
A médica Ana Paula Pereira recebeu diversas mensagens de apoio após viralizar o vídeo dela com um desabafo sobre as condições de trabalho enfrentadas na rede municipal de saúde de Taubaté.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.
Atuando há 11 anos na UBS Mais Independência, a médica desabafou em vídeo nas redes sociais na quinta-feira (17), expondo a falta de recursos, a sobrecarga e o impacto psicológico sobre os profissionais da área. Ela afirmou que faltam até papel e tinta para impressão de prontuários e receitas médicas.
“Deus nos ajude a trabalhar nessas condições e ajudar o povo”, disse ela, que explicou que o desabafo não é uma crítica política, mas um pedido de socorro por melhores condições para atender a população.
“Eu não falei nenhuma mentira e não estou falando mal do prefeito, pelo amor de Deus. É um desabafo mesmo, porque a gente está numa condição muito ruim e quem sofre é o paciente”, afirmou a profissional.
Apoio nas redes.
Nas redes sociais, Ana Paula recebeu o apoio de dezenas de internautas que comentaram a matéria de OVALE no Instagram.
Um deles foi o filho da médica, Rafael Augusto, que é estudante de Medicina em São José dos Campos e atleta universitário.
“Orgulho de ser filho dessa mulher incrível e poder me formar médico inspirando-me em uma profissional exemplar como é a minha mãe, a médica do vídeo. Já passou da hora da população jogar junto com os médicos e cobrar os verdadeiros responsáveis, aqueles que estão brincando com a cara do cidadão e ninguém faz nada nesse país”, disse ele.
Também médica, Carolina Almeida disse que a colega “anseia por fazer o trabalho dela com qualidade”. “Não acusou ninguém, ela quer que todos entendam que está difícil! Ela achou em prontuário de 2022 que já era câncer metastático e quando atendeu a paciente a situação se concretizou na frente dela com um monte de complicações! Minha empatia pela colega, pela pacientes e por tantos outros. A luta é de todos!”, afirmou.
Outro comentário disse que o estudante tem “uma mãe maravilhosa, incrível, corajosa de colocar a cara e falar porque tem muito médico que tem vergonha e medo de falar. Sua mãe é incrível e eu sei que você vai ser um médico maravilhoso Deus te abençoe grandemente”.
Anderson Moura comentou: “Grato a Deus por trazer a vida uma mulher que possui tamanha empatia com o próximo. Tudo o que fazemos, direta ou indiretamente, é para o próximo. As pessoas que amamos não precisam ser o ‘próximo’ do obituário”.
“Orgulhe dessa pessoa linda que o chama de filho! Sem medo e com a emoção a flor da pele, ela nos mostra a situação que é o retrato da saúde do nosso país!! Que Deus nos ajude”, disse Luci Veríssimo.
Renata Vieira defendeu o SUS: “Graças a Deus tem o SUS, quando eu era criança não tinha SUS e a situação era tensa”.
Outro comentário disse que “Taubaté está em péssimas mãos há muitos anos”. “A verba certamente chega, mas sabemos que não é usada. Uma profissional dessa é sem recurso para atuar. Deve ser muito triste mesmo”.
Beatriz Oliveira elogiou a coragem da médica: “Muito corajosa a profissional! Um desabafo diante de tantas dificuldades para executar seu trabalho”.
Ex-deputada federal e ex-vereadora de Taubaté, Pollyana Gama também comentou o caso na internet. “Paula Pereira tem o meu respeito e admiração. Coração gigante e super profissional. Esses sistemas que não utilizam software público tendem a complicar os procedimentos em função, por exemplo, de não renovação de contrato, troca de sistema… não é de hoje que pontuo a respeito”.
A própria médica enviou um comentário sobre as mensagens, principalmente a do filho. “Obrigada filho. Te amo me orgulho de você. Vocês são a esperança da próxima geração dos médicos. Não deixem a rotina acabar com a empatia e carinho com o paciente”, disse Paula Pereira.
Outro lado.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Taubaté disse que as unidades da rede municipal utilizam prontuário eletrônico, o que elimina a obrigatoriedade de impressão dos atendimentos. "O material físico disponível nas unidades é destinado prioritariamente à impressão de encaminhamentos, receitas e documentos imprescindíveis ao atendimento", afirmou a administração.
"Sobre a alegação de dificuldade no acesso a prontuários anteriores, a Secretaria de Saúde esclarece que houve mudanças de sistema durante os últimos anos, o que pode gerar instabilidades. Em relação ao tempo de atendimento, o padrão orientado é de dois a quatro pacientes por hora, por conta da alta demanda, podendo o profissional ajustar esse número conforme o perfil epidemiológico do território e complexidade de cada caso", acrescentou.
Por fim, a Secretaria de Saúde disse que "reafirma seu compromisso com a qualidade do atendimento à população e segue trabalhando para garantir as melhores condições de atendimento".