônicos e o cavaco do Pretinho da Serrinha que existem na versão mais recente gravada em estúdio”, diz a rapper, que também destaca a força da letra ao projeto. “São questões do universo feminino, mas também de saúde mental, negritude e outros recortes da vida urbana que atravessam e adoecem o ser humano.”
De fato, tudo se conecta neste projeto. “Toco piano desde os 7 anos, mas me assumi ao teclado na pandemia, por saúde mental. Como estávamos privadas de nos apresentar, voltei a tocar sozinha, gravei vídeos e me reconectei com piano e composição. Não parei mais”, diz Maysa.
E Ligia, que também é produtora musical e vinha se familiarizando com beats, encontrando possibilidades de ampliar suas performances em percussão ao domínio do tecnológico MPC em cena, encontrou nesta parceria com Meire a oportunidade perfeita.
“É um equipamento de produção musical, que dá para fazer bastante coisa, uma máquina muito usada na música eletrônica, no trap e no hip-hop, como faço com a Meire”, diz Ligia, que gosta do desafio. “Subir ao palco como multi-instrumentista não é tão simples. Principalmente porque assumo a percussão, que não é tão simples de tocar cantando! É que faço isso há muito tempo, e gosto muito!”, ri ela, que comemora ver cada vez mais mulheres instrumentistas em palco.
Musical revisado
Do musical Reverbera, “Solo da Igualdade”, do repertório das Cantautoras do Vale, surge como uma extensão da letra originalmente apresentada pelas artistas, ainda abordando a forma como mulheres são (des)tratadas neste mundo, mas com trechos incentivadores como “Quero meninas confiantes por aí/ pra trabalhar, pra conquistar, se divertir/ evoluir”.
“Trazemos esta novidade quando cantamos o musical ‘Reverbera’, mas o grande mote deste projeto, que chamamos de Imersão Cantautoras, foi a reserva de tempo para encontros de criação conjunta. A chegada da Meire aproxima a realidade da periferia e o letramento racial às questões feministas que já abordamos”, diz Cinthia Jardim, também produtora-executiva.
Maysa, que assume os teclados, acrescenta: “As músicas que já fazemos nesta parte do show, referentes ao musical, já têm uma identidade. Reconstruir esta sonoridade nesta formação a partir dos pianos criados por Fernando Pontes, pianista das Cantautoras, está sendo um grande aprendizado. Já para as novas, a responsabilidade está em fundir as linguagens musicais, pois cada uma de nós tem uma identidade, uma estética diferente para compor e se expressar”.
Inéditas
O título do projeto, “Espelho”, faz referência à nova “Espelho Somos”, um baião onde o consolo de que “bênçãos virão em canto das amigas” completa-se com o verso de que “espelho somos nos olhos das outras”. A ideia é continuada nos versos declamados por Meire em “Lugar de Paz”, um reggae que vislumbra efeitos da valorização da mulher por ela mesma e pela sociedade: “Coletivamente, tô cercada das mais braba/ Cantautoras, mulheres que nem o trem para/ preta potente, no compasso da revolta/ nossa alma dança onde o mundo dá várias voltas”.
E enquanto “Mosaicos” é crescente sobre a volta por cima de quem aprendeu a não se calar (“Nunca mais silenciei/ o amor ressignifiquei/ sem rancor”), “Abrir Espaço” é beat que grita por liberdade e pela livre expressão como forma de transformar realidades. “Enquanto eu faço a minha parte/ levanto vigas/ torcendo pra que a minha arte/ salve vidas”, resume um trecho.
Por que estes desabafos? A dura “Tantas de Nós” explica, e só pode ser de fato sentida ao vivo, com tanta gente junta. Convoquem a plateia e desfrutem de um excelente show!
SERVIÇO - IMERSÃO CANTAUTORAS: “ESPELHO”
Sex. (18/7), 20h. No coreto da praça Cônego Manzi, em frente à Casa de Cultura Júlio Neme, centro do distrito São Francisco Xavier. Comércio local. Livre. Grátis. Tradução em Libras.
Dom. (20/7), 10h30. No bambuzal do parque Vicentina Aranha (r. Engenheiro Prudente Meireles de Morais, 302, Vila Adyana). Centro. Comércio local. Show será gravado para posteriormente ser disponibilizado no canal de YouTube das Cantautoras do Vale. Livre. Grátis. Tradução em Libras e audiodescrição.
+ Oficina (25/7, sex., 19h). Oficina de Gestão de Carreira Artística com Cinthia Jardim. No Ponto de Cultura Espaço Balaioo (av. São Cristóvão, 407, São Judas Tadeu). Sudeste. Livre. Grátis.