Quando assumi a Reitoria, em 2018, nosso maior desafio era: ser melhor. Esse foi o foco da gestão nos primeiros anos — aprimorar processos, rever contratos, valorizar pessoas, garantir a qualidade do ensino. O objetivo era claro: construir uma Universidade mais sólida e conectada às reais demandas da sociedade.
Foi sobre esse alicerce que enfrentamos o inesperado.
Lembro exatamente do dia em que tudo parou. Março de 2020. A pandemia desacelerava o mundo, e, do nosso lado da tela, a pergunta ecoava: e agora? Reunimos a equipe, por videoconferência, e traçamos uma meta ambiciosa: em sete dias, a Universidade precisava estar de pé — online. Aula por aula, sistema por sistema. E assim foi: conseguimos colocar todas as aulas e atividades on-line e ao vivo em apenas uma semana.
Naquele momento, compreendi que a coragem nasce da incerteza. Ela emerge quando é preciso agir, mesmo sem garantias. Liderar, ali, foi assumir responsabilidade, confiar nas pessoas e garantir que ninguém ficasse para trás. E a UNITAU mostrou sua força: O ensino nos une, não importa a distância.
Superada a pandemia, vivemos a era da Universidade do Futuro. Revitalizamos prédios, realizamos melhorias, abrimos novos cursos e investimos em tecnologia, pesquisa e inovação pedagógica. Hoje, ao caminhar pelos nossos campi, a transformação é visível.
O Departamento de Ciências Agrárias, por exemplo — antes esvaziado — hoje pulsa vitalidade. Onde havia ideias e projetos, concretizamos e, há agora uma Clínica Veterinária que se tornou referência na região. Estudantes circulam com jalecos e olhos atentos. E essa renovação se espalha pelo Bom Conselho, pelo Departamento de Comunicação e Negócios (CEN), pela JUTA, pelas Humanidades, pela Arquitetura, pela Odonto, pelo Direito. Salas de aulas modernizadas com lousas de vidro e televisores, laboratórios atualizados, livros novos, espaços de convivência que acolhem. São os detalhes que revelam o cuidado coletivo em torno de uma mesma missão.
Mas, essa transformação nunca foi apenas estrutural. Foi de gente, de escuta, de decisão. A qualidade do ensino esteve — e está — no centro de tudo. Porque cada passo adiante precisa reverberar na formação dos nossos estudantes e no futuro que desejamos para eles como profissionais de sucesso.
Em 2022, demos início aos Novos Tempos. Expandimos. O campus de Caraguatatuba saiu do papel. Fortalecemos a pesquisa com novos programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. A extensão floresceu com ações como a Operação Padroeira, a Corrida 7K, o Rondon, e o projeto “UNITAU na sua vida”, tema do nosso jubileu de ouro, celebrado em 2024.
Também assumimos o compromisso de ampliar o acesso e a permanência dos alunos. A UNITAU cumpre seu papel no Plano Nacional de Educação e no Plano Nacional de Pós-graduação, levando ensino de qualidade ao interior do país e ampliando as oportunidades. Hoje, 60% dos nossos alunos de graduação são bolsistas, e também avançamos com bolsas na pós-graduação, incluindo mestrado e doutorado. Adotamos cotas na residência médica para pessoas pretas, pardas e indígenas (PPI), além de pessoas com deficiência (PCD), reforçando nosso compromisso com a diversidade e a equidade. Criamos, ainda, os Núcleos de Acessibilidade e Inclusão, de Saúde e Bem-Estar e de Ações Afirmativas — para que cada aluno possa ingressar, permanecer e se formar com dignidade e pertencimento.
Sim, enfrentamos crises profundas. Talvez a mais delicada tenha sido a do HMUT. Passamos por um ataque cibernético. Enfrentamos pressões políticas e financeiras constantes. Mas, mesmo assim, mantivemos compromissos essenciais: educação de qualidade, salários em dia, equilíbrio institucional e decisões responsáveis. E, ao mesmo tempo, fomos ousados.
Agora, com o novo campus de Cruzeiro, que será inaugurado em agosto de 2025, entramos no último ano desta gestão reafirmando o nosso propósito: ser A Melhor Universidade, mais próxima de você.
Quando cheguei a Taubaté, não imaginava que a UNITAU se tornaria parte da minha vida — e da minha família. Vim por amor, encontrei propósito. E fui transformada: como professora, como gestora, como pessoa.
Neste momento, mais do que balanços, carrego gratidão. Tenho orgulho de ter vivido esta Universidade por dentro — com inteireza, com presença, com entrega. E, acima de tudo, com coragem.
Ainda temos um ano pela frente: para consolidar projetos, fortalecer vínculos e preparar o terreno para quem virá. Porque, no fim das contas, o que permanece não são números ou obras. É aquilo que construímos uns nos outros: respeito, valores, legado.
E quando esta etapa se encerrar, saberei que o caminho que abrimos seguirá inspirando novas transformações. Porque quem acredita verdadeiramente na Educação sabe: o trabalho não se encerra com a gestão. Ele continua nas histórias que ajudamos a começar.
Que venha o futuro.
