INVESTIGAÇÃO

‘Hitler da Bahia' é preso por liderar jovens em estupro virtual

Por Da redação | Salvador
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
‘Hitler da Bahia’ com farda do Exército
‘Hitler da Bahia’ com farda do Exército

Conhecido no ambiente virtual como ‘Hitler da Bahia’, um jovem de 20 anos, soldado do Exército e lutador de jiu-jitsu, foi preso em novembro de 2024, em Salvador (BA), acusado de liderar o grupo virtual "Panela Country".

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De acordo com a investigação do Ministério Público de São Paulo, Luis Alexandre Lessa liderava um grupo de adolescentes no Telegram que praticou estupro virtual, com incentivo à automutilação, pedofilia e "violência por diversão". A história foi revelada pelo UOL.

As investigações começaram em outubro de 2024, após denúncia anônima, e descobriram rapidamente diversas vítimas em vários estados. A operação Nix, que agiu simultaneamente em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal, prendeu Lessa e apreendeu três adolescentes.

"Panelas" são pequenos grupos virtuais de jovens e adolescentes em redes sociais como Discord e Telegram. Os integrantes são chamados de "paneleiros".

A "Panela Country" foi fundada por dois adolescentes e passou de 600 membros. Lessa, o ‘Hitler da Bahia’ ou ‘Sagaz’, é apontado pelo MP-SP como um dos líderes.

Nesses grupos, "a violência é tratada como uma forma de diversão", diz o MP-SP. Os membros "comemoram e se divertem à custa do sofrimento alheio, demonstrando pouca ou nenhuma empatia pelas vítimas, sejam humanas ou animais", afirmou o desembargador Teixeira de Freitas, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao negar pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lessa.

Lessa foi denunciado por uma série de crimes: pedofilia, violência psicológica contra mulher, cyberbullying (intimidação sistemática virtual), perseguição, incitação ao crime, divulgação de pornografia, invasão de dispositivo de uso da polícia e divulgação de informações sigilosas.

Por ser militar, ele foi levado ao 6º Batalhão de Polícia do Exército, mas nesta semana a Justiça autorizou sua transferência para uma cadeia pública enquanto aguarda julgamento.

A defesa de Lessa pediu habeas corpus e disse que só vai se manifestar no processo. O pedido, que foi rejeitado, alegava que o soldado sofria constrangimento ilegal do juiz responsável pelo caso.

Aliciamento.

O aliciamento para o grupo ocorre com desafios, que viram manipulação emocional e exploração sexual. Os jovens precisam cumprir tarefas para obter respeito e notoriedade dos integrantes. O desafio mais comum, segundo a investigação, é a "plaquinha" —escrever o nome da "panela" num papel e fotografar-se, o que inclui versões mais extremas como escrever na pele usando um objeto cortante.

Esse tipo de foto, divulgada em outras comunidades e redes sociais, serve para comprometer e prender os jovens ao grupo. Ao entrarem na panela, eles adotam um apelido e são envolvidos em relacionamentos virtuais com troca de conteúdos íntimos.

Depois, os líderes e outros membros ameaçam expor as vítimas, que são forçadas a fornecer mais imagens ou realizar atos cada vez mais graves, incluindo transmissões ao vivo de práticas explícitas e degradantes.

“Os jovens fornecem voluntariamente imagens comprometedoras, como forma de fortalecer laços afetivos, mas acabam se tornando vítimas de chantagem sexual [sextortion]”, trecho da denúncia do MP-SP.

* Com informações do portal UOL

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