A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) abre a 55ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão neste sábado (5), às 20h30, no Auditório Claudio Santoro, juntamente com o regente Marc Albrecht. Os músicos tocarão a Sinfonia Doméstica, Op. 53, de Richard Strauss.
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O tradicional evento de música na Serra da Mantiqueira segue até 3 de agosto com 75 apresentações gratuitas, entre música e dança, em oito palcos distribuídos nas cidades de Campos do Jordão e São Paulo.
Consolidado como o maior festival de música clássica da América Latina, o evento é realizado pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e pela Fundação Osesp.
Além da Osesp, tocarão no festival Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, a Orquestra Experimental de Repertório e a Orquestra Jovem do Conservatório de Tatuí. Os programas incluem obras de Strauss, Rachmaninov, Beethoven, Tchaikovsky e de compositores brasileiros como Villa-Lobos e Pixinguinha.
Além dos concertos, o evento oferece música de câmara, jazz e a Jornada Paulista de Dança, enriquecendo sua programação (veja aqui).
Espaços.
As apresentações acontecem em espaços tradicionais de Campos do Jordão, como o Auditório Claudio Santoro, a Capela do Palácio Boa Vista e o Parque Capivari, além do Espaço Cultural Dr. Além, que retorna à programação neste ano.
Na capital paulista, os concertos serão realizados na Sala São Paulo, na Sala do Coro da Osesp, na Estação Motiva Cultural e no Mackenzie.
Esta edição também marca o lançamento do Palma (Prêmio Anna Laura de Música Antiga), que busca reconhecer e promover performances de jovens músicos e musicistas brasileiros dedicados ao repertório que compreende o período entre a Idade Média e meados do século 18, usando técnicas de execução e convenções estilísticas historicamente informadas. Os três premiados receberão entre R$ 3 mil e R$ 10 mil.
“O Festival de Inverno de Campos do Jordão é um símbolo da vitalidade cultural do nosso Estado. Ao reunir grandes artistas, promover novas gerações por meio de bolsas e formar plateias com acesso gratuito, o evento reafirma nosso compromisso com uma cultura viva, plural e acessível. É uma celebração da excelência artística aliada à política pública que transforma”, disse Marilia Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
Entrada.
A entrada é gratuita, com ingressos reservados antecipadamente no site (clique aqui), a partir de cinco dias antes de cada apresentação – no Auditório Claudio Santoro, Sala São Paulo e Estação Motiva Cultural. Há, ainda, uma cota disponível para retirada presencial, nesses locais, uma hora antes do início dos concertos.
Na Capela São Pedro Apóstolo e Espaço Cultural Dr. Além, os ingressos são distribuídos presencialmente uma hora antes dos concertos.
Neste ano, cerca de 700 jovens talentos participaram da seletiva para o Festival de Inverno, que dará bolsas a 141 musicistas, sendo 123 instrumentistas, seis para área de regência, seis para piano e seis para percussão e violão.
O Festival vai receber os 141 alunos e 82 professores que terão duas semanas de prática orquestral e duas semanas de música de câmara, música antiga e camerata, totalizando aproximadamente 1.200 horas-aula.
“As inscrições foram tanto para brasileiros, paulistas, enfim, brasileiros de todo o território nacional, mas também estrangeiros. No ano passado a gente recebeu inclusive jovens refugiados da Ucrânia”, disse Marilia Marton, em entrevista exclusiva a OVALE. Confira a conversa na íntegra.
Tudo pronto para o Festival de Inverno de Campos do Jordão?
É o 55º Festival de Campos do Jordão, esse festival que é tão tradicional no nosso estado e tão importante. Um festival que representa a cultura clássica, música de concerto e erudita e, obviamente, a importância que ele tem na América Latina e em todo o sul global. Campo do Jordão já é reconhecido como um festival importante dentro dos circuitos internacionais.
Por isso, a gente sempre celebra quando apresenta um festival ainda mais pujante. Vamos ter esse ano 75 apresentações gratuitas, contando com dois novos palcos dentro do festival. O primeiro, que é tão querido para a região de Campos dos Jordão, que é o Espaço Cultural Dr. Além, aquele espaço que toda a população do território conhece, que há muitos anos estava fechado. Agora volta para a programação de Campos do Jordão no festival.
E aqui em São Paulo, além da Sala São Paulo e do Instituto Mackenzie, esse ano a gente conta com mais um palco, que é o Espaço Cultural Motiva, que é um espaço novo que a gente implantou desde o começo do ano aqui ao lado da Sala São Paulo, dentro do Complexo Júlio Prestes.
E a parte de aprendizado do Festival, como está neste ano?
A gente sempre se orgulha de falar que Campos do Jordão tem uma das vertentes mais importantes, que é aquela dedicada aos alunos, a parte pedagógica do Festival. Esse a gente teve recorde de inscrição. Quase 700 jovens talentos participando da seletiva que acaba culminando em 141 bolsas, mas a gente sempre celebra que mais pessoas tiveram interesse de participar, reconhecendo exatamente a importância do Festival.
