
A médica que foi presa após jogar spray de pimenta contra uma família de três pessoas, incluindo uma criança de dois anos, em uma igreja, formou-se em Medicina na Unitau (Universidade de Taubaté), em 2011. O caso aconteceu no último domingo (22) em catedral de Jundiaí, no interior de São Paulo.
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Livia Maria Ponzoni de Abreu, de 41 anos, atua na especialidade de anestesiologia em casos de urgência e atendimentos em clínica médica. Ela recebeu liberdade provisória na segunda-feira (23), mediante o pagamento de fiança estipulada em 20 salários-mínimos (cerca de R$ 30 mil).
Ela também terá que atender medidas cautelares estipuladas pela Justiça, como não frequentar igrejas num raio de 50 km do local do crime e manter distância das vítimas.
A médica é reconhecida pelo comprometimento em oferecer “tratamentos individualizados e eficazes para os seus pacientes”, conforme o próprio perfil de avaliação em plataformas médicas.
Segundo o boletim de ocorrência, Lívia Maria teria reprimido uma criança de 2 anos que brincava no corredor da igreja, durante uma celebração. No registro policial, a mãe da menina contou que a abordagem da médica foi “ríspida”.
A partir deste momento, a mulher afastou a filha e afirmou que estava a corrigindo, porém, foi iniciada uma briga. Segundo o depoimento dela, a médica colocou a mão no rosto da mulher e começou a gritar, dizendo que estava rezando e que a igreja não era um “parque de diversões”.
Ainda de acordo com o registro policial, depois de uma troca de “gestos considerados ofensivos”, a médica lançou spray de gás de pimenta contra a família. A criança teve crises de tosse, vômitos e intensa irritação nos olhos. A mãe chegou a cair no chão em decorrência da exposição ao agente químico.
A menina precisou ser socorrida e encaminhada a um hospital com ajuda de uma testemunha presente no local. Ela recebeu os primeiros socorros e foi medicada.
Além disso, o gás se espalhou e afetou outros fiéis presentes na igreja, incluindo uma mulher gestante e outras pessoas com problemas respiratórios. A polícia ainda afirmou que o incidente gerou tumulto e que a suspeita teria usado o spray de pimenta contra pessoas em situação de rua que a defendiam, o que resultou em danos ao veículo dela, causados por “populares revoltados”.
Um pouco depois, agentes da Guarda Municipal chegam ao local e encontraram a médica trancada no próprio carro.
O caso foi registrado como lesão corporal, lesão corporal contra menor de idade e uso de gás tóxico ou asfixiante no 1º Distrito Policial de Jundiaí. Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) informou que o spray usado pela suspeita foi apreendido.
À polícia, a médica alegou que se sentiu ameaçada e que agiu para se proteger. Apesar disso, a polícia afirmou que a suspeita não conseguiu especificar o que teria lhe ameaçado e depoimentos de testemunhas indicaram que a ação de usar o spray de pimenta foi desproporcional.
Catedral.
Em nota publicada no site oficial da Catedral Nossa Senhora do Desterro, a Diocese de Jundiaí manifestou, “com profunda tristeza e firmeza, seu repúdio ao lamentável episódio, que afetou diretamente centenas de fiéis reunidos em oração”.
“Tal ato, além de provocar tumulto e interromper a celebração eucarística, constitui grave violência contra o espírito de comunhão, respeito e fraternidade que deve sempre reinar nos espaços sagrados. A Casa de Deus é, e deve ser sempre, um lugar de acolhimento, consolo e paz — nunca de hostilidade ou intolerância”, escreveu o bispo dom Arnaldo Carvalheiro Neto.
A Diocese expressou ainda solidariedade às vítimas do ocorrido e reafirmou seu compromisso “inegociável” com a não violência, a defesa da dignidade humana e a promoção da paz. “Confiamos às autoridades civis a devida apuração dos fatos e a tomada das providências cabíveis, com respeito ao devido processo e à verdade”.
Universidade.
Em nota, a Universidade de Taubaté lamentou o episódio ocorrido em Jundiaí, envolvendo uma egressa do curso de Medicina, formada em 2011.
"A Instituição reafirma seu compromisso com a formação de médicos preparados para atuar com excelência técnica, responsabilidade social e cuidado humanizado. Desde o início da graduação, os alunos participam de projetos de extensão, ações comunitárias, ligas acadêmicas e atividades de iniciação científica, que aproximam o estudante da realidade da população e reforçam a importância da escuta, do acolhimento e do respeito ao outro", disse a instituição.
"Entre as ações realizadas recentemente, destacam-se a campanha de rastreamento ao câncer de próstata em Cunha, com 100 atendimentos gratuitos, e a Semana de Prevenção à Hipertensão e ao Diabetes, que ofereceu orientações de saúde em Taubaté e Pindamonhangaba."
A Unitau disse que, durante toda a graduação, os futuros médicos da universidade também "atuam em uma ampla rede de saúde, em diferentes níveis de atenção, sempre com supervisão docente, integrando teoria, prática e compromisso com o bem-estar da comunidade".
"A conduta isolada de uma ex-aluna, mais de uma década após sua formatura, não reflete os princípios que orientam o dia a dia da formação médica na Unitau, nem representa o perfil dos profissionais que construímos ao longo de nossa história", completou a universidade.
* Com informações do portal Metrópoles