VIOLÊNCIA

Crime! Ex-atleta das Meninas da Águia revela abuso de padrasto

Por Marcos Eduardo Carvalho | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Anderson Romão/Ag Paulistão
Debinha durante jogo do São José em 2024
Debinha durante jogo do São José em 2024

A meia Debinha, 22 anos, atuou as duas últimas temporadas do futebol feminino pelo São José e, em janeiro deste ano, se transferiu para o Atlético-MG. E, neste final de semana, a atleta que já atuou pelas Meninas da Águia revelou um drama familiar vivido na infância. Isso porque, quando tinha 8 anos, sofreu abuso sexual pela primeira vez de seu padrasto. Embora ele já tenha sido preso e condenado, só agora a jogadora conseguiu falar abertamente do caso, em entrevista ao canal fechado ESPN. Também vale lembrar que essa não é a mesma Debinha campeã mundial pelo São José em 2014 -- é xará.

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Nascida em São Sebastião do Tocantins (TO), ela foi abandonada pelo pai biológico com um ano e foi adotada pela família de sua mãe biológica. Mas, além de uma infância difícil na vida financeira, ainda enfrentou o trauma do abuso sexual sofrido dentro de casa, por alguém que deveria a proteger. “Com a minha mãe de criação, era muito bom. Mas aí entra a parte do cara que deveria ser o meu protetor, né? No caso, o marido dela... Foi conturbada, eu sofri... Passei por estupros, né, para ser bem clara. Eu tinha uns oito anos e durou até os 12, foi bastante tempo”, desabou, em entrevista à ESPN. “Na época, não contei para ninguém, porque, quando você é criança, não entende aquilo, não entendia o ato. E também tinha medo de não ter para onde ir", disse à TV.

Ainda na entrevista, Debinha disse que sua mãe adotiva nunca havia desconfiado dos crimes, que aconteceram diversas vezes, principalmente quando estava sozinha em casa com ele. Mas, graças ao futebol, conseguiu mudar de vida. Aos 14 anos, se mudou para Goiânia em busca do sonho. “Saí de casa pela primeira vez para ir a um projeto em Goiânia, e conheci duas mulheres que ficaram muito comovidas com a minha história e me ajudaram, proporcionaram morar com elas. Quando fui para a cidade grande, saindo do interior, comecei a repensar no que havia acontecido no passado e na minha infância e entendi que não era minha a culpa", afirmou à ESPN.

Em determinado momento, tomou coragem e denunciou o padrasto, até para que ele não cometesse os abusos com outras pessoas. Aliás, ela depois descobriu com outra filha dele também foi abusada. “Um dia, eu voltei para minha cidade natal para visitar essa família que me criou, e minha mãe de sangue também estava lá a passeio. Fui e contei para ela sobre o que aconteceu comigo, e minha mãe de sangue relato que tinha passado mesmo, pelo mesmo cara, porque ele criou minha mãe e depois me criou”, contou a jogadora do Galo.

“Eu não sabia como pedir ajuda, não tinha orientação, nem nada. Postei o vídeo no Instagram porque já estava no meu limite, queria que aquilo acontecesse, e não sabia como fazer. Ninguém me deu apoio, tipo ‘vamos lá, vamos denunciar com você’. Fiquei muito triste quando soube que ele não se contentou em estragar a vida da minha mãe, a minha...”

Debinha enfrentou dificuldades, lutou, recebeu críticas na cidade, mas a Justiça foi feita. E o padrasto acabou condenado a oito anos de prisão. E, desta vez, o pai biológico, que a abandonou na infância, foi fundamental para ajudar a colocar o abusador na cadeia. “Meu pai biológico nunca fez nada por mim. Abandonou a minha mãe, eu e meu irmão e nunca cuidou da gente. Mas ele foi corajoso em ter levado essa história para frente. Eu não tinha com quem contar. Nessas horas, a vítima torna-se a culpada, né? E ele foi fundamental para que a justiça fosse feita”, disse.

Agora, com o assunto tornando público, era respira mais aliviado. E espera crescer na carreira futebolística. “Resolvi contar tudo isso e abrir para vocês porque quero continuar lutando para que estupros, principalmente com pessoas vulneráveis, como crianças e adolescentes, nunca mais aconteçam nesse nosso país, que é muito machista".

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