INVESTIGAÇÃO

Após confessar crime, ex muda versão e diz que enterrou Mariana

Por Jesse Nascimento | Taubaté
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução
Mariana da Costa Nascimento foi morta em Taubaté
Mariana da Costa Nascimento foi morta em Taubaté

O homem acusado de ter matado e enterrado o corpo de Mariana da Costa Nascimento, 28 anos, na zona rural de Taubaté, disse, em interrogatório, que resgatou a vítima pendurada em uma árvore. O depoimento foi dado ao delegado que investiga o caso.

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Luiz Felipe da Silva de Moura, de 31 anos, admitiu em depoimento à Polícia Civil que enterrou o corpo de Mariana em um terreno próximo ao local onde trabalha, em Taubaté. No depoimento, ele foi acompanhado pelo advogado criminalista, Hélio Barbosa.

Segundo o relato registrado em vídeo, Luiz Felipe afirmou que escondeu o corpo da vítima “por causa do BO (boletim de ocorrência) e dos parentes dela”, os quais descreveu como “barra pesada”. Ele declarou que sabia da existência de uma medida protetiva em favor da vítima e que temia represálias.

“Para mim se chama [isso] esconder por causa do problema do BO e também dos parentes dela que são tudo meio barra pesada”, declarou Luiz Felipe.

Ele afirmou ter encontrado Mariana já sem vida, pendurada em uma árvore, possivelmente com uma corda ou cadarço. Disse que cortou o material e retirou o corpo de lá. “Mariana estava pendurada”, mas não sabe se por “corda ou cadarço”.

“Daí na verdade, eu cortei (o objeto) não sei onde. Ela tava meio molengona ainda. Daí eu consegui cortar (corda ou cadarço)”. Na sequência, ele a teria colocado em uma vala, onde o enterrou e cobriu com terra.

Versão.

O investigado alegou que, após deixar Mariana em um local próximo a um bar, retornou ao trabalho e, ao voltar para procurá-la, a encontrou morta. Ele relatou que colocou o corpo no carro, levou até uma área isolada e o enterrou.

“Eu ajeitei ela no chão, abri a porta do carro, coloquei lá e levei até um buraco que eu sabia que tinha”, disse Luiz Felipe.

No dia seguinte, de acordo com o depoimento, ele foi a cavalo até o rio que corta a fazenda e descartou os pertences da vítima, incluindo sapatos e celular, para tentar eliminar vestígios.

Contradições.

Durante o interrogatório, o delegado questionou Luiz Felipe sobre contradições em suas declarações, lembrando que ele havia dito anteriormente que não sabia do paradeiro da vítima.

“O senhor prestou declarações na delegacia. O senhor falou que não sabia”, lembrou o delegado. Luiz Felipe então respondeu: “Sabia”.

O investigado contou que a vítima estava sem roupas quando foi encontrada. Disse também que jogou no rio o celular e uma bota com salto que estava no local. Justificou a ação com medo de ser descoberto.

“Joguei para qualquer coisa se alguém fosse me encontrar, ia estar muito perto e ninguém ia ver. Fiquei mais com medo por causa dos parentes dela”, afirmou o investigado.

Ao final do interrogatório, o delegado informou a Luiz Felipe que ele permaneceria preso e seria apresentado à Justiça no dia seguinte.

“O senhor está preso na data de hoje e vai permanecer preso. Amanhã será apresentado ao juiz para que ele tome a postura que entender adequada diante do caso”, concluiu o delegado.

Mudança.

No local onde o corpo foi encontrado, Luiz Felipe havia dado outra versão aos policiais civis, de acordo com o boletim de ocorrência.

“Questionado, informou que havia matado Mariana e enterrado em um local no seu terreno. Afirmou que não queria voltar ao local, pois temia por sua integridade, mas que os policiais achariam pelas indicações que havia passado”, diz trecho do documento.

No entanto, após ser acompanhado pelo advogado, Luiz Felipe mudou sua versão e negou ter matado a ex-namorada. “Em síntese, acompanhado de advogado constituído, afirmou que realmente ocultou o cadáver da vítima, mas afirmou que havia a encontrado morta próxima de uma árvore no terreno onde mora”.

Em entrevista à TV Vanguarda, o advogado do suspeito disse que ele e a mulher brigavam muito e defendeu que o homem não matou a vítima, mas que ela havia sido encontrada enforcada.

“Com medo de ser acusado da morte, ele levou até o pasto e cobriu de terra a moça. A família viu que ela não aparecia, porque não era costume dela sumir, começaram a pressionar porque sabia da briga dos dois e o caso dos dois. Ele confessa a ocultação do cadáver, mas não assume que praticou feminicídio”, disse o defensor.

O crime.

Mariana foi vista pela última vez em um bar localizado na cidade de Taubaté, por volta das 21h do último domingo (8). Ela informou à mãe e à irmã que estava no local e teria tido um desentendimento com Luiz Felipe, o que culminou no seu desaparecimento. Ela prometeu retornar para sua residência, mas não apareceu.

Na manhã de segunda-feira (9), os familiares de Mariana começaram a se preocupar com o desaparecimento, uma vez que ela não atendia as ligações e mensagens, gerando suspeitas sobre seu paradeiro. O boletim de ocorrência de desaparecimento foi registrado pela irmã da vítima.

Com o registro, a Polícia Civil de Taubaté iniciou as investigações. Durante a apuração, os policiais conseguiram rastrear o trajeto do carro de Luiz Felipe, que fazia um trajeto anômalo próximo à Estrada Municipal Doutor José Luiz Cembranelli.

Após a análise de imagens de sistemas de monitoramento, foi possível verificar que o carro de Luiz Felipe se deslocou até a área rural de sua residência e retornou rapidamente ao ponto inicial.

Foi nesse local que objetos pertencentes à vítima foram encontrados: um par de botas femininas e o celular de Mariana, ambos jogados à margem de um rio. A localização desses itens sugeriu que algo grave havia acontecido, e as autoridades intensificaram as diligências.

O corpo estava enterrado em um terreno na rua Marianna Aparecida do Norte da Silva, na Fazenda Canta Galo, em local de difícil acesso, exigindo várias horas de escavação com apoio do Corpo de Bombeiros.

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