
Até cerca de 1920 as fronteiras erram livres. Vistos e passaportes foram criações das nações após a Primeira Guerra Mundial para controlar os espiões. Cem anos após, apenas 3% da população mundial vive fora do local de nascimento.
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Assistimos o fenômeno da globalização que assegura livre trânsito mundial a tudo menos, mão de obra, menos pessoas. Produtos, serviços, ações e informações cruzam o mundo, menos pessoas. Coisas sofrem controle alfandegário. Pessoas, policiais.
As limitações geográficas às pessoas fazem com que bilhões vendam seu trabalho por preços ínfimos em relação ao que ganham as pessoas que vivem em países desenvolvidos, estimulando o trabalho escravo e o tráfico de pessoas, para fins de trabalho escravo ou análogo à escravidão.
Há uma razão ética para sustentar a livre circulação das pessoas em busca de oportunidades de riqueza, a necessidade de combater a concentração de renda: 8 pessoas são mais ricas que 3,5 bilhões de pessoas juntas. A desigualdade deixou de ser uma questão de classe social para ser de localização, local de nascimento.
A sorte do local de nascimento também determina a expectativa de vida. Enquanto as crianças da Somália têm 20% de probabilidade de morrerem antes de completarem 5 anos de vida, a taxa de mortalidade de soldados na guerra civil americana foi de 6,7%; na Segunda Guerra Municipal foi de 1,8% e na Guerra do Vietnã de 0,5%.
A abertura das fronteiras é sempre combatida com argumentos falsos, pesquisas equivocadas e posições ideológicas. O historiador Rutger Bregman faz uma análise desses principais argumentos na obra “Utopia para realistas”.
Não há ligação entre terrorismo e estrangeiros ou imigrantes. Entre 1975 e 2015 apenas 41 pessoas nos Estados Unidos morreram por atos terroristas associados à imigrantes. O 11 de setembro não é regra.
Os imigrantes não estão associados ao crime. Proporcionalmente há mais presos nativos que imigrantes. Os imigrantes não coroem a unidade social, mas sim a pobreza, o desemprego e a discriminação.
Os imigrantes não roubam os empregos, ficam com os que não têm mão de obra local e contribuem para o aumento dos salários, pois liberam trabalhadores nativos para os melhores empregos. Da mesma forma, proporcionalmente, eles não recebem mais benefícios sociais que os nativos.
Se voltarmos a cerca de 500 anos somos forçados a reconhecer que europeus cruzaram o oceano em busca de uma terra onde as oportunidades pareciam ilimitadas. E hoje querem construir muralhas para impedirem a migração. Cerca de 2/3 de todas as muralhas do mundo foram construídas depois dos anos 2000. É hora de lutar pela liberdade mundial das pessoas.