BOLSA DE VALORES

Ações da Embraer caem cerca de 10% após 'tarifaço' de Trump

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Avião comercial da Embraer
Avião comercial da Embraer

Desde que Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, na quarta-feira (9), os mercados financeiros reagiram com cautela. A Embraer (EMBR3), uma das empresas brasileiras mais expostas ao mercado americano, viu suas ações despencarem cerca de 10%.

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Antes do anúncio de Trump, na manhã de terça-feira (8), o valor da ação da Embraer era de R$ 83,10 na Bolsa de Valores de São Paulo, preço que caiu para R$ 82,72 na tarde de quarta (9) e mais ainda na manhã de quinta (10), para R$ 72,17.

Os papéis da empresa começaram a se recuperar ainda na quinta e, no período da tarde, já estavam valendo R$ 76,06, mas voltaram a cair nesta sexta (11), para R$ 74,61 às 16h26, quando já tinham estado em R$ 75,32. Comparado ao valor da terça, as ações caíram 10%.

No final da tarde de sexta, a Bolsa de Valores de São Paulo indicava queda em torno de 1% para as ações da Embraer no movimento diário – lembrando que o número oscila em tempo real.

Segundo análises do mercado, a reação não surpreende. Especialistas consultados pelo portal E-Investidor estimam que, se mantida a taxação no nível apresentado, o impacto sobre os números da fabricante de aeronaves pode ser substancial. Isto porque cerca de 60% da receita da Embraer vem do mercado americano.

De acordo com cálculos feitos por Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos, a tarifa de 50% representaria um impacto potencial de US$ 220 milhões no EBIT (lucro antes de juros e impostos) estimado para Embraer em 2025.

A conta, entretanto, considera um cenário em que a companhia não repassa os preços aos consumidores. Além disso, ainda não está claro como a taxação seria aplicada para modelos de aeronaves produzidos inteiramente ou parcialmente nos Estados Unidos, como o Phenom e o Praetor.

Cautela.

“O anúncio de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos representa um dos movimentos comerciais mais agressivos da atual gestão Trump”, avaliou Daniel Nogueira, também da InvestSmart XP. Para ele, o impacto foi imediato no Ibovespa, com Embraer e Minerva (BEEF3) entre as maiores baixas. Enquanto a fabricante de aeronaves perdeu quase 8%, a Minerva, com 16% da receita exposta ao mercado americano, estimou perdas de até 5% na receita líquida consolidada.

“O tarifaço tende a causar ruído relevante no curto prazo, mas já vimos esse filme antes. Trump costuma começar com um tom agressivo e depois recuar ou negociar termos mais brandos”, ponderou Nogueira. Na sua visão, o momento exige cautela, seletividade e gestão de risco, e pode até abrir oportunidades pontuais.

A visão mais contida foi compartilhada por Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também ouvido pelo portal E-Investidor. Para ele, a Embraer pode acabar sendo poupada do impacto mais severo. “Essa leitura de que a Embraer será fortemente afetada não faz muito sentido”, disse.

Ele lembra que a companhia já opera com plantas nos Estados Unidos e que a própria carta de Trump menciona isenção de tarifas para empresas com investimentos em território americano, o que pode incluir a fabricante brasileira.

Cruz também destacou a limitação logística das grandes concorrentes. Juntas, Boeing e Airbus acumulam mais de 14 mil aeronaves encomendadas e com linhas de produção comprometidas até 2030. Isso significa que não seria simples para companhias aéreas americanas substituírem seus pedidos à Embraer, que tem hoje 383 aeronaves encomendadas por empresas dos EUA.

“Se essas tarifas forem aplicadas à Embraer, o impacto será maior para a aviação regional e para a própria economia americana”, argumentou. Por isso, ele considera a queda das ações ‘descolada da realidade’.

* Com informações do portal E-Investidor

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