SUSPEITA

Criador do Vale perdeu 7 cavalos em contaminação suspeita

Por Leandro Vaz | Caçapava
| Tempo de leitura: 2 min
Da redação
Reprodução
Cavalo acabou morrendo em Caçapava
Cavalo acabou morrendo em Caçapava

A morte repentina de centenas de cavalos em diferentes regiões do Brasil tem gerado indignação e apreensão entre criadores e profissionais do setor. A principal suspeita é de contaminação por toxinas em rações industrializadas, fabricadas por uma mesma empresa, com data de produção de 21 de novembro de 2024.

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Um criador de cavalos de elite em Caçapava relatou a perda de sete animais em poucos dias. Os cavalos, todos saudáveis e bem cuidados, começaram a apresentar sintomas neurológicos e problemas hepáticos após ingerirem a ração suspeita. Exames já foram enviados para análise.

“É muito doloroso. O prejuízo afetivo é o mais difícil. A genética de alguns desses animais era única. São cavalos que não existirão mais”, lamentou o criador Roberto Barros.

Segundo ele, os primeiros sinais começaram em maio. Uma égua caiu repentinamente e morreu em menos de 30 minutos. Outros cavalos deixaram de se alimentar e morreram poucos dias depois, mesmo com tentativa de tratamento.

O Ministério da Agricultura e Pecuária já confirmou que a mesma marca de ração está relacionada à morte de 252 cavalos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Goiás e Minas Gerais. A substância suspeita da contaminação é a monocrotalina, uma toxina natural altamente tóxica ao fígado dos animais.

“Ela provoca falência hepática e neurológica. Os animais apresentam perda de apetite, cólicas e desconforto abdominal até evoluírem ao óbito”, explicou o médico veterinário Rodrigo Carmo.

Ainda segundo especialistas, o tratamento é difícil e depende da quantidade ingerida e da velocidade do atendimento. Muitos animais morrem antes de qualquer chance de reversão.

Além da tragédia nos haras, criadores afirmam que não estão recebendo suporte da empresa responsável pela ração. “Poderiam ter mandado técnicos, veterinários, alguém. A gente ficou perdido”, diz o dono dos cavalos de Caçapava, que segue tratando os animais sobreviventes com diversos protocolos experimentais.

O Ministério já determinou a suspensão da comercialização da ração e o recolhimento dos lotes contaminados em todo o país. Há pedidos para que o caso seja investigado criminalmente.

“A reparação financeira é muito pouco diante do impacto emocional e genético. Famílias inteiras perderam animais com décadas de história”, reforçou Rodrigo.

Até o momento, a empresa investigada não se manifestou publicamente. Criadores cobram responsabilidade, apoio técnico e justiça.

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