MEDIDA DE TRUMP

Especialistas apontam que Embraer é principal vítima do tarifaço

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Jatos comerciais da Embraer
Jatos comerciais da Embraer

A Embraer é uma das principais vítimas do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs 50% de tarifas aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

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De acordo com especialistas de mercado, a Embraer será mais impactada por ter grande parte da sua receita proveniente de exportações para a maior economia do mundo.

As ações da companhia subiram mais de 100% no acumulado de 12 meses, mas a fabricante vinha sofrendo recentemente com as ameaças do presidente americano em tarifar o Brasil.

A XP Investimentos aponta que a Embraer tem uma alta exposição aos EUA, de cerca de 60% do faturamento. Ela exporta principalmente jatos comerciais da primeira família (E1) para companhias aéreas norte-americanas e conclui a montagem de jatos executivos na Flórida. Assim, os impactos diretos e indiretos podem ser significativos.

Os analistas Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes, que assinam o relatório da XP, ressaltam dois impactos principais devido ao aumento da tarifa para produtos brasileiros.

Em primeiro lugar, na divisão de Aviação Executiva, como a empresa conclui a montagem de Praetors (cerca de 55% a 60% do conteúdo do Brasil) e Phenoms (cerca de 35% a 40% do conteúdo do Brasil) em suas instalações na Flórida, parte do CPV (Custo de Produtos Vendidos) do produto é suscetível a tarifas de importação quando os jatos são enviados do Brasil para os EUA – com a Embraer como responsável pela sobretaxa.

Em segundo lugar, no segmento comercial, embora os clientes da família de jatos regionais (ERJ – Embraer Regional Jet) sejam os responsáveis pela cobrança tarifária, a preocupação permanece com a demanda mais fraca após um ambiente inflacionário para os E1s, com riscos de adiamento de entregas caso as companhias aéreas tentem evitar tais sobretaxas, embora as cláusulas contratuais devam reduzir tais riscos.

Custos.

A XP, embora veja o anúncio de Trump principalmente como uma potencial barganha, espera que a preocupação dos investidores permaneça alta, dado o impacto potencial significativo que uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros sugeriria para a ERJ (queda 60% para a sua estimativa de lucros para 2026).

Na mesma linha, o Bradesco BBI também ressalta que a Embraer é a empresa de sua cobertura mais exposta às exportações para os EUA.

Assim, estima um impacto potencial de aproximadamente US$ 220 milhões no EBIT de 2025 — cerca de 35% do total estimado para o ano. Essa estimativa considera que a tarifa entre em vigor em agosto, como estipulado na carta oficial, o que limitaria o impacto a apenas uma parte do ano.

No segmento de aviação executiva, os jatos Phenom são produzidos nos EUA, enquanto os jatos Praetor têm sua montagem final no país. “Isso pode ajudar a mitigar parte do impacto, já que a produção local estaria isenta da tarifa. Ainda assim, não está claro se essa isenção seria total”, avalia.

Para o BBI, a Embraer pode compensar parte do impacto por meio de: reajuste de preços em novos pedidos de jatos executivos (com efeito apenas na entrega), aumento de preços em serviços e peças, reduzindo indiretamente o impacto nas entregas e no segmento de aviação comercial, as tarifas podem levar clientes a adiar recebimentos de aeronaves.

O UBS BB estima um impacto de aproximadamente US$ 70 milhões nos custos da Embraer e um impacto de 13% na margem financeira de 2026 para cada aumento de 10% nas tarifas. O banco considera o impacto apenas sobre jatos executivos, com 40% dos Phenoms e 60% dos Praetors sendo tarifados e 75% das vendas totais de jatos executivos para os EUA.

* Com informações do site Infomoney

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