Como é feita a seleção dos bolsistas?
É feita desde março, quando a gente abriu as inscrições. Os jovens recebem uma peça, um pedaço de uma partitura que todos devem tocar. É encaminhado para um grupo de professores que fazem a primeira seletiva. A partir dessa primeira seletiva é selecionado um número de jovens, depois eles vêm para a parte de audição. E aí que se chega aos 141 jovens que vão ao Festival, com bolsas de estudo durante todos esses dias. Eles já estão chegando em Campos, lembrando sempre que eles fazem as suas aulas com mais de 1.200 horas de aulas.
Quanto é o investimento do governo estadual no Festival neste ano?
O Festival custou cerca de R$ 8 milhões, entre Lei Rouanet, que é uma das propostas que a gente tem, e entre recursos que a gente aplicou direto no contrato de gestão.
E quanto o Festival provoca de retorno financeiro para a economia da cidade e do estado?
A gente acaba sempre esperando o prefeito [de Campos] para falar, porque como diz o meu Secretário da Fazenda, no geral o impacto financeiro das apresentações de um festival, de realizações de eventos, no geral ela impacta muito mais o orçamento do município, porque impacta com hotel, alimentação, transporte, enfim, tudo isso está baseado naquilo que a gente chama do ISS, que é o Imposto Sobre Serviço. E quem recolhe é o município.
Como o Estado acaba recolhendo o ICMS, a gente tem um reflexo que acaba acontecendo muito por conta da venda de produtos no atacadista e não no produto final. Então, o impacto geralmente é feito diretamente pelo o município. A gente tem que esperar acabar o Festival para que o prefeito Caê [Carlos Eduardo Pereira da Silva] possa mandar para cá, para que a gente possa averiguar quanto que a gente cresceu de um ano para o outro.
O que a gente espera, tendo em vista que a gente tem dois novos espaços, um em Campo do Jordão e mais um aqui na capital, é que as pessoas que vão participar do Festival e, portanto consumir e curtir essas 75 apresentações, que cheguem a 30% a mais do que no ano passado. Então, a gente tem uma expectativa de crescimento de público.
Tem novidade neste ano?
Sim, mais uma novidade é que a gente convidou outra expressão artística para participar do Festival. Esse ano, dentro da programação, a gente também vai ter a participação da dança. Aqueles que curtirem música erudita, música de câmara, concertos clássicos, também poderão assistir a apresentações da Jornada Paulista de Dança.
E o Prêmio Palma, também é novidade?
Olha, é um prêmio importante e que existe há muito tempo, mas ele chega agora para reconhecer jovens intérpretes de repertório histórico. Que são aqueles repertórios mais clássicos da Idade Média, do século 18, do século 17. Então, são prêmios em dinheiro que vão variar de R$ 3 mil a R$ 10 mil.
Temos o tradicional prêmio Eleazar de Carvalho, que a gente nunca deixa de falar, que é o grande prêmio do Festival, com o nosso maestro, grande maestro Eleazar de Carvalho, que foi o responsável, inclusive, pela criação do Festival de Campo de Jordão. Esse é entregue no final entre os 141 bolsistas. Eles recebem a bolsa para participar do Festival durante os 30, 40 dias que eles ficam aqui inseridos, com mais de 1.200 horas de aula com 82 professores.
Então, há muitas master class, muito momento em que os jovens encontram grandes nomes da música clássica, uma oportunidade única, inclusive, que eles podem mostrar para esses professores o seu talento e, obviamente, no final, os professores montam uma comissão e essa comissão decide quem foi o aluno de destaque. Esse aluno recebe o prêmio de 1.400 dólares por até 9 meses.
É um prêmio mensal, são quase 15.000 dólares de prêmio para fazer estudos fora do país, então, é uma oportunidade única e por isso que é tão concorrido o Festival de Campos do Jordão.
Qual a expectativa da senhora, como secretária do Estado, para este Festival?
Olha, a Secretaria da Cultura tem uma expectativa sempre muito alta, mas com muita responsabilidade, porque a gente sabe que ano a ano todo público acaba esperando um gostinho diferente do ano anterior. Então, a gente tem uma responsabilidade e um carinho muito grande com o Festival de Inverno de Campo do Jordão.
A expectativa da secretaria é que com a ampliação dos espaços, que a gente tenha mais democratização, que mais pessoas participem, conheçam e usufruam dessa produção cultural única e exclusiva que a gente tem no estado de São Paulo, de uma orquestra de renome como a Osesp, mas de todas aquelas que vão participar durante a programação que não são poucas, inclusive de outros estados, como Goiás, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, que estarão presentes durante todo o mês de julho.
Então, a gente quer que as pessoas venham, que elas participem, que elas aproveitem, porque fazemos isso com muito carinho para oferecer mais cultura, mais oportunidade para todas as pessoas e, obviamente, o convite aqui é a partir do dia 5, às 20h no Auditório Cláudio Santoro, a gente conta com a participação de toda a população.