
Os papéis da Embraer subiram 3,84% (R$ 65,14), liderando as altas do Ibovespa nesta terça-feira (15), após a China ter ordenado que as companhias aéreas do país suspendam a compra de aeronaves e peças da fabricante de aeronaves norte-americana Boeing.
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A medida é mais um desdobramento da guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que decidiu sobretaxar importações chinesas em 145%. A informação foi publicada inicialmente pela Bloomberg News, citando fontes familiarizadas com o assunto.
A expectativa dos investidores é de que a fabricante brasileira, que tem sede em São José dos Campos, possa suprir parte da demanda chinesa com a venda de aeronaves.
Com isso, as ações ordinárias da Embraer chegaram a avançar mais de 4% pela manhã, isolando a empresa como a maior contribuidora para a alta do Ibovespa, com 117 pontos.
Na contramão, as ações da Boeing – que vê a China como um de seus maiores mercados em crescimento – caíram 3% antes da abertura dos mercados.
Mercado.
A China é o maior mercado de aviação do mundo. A própria Boeing previu no fim de 2024 que a frota chinesa subirá de 4.345 para 9.740 aeronaves até 2043, com o grosso da composição futura nos valiosos aviões de um corredor – serão 6.720 do total.
Hoje, a rival europeia Airbus é dominante no país, com 2.200 aviões entregues ou cerca de 55% do mercado. A Boeing relata 1.400 entregas nos últimos 20 anos, além de aeronaves mais antigas como cargueiros e aparelhos que chegam por leasing.
Portanto, à primeira vista, é a fabricante baseada na França quem mais tem a ganhar com a atual crise, ao lado da fornecedora doméstica Comac. A empresa chinesa começou a ver seu C919 voar em 2023, desafiando o reinado no nicho de um corredor do Airbus A320 e do Boeing 737.
Até aqui, contudo, sua produção é limitada. Hoje, a Comac tem uma carteira firme de 713 encomendas de seu avião, praticamente toda na China, tendo entregue 12 no ano passado. A Airbus tem 8.658 pedidos e 766 entregas em 2024, ante 5.528 e 348 da Boeing, respectivamente.
No ano passado, a Embraer entregou 206 aviões e bateu o recorde dos últimos sete anos. Desde 2017, a companhia não conseguia entregar mais do que 200 aviões em um único ano.
A fabricante brasileira fechou 2024 com a entrega de 73 aviões comerciais, 130 executivos e três da área de Defesa. O resultado superou em 14% o volume de entregas de 2023, de 181 aeronaves. A carteira de pedidos passa de 370 aeronaves.
Segundo analistas de mercado, ainda é cedo para avaliar se a Embraer terá benefícios comerciais com a guerra comercial entre chinesas e americanos, especialmente após a suspensão da compra da China junto à Boeing.
No entanto, a China é um mercado promissor para a Embraer e o país asiático pode entrar definitivamente na rota dos aviões comerciais da brasileira. A Embraer tem apresentado progresso na China com o E190-E2 e o E195-E2, ambos certificados pela CAAC (Administração de Aviação Civil da China, na sigla em inglês).
"A Embraer também estabeleceu um sistema amplo de serviço e suporte pós-venda para a frota de E-Jets no país, incluindo centros de manutenção autorizados, armazéns de peças e uma rede completa de treinamento de pilotos. Isso estabeleceu bases sólidas para a nova geração da família E2 operar na China", informou a companhia.