Quase virou ringue ou octógono.
Com direito a bate-boca e encarada, o debate entre os candidatos a prefeito de São José dos Campos por pouco não teve cenas de boxe ou MMA. Transmitido pela TV Vanguarda, na noite desta sexta-feira, o embate entre Eduardo Cury (PL) e Anderson Farias (PSD) precisou ser interrompido às pressas, ainda no primeiro bloco, para acalmar os ânimos. Durante o debate, os adversários trocaram ataques em uma espécie de pugilismo retórico.
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O momento de maior tensão aconteceu no bloco inicial, que já vinha quente. Atual prefeito e candidato à reeleição, Anderson iniciava um direito de resposta, após ter sido acusado de não ter caráter. Neste momento, Cury, que estava sentado, se aproximou dele para confrontá-lo, questionando Anderson. "Se ele me ofender, não vou me calar, ele me conhece, é dissimulado", disse Cury. "Vai fazer o que?", respondeu Anderson.
Cury foi advertido pelo âncora Rogério Correia, que cortou os microfones e chamou o intervalo, às pressas. Veja o vídeo. OVALE apurou que foi necessária a presença de seguranças no estúdio.
O debate.
O confronto entre Cury e Anderson, que vinha fugindo de debates neste segundo turno, foi marcado pelo clima tenso, com mais trocas de acusações do que propostas.
De um lado do ringue, digo, do debate, Cury criticou a novela do transporte público, que teve licitações fracassadas e a prorrogação "na calada da noite" do contrato precário com as empresas, os atrasos na entrega de obras, acusou o oponente de permitir o avanço do crack e, principalmente, questionou a saúde financeira do município, que tem uma dívida superior a R$ 500 milhões no IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal).
O candidato do PL acusou o oponente de estelionato eleitoral, ingratidão e falta de pulso.
Anderson, por sua vez, rebateu as críticas de Cury e o acusou de estar desinformado, por "estar há 12 anos longe de São José", negando que a cidade tenha "importado" usuários de droga da cracolândia, defendendo um novo modelo para os ônibus e afirmando que o Paço Municipal está com as contas em dia. Como estratégia, Anderson levou para o ringue a defesa de sua gestão, que é aprovada por mais de 70% dos eleitores, além de tentar colar no adversário a imagem de passado, de ultrapassado, enquanto ele representaria o "futuro". Em determinado momento, Anderson acusou Cury de ter sido condenado. Ali o clima começou a esquentar, com Cury acusando Anderson de "fazer teatro".
O debate, que trouxe temas como educação, mobilidade, geração de emprego, segurança, combate à dependência química, gestão públicas e finanças, entre outros, mostrou a escalada no tom da campanha, com dois ex-aliados agora em lados diametralmente opostos. Ao fim de quatro rounds, soou o gongo e os dois candidatos agora têm um novo e decisivo round, marcado para domingo (27), dia do segundo turno.
Pelo clima do debate, porém, independentemente do resultado de domingo, é certo dizer que a briga vai continuar pós-eleição, no próximo mandato. Um deles no Paço. Outro, na oposição. Reconciliação entre os antigos amigos? Essa foi nocauteada.