ELEIÇÃO

Marçal é aposta de Anderson contra apoio do clã Bolsonaro a Cury

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Editor-chefe de OVALE
Reprodução
Marçal e Bolsonaro em 4 de junho, antes do ex-presidente chamar o ex-coach de 'arregão' e 'mentiroso'
Marçal e Bolsonaro em 4 de junho, antes do ex-presidente chamar o ex-coach de 'arregão' e 'mentiroso'

Sem contar com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito Anderson Farias (PSD) lançou mão de uma nova carta na disputa pelo eleitorado de direita em São José dos Campos, em sua busca pela reeleição. Trata-se de um vídeo do controverso Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB.

Na gravação, de 14 segundos, o ex-coach diz apoiar Anderson na corrida ao Paço Municipal.
"Fala aí, Anderson Faria (sic), pra cima garoto, mete 55 na urna aí. Eu e o delegado Palumbo [deputado federal pelo MDB, partido da coligação de Anderson], meu amigo, apoiamos você, vamos pra cima, irmão", afirma Marçal, nome que está na briga pela ponta na capital, aparecendo empatado tecnicamente com Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

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Na tarde desta terça-feira, no fim da tarde, a campanha de Anderson fez uma força-tarefa para disseminar o vídeo -- eu, por exemplo, recebi o conteúdo de quatro fontes distintas. Além do vídeo, a mensagem de WhatsApp trazia o resposta de Anderson ao vídeo de Marçal. O candidato à reeleição em São José, na mensagem, brincou com um dos jargões de Marçal, conhecido pelo 'faz o M'. Anderson pediu 'faz o A'.

"Obrigado pelo apoio, Pablo Marçal! O empreendedorismo em São José é ensinado para nossas crianças desde a educação infantil, e você é um exemplo de como o espírito empreendedor pode transformar a vida das pessoas. FAZ O A", diz Anderson na mensagem. Cerca de 30 minutos depois, o vídeo de Marçal foi postado nas redes sociais de Anderson.

Marçal, que já foi preso e condenado pela Justiça Federal por furto qualificado, além de ser questionado nesta campanha sobre a proximidade de correligionários ao PCC (Primeiro Comando da Capital), entre outras polêmicas, protagoniza uma convulsão na direita, conquistando espaço cristalizado a favor de Bolsonaro.

Após ter sido elogiado pelo ex-presidente, no começo de agosto, Marçal passou a ser alvo de Bolsonaro. No último capítulo desta novela, Marçal foi chamado por Bolsonaro de "traidor", "aproveitador" e "arregão" após a manifestação de Sete de Setembro, na Avenida Paulista, devido ao fato do candidato do PRTB ficar "em cima do muro" e evitar criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Dias antes, apoiador de Nunes, Tarcísio também havia atacado o ex-coach. “Marçal é a porta de entrada para Boulos”, disse o governador.

O que se vê, com o tsunami Marçal, é um receio no clã Bolsonaro de que o ex-coach represente uma ameaça à primazia da família sobre o público bolsonarista -- o bolsonarismo, diferentemente do petismo, por exemplo, que é muito associado à figura do presidente Lula, é um movimento suprapartidário ou apartidário.

Estratégia.

E Anderson, pegando carona em Marçal, busca replicar em São José esse momento de cisão da direita, de olho na maioria do eleitorado -- pesquisa OVALE mostrou que 50% dos eleitores em São José afirmam ser de direita (aqui) e 35,2% afirmam ser bolsonaristas (aqui). Se um dia chegou a dizer que não era "nem L e nem B", em referência à divisão política entre Lula e Bolsonaro, Anderson intensificou o posicionamento alinhado ao bolsonarismo no último ano.

No entanto, em abril, com a migração de Eduardo Cury, ex-prefeito e seu principal rival na disputa, do PSDB para o PL de Bolsonaro, o candidato do PSD à reeleição teve esse discurso à direita esvaziado. Nos meses seguintes o grupo ligado a Anderson tentou minar o apoio ao adversário, destacando posicionamentos e críticas de Cury, quando deputado federal, que iriam de encontro às pautas bolsonaristas. Não colou.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), por exemplo, esteve com Cury em São José na última semana, gravou vídeo e reafirmou apoio.
Outro revés de Anderson foi o fator Tarcísio, governador que tem 72% de aprovação na cidade (leia).

Segundo o prefeito, em entrevista concedida a OVALE em junho, o governador havia firmado um compromisso com o vice-governador, Felicio Ramuth (PSD), de apoiar Anderson. No entanto, apesar de seu partido integrar a coligação do candidato, Tarcísio disse a OVALE, em julho, que não apoiaria Anderson e que se manteria "neutro" (leia).

Ele ainda elogiou Cury e gravou vídeo com o candidato, material esse que foi explorado pelo PL na campanha -- Anderson recorreu à Justiça para  tentar barrar o uso da imagem, mas acabou derrotado (leia). Como resposta, passou a usar uma gravação de 2022 ao lado de Tarcísio, na busca por "empatar" o jogo de apoios.

Agora, com Marçal, Anderson busca recuperar terreno no tabuleiro de apoiadores. Vai funcionar? Depois de bolsonarizar, Anderson vai marçalizar? Fazer o A? Nas redes há quem diga que, buscando o apoio de Marçal, Anderson fez o 'M'. Já quem se opõe ao candidato do PSD, diz que fez 'M'. E você, leitor, o que acha? 
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Comentários

3 Comentários

  • João Carlos Faria 12/09/2024
    Me atualizando ontem a noite sobre a questão climática no Brasil. Em uma entrevista na CNN. Carlos Nobre fala da importancia de onibus eletricos para São Paulo. E o atual prefeito de São José esta tentando fazer licitação para esta questão. Fiz um video falando da necessidade de homenagear Carlos Nobre o museu de ciencias ainda não tem nome. Abraços Guilhermo. Aqui o video. https://www.youtube.com/watch?v=RrBzTvtxlHc&t=1s
  • Pedro de Lima 11/09/2024
    Gostei da notícia, com Felício e Marçal apoiando Anderson, talvez o Cury ja vença logo no 1º turno.
  • Jorge Reis 10/09/2024
    Bolsonaro dando tiro no pé em SP e em São José!