ATROPELADO NA DUTRA

Família cobra justiça para Rodrigo, morto em acidente em São José

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Rodrigo Campanaro (no detalhe) morreu atropelado em São José, aos 50 anos
Rodrigo Campanaro (no detalhe) morreu atropelado em São José, aos 50 anos

Apaixonado pela mulher, pelas filhas e pelo trabalho. Apaixonado pela vida.

Aos 50 anos, Rodrigo Campanaro estava feliz com o casamento de mais de 30 anos com a mulher e o relacionamento com as filhas. Uma vai se casar na igreja no próximo ano, enquanto a outra viria dos EUA para rever a família após quatro anos.

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Nada disso terá a presença de Rodrigo. Ele morreu após ser atropelado com violência na rodovia Presidente Dutra, em São José dos Campos, no dia 11 de junho deste ano, enquanto voltava do Rio de Janeiro. Ele morava com a mulher em Santo André e viajava a trabalho.

O impacto em Rodrigo foi tão forte que o corpo dele foi arremessado a 120 metros de distância, sendo que seu pé foi encontrado no viaduto. O grave atropelamento aconteceu por volta de 22h20, na altura do km 151 da Via Dutra, no sentido São Paulo. O motorista do carro que atingiu o analista fugiu do local sem prestar socorro.

“A pessoa que atropelou saiu, fugiu, não prestou nenhum socorro. Isso é o que mais machuca a gente, de ter deixado ele ali jogado”, disse um parente de Rodrigo.

A família tenta juntar os cacos depois da tragédia. Rodrigo era marido e pai amoroso, e profissional reconhecido por onde trabalhava. Ele passara por grandes empresas, como a Volkswagen do Brasil, e atualmente era funcionário de uma companhia de Guarulhos.

Investigação.

A Polícia Civil registrou e investiga o caso como homicídio culposo na direção de veículo automotor e fuga do local do acidente. A família acompanha o desenrolar da investigação e aguarda por justiça.

“A polícia está sendo super solícita com a gente, está dando os status todos certinhos, mas a investigação ainda não foi concluída. A gente tem o que está nos depoimentos”, disse um familiar.

O caso chamou a atenção primeiro da PRF (Polícia Rodoviária Federal), que atendeu ao local do acidente, e depois dos investigadores da Polícia Civil de São José.

Um veículo KIA Sportage foi encontrado nas imediações com avarias na parte frontal e vestígios de sangue. Não havia ninguém no carro. No entanto, um Citroën Aircross foi flagrado passando pelo local, em baixa velocidade, no momento em que a perícia era realizada, o que chamou atenção dos policiais.

A placa foi pesquisada e a polícia identificou um vendedor de 56 anos cujo nome estava cadastrado na documentação dos dois veículos. No dia seguinte ao acidente, o vendedor se apresentou à polícia acompanhado de um advogado para prestar depoimento.

Segundo informações, o investigado teria alegado que não viu nada no momento do acidente, mas que sentiu um impacto, achando que houvesse batido em algo, como numa pedra. Ele também teria afirmado que não estava em alta velocidade.

A família desacredita das duas alegações. Acredita que o motorista sentiu o impacto da batida em Rodrigo e que estava em alta velocidade, em razão de o corpo ter sido arremessado a 120 metros de distância.

“Um veículo a 80 km/h é impossível de arremessar alguém a 120 metros. É uma distância gigantesca para um acidente. Em São Caetano do Sul, teve uma situação parecida de atropelamento. O rapaz estava a 105 km/h e atropelou duas meninas. Elas foram jogadas a 50 metros”, disse o familiar.

Primeiro acidente.

Acostumado a andar por estradas, Rodrigo parou em São José dos Campos em razão de um acidente anterior ao atropelamento que o matou. Ele envolveu-se em uma colisão leve com uma caminhonete Ford F-250, dirigida por um motorista de 56 anos.

Segundo o depoimento desse condutor, após o acidente, ele informou a Rodrigo que seguiria até o próximo posto da PRF para registrar a ocorrência, deixando o local e o homem com seu veículo, um Nissan Kicks prata, modelo 2025.

Minutos depois, ocorreu o atropelamento, sem que o motorista responsável parasse para prestar socorro. O abandono da vítima no local foi considerado pela Polícia Civil como fator agravante.

“O condutor da caminhonete chegou ao posto policial e viu que [Rodrigo] não chegou, e aí foi quando chegou a notícia do atropelamento”, afirmou o parente da vítima.

A Polícia Civil informou que o caso segue em investigação. Estão sendo feitas análises de câmeras de segurança da rodovia, do laudo pericial sobre a velocidade do veículo e do confronto dos vestígios de sangue encontrados no Sportage com material genético da vítima, cujo corpo foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) de São José dos Campos, e depois sepultado em São Bernardo do Campo, segundo a família.

“A gente está muito focado na parte criminal. Estamos focados na justiça. Que o condutor seja responsabilizado e preso. A família ficou destroçada.”

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