
Sempre defendi a ideia e escrevo que o famoso "Imparcial FC" nunca existiu. Todo jornalista que gosta de esportes, que escolheu essa editoria, pelo menos aqui no Brasil, o fez pela paixão pelo futebol e pelo clube do coração. Ninguém é "filho de chocadeira", todo mundo tem um amor e no futebol não é diferente. Não é á toa, que mesmo contrariando alguns professores e colegas, eu nunca escondi que além de jornalista, sempre fui também um torcedor.
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Mas aprendi também antes dos bancos acadêmicos, ainda quando engatinhava na profissão, que uma coisa é uma coisa, e outra é outra. Não dá pra empunhar uma caneta ou o microfone e mudar ou distorcer a realidade de acordo com o time do meu coração. Temos um compromisso com a verdade e isso é inegociável.
Como torcedor do Burro da Central, eu não posso escrever que o "meu time" tem um currículo nacional maior que seu rival. Eu estaria mentindo. O Burro nunca jogou qualquer divisão do campeonato brasileiro. Eu não posso falar em um microfone de imprensa que o Taubaté tem mais estrutura que o São José, isso está fora da realidade, é o contrário, visto que a Águia do Vale acaba de inaugurar seu novo centro de treinamentos.
Pois bem, vamos aos fatos!
Na véspera de mais um Clássico do Vale, eis que me deparo com textos de parte da imprensa, nomeando o duelo como "o clássico de número 70". Como se Taubaté e São José estivessem se enfrentando pela setuagésima vez, o que é um grande engano, ou mentira mesmo.
Na ótica desses veículos ou colegas, o clássico só vale à partir do momento da profissionalização do extinto E.C. São José, o Formigão do Vale em 1964.
Primeiramente, são dois "CNPJs" diferentes, duas instituições distintas, uma fundada em 1933 e a atual em 1976. Na história do antigo clube, consta que o futebol foi profissionalizado em 1957 e não em 1964. Ou seja, não tem absolutamente nenhum sentido histórico afirmar que o clássico entre Taubaté diante da cidade de São José dos Campos (já que são dois clubes distintos) começou em 1964.
Para sermos honestos com o nosso público, com quem gosta e acompanha o futebol da nossa região, é completamente errado escrever essa balela de clássico número setenta.
O duelo entre as principais cidades da região começa ainda na década de dez, tendo a Associação Esportiva São José, fundada em 1913 (isso mesmo, a Vermelhinha) como primeiro representante da Capital do Vale. Aliás, a própria história do antigo São José, o alvinegro, conta que sua fundação se deu, após uma dissidência da Associação Esportiva. Assim como o São Paulo FC surge da dissidência de CA Paulistano e A.A. das Palmeiras, diante da profissionalização do futebol no início dos anos 1930, a atual Águia tem uma história semelhante, tendo como embriões o Formigão e a Vermelhinha.
Então, sejamos honestos com a história do futebol da nossa região! Não podemos aceitar esse malabarismo histórico.
O mundo não gira em torno da barriga de ninguém e de clube nenhum, logo o futebol e o clássico não começam em 1964. Isso é uma mentira que alguns torcedores inventaram para colocar o clube do coração na frente em confrontos diretos diante do rival. Sem base histórica nenhuma.
E isso é tão constrangedor que bastava separar o atual clube de seus antecessores que a vantagem seria a mesma. Desde a fundação do novo São José E.C, a Água, em 1976, o time da Capital do Vale tem uma vitória a mais, ou seja, está na frente do confronto direto.
Agora, quando se junta os três representantes, ou mesmo que sejam os dois (Formigão e Águia), a vantagem é do E.C. Taubaté.
Como escrevi anteriormente, o mundo não gira na barriga de ninguém, o Taubaté não tem culpa que o antigo São José (o alvinegro) se profissionalizou em 1957 ou 1964. O futebol paulista se profissionalizou em meados dos anos 30.
Ou contamos desde o primeiro duelo entre as equipes ou contamos à partir de 1976, quando surgiu o atual clube.
Qualquer conta diferente, é malabarismo histórico, papo de torcedor, não de jornalista ou pesquisador. E viva o futebol do Vale do Paraíba!