OPINIÃO

IA nas empresas: medo, oportunidade e a urgência de aprender

Por Renan Almeida | Especialista em tráfego pago e tecnologia
| Tempo de leitura: 3 min
IA nas empresas: medo, oportunidade e a urgência de aprender
IA nas empresas: medo, oportunidade e a urgência de aprender

Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas, feita com mais de 2.500 CEOs em cinco continentes, mostrou um dado curioso e, ao mesmo tempo, revelador: 97% dos executivos pretendem adotar ou ampliar o uso de inteligência artificial em suas empresas, mas menos de 2% se sentem preparados para isso. A maioria reconhece o potencial da IA para gerar competitividade, mas também admite medo — medo de não ter a infraestrutura, medo de ficar para trás, medo de errar.

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Esse cenário não surpreende. A IA não é só uma tecnologia nova, é um novo paradigma. Ela não substitui apenas tarefas manuais ou operacionais. Ela reorganiza fluxos, desafia modelos de negócio e obriga quem lidera a repensar a lógica da tomada de decisão.

O problema não é a IA em si, mas o despreparo para lidar com ela. Segundo a mesma pesquisa, 58% dos CEOs temem que a falta de conhecimento e estrutura tecnológica comprometa o crescimento de suas empresas. E, por isso, 61% já falam em treinar suas equipes para enfrentar essa nova realidade.

Como alguém que trabalha com performance digital há anos, vejo isso todos os dias. A inteligência artificial já está incorporada nas ferramentas de gestão de tráfego pago, nas plataformas de anúncios, nos CRMs e em praticamente qualquer software de marketing que se diga relevante. O que muda agora é a escala e a autonomia dessas ferramentas. Elas não apenas otimizam processos: elas aprendem, cruzam dados e tomam decisões.

Mas é aqui que entra o ponto-chave: a IA não substitui o pensamento estratégico, ela depende dele. Automatizar sem entender o que se está fazendo é correr o risco de escalar o erro. E no tráfego pago isso é especialmente sensível. Já vi empresas perderem verba por não saberem interpretar o que o algoritmo estava sugerindo. IA sem repertório vira chute técnico.

A maioria dos líderes está acostumada a delegar tecnologia para as áreas técnicas, como se fosse possível separar operação de estratégia. Não é mais. A transformação digital não é mais uma pauta da TI. É uma pauta da liderança, da comunicação, do marketing e, principalmente, da educação.

O que a pesquisa da FGV mostra, na prática, é que a IA virou uma prioridade — não apenas tecnológica, mas educacional. Não se trata de virar programador ou especialista em machine learning. Trata-se de entender o suficiente para decidir com base no que a tecnologia permite.

E esse é o desafio real: formar lideranças que saibam conduzir com dados, testar com consciência e interpretar o que os algoritmos sugerem — sem terceirizar o raciocínio. O medo da IA vem, muitas vezes, da falta de familiaridade. Quando você entende como ela funciona, o medo dá lugar à utilidade.

Se tem algo que a geração Z já entendeu — e que as lideranças ainda estão assimilando — é que usar tecnologia bem é saber perguntar, saber testar, saber aprender. Não se trata de dominar a IA como ferramenta, mas de saber usá-la como aliada. E isso, como qualquer habilidade, se aprende.

A IA não vai esperar ninguém se adaptar. Quem aprender mais rápido, vai crescer mais rápido. Quem entender como integrá-la aos seus processos, vai ter mais competitividade. O tempo de observar passou. Agora é tempo de ação.

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