A vida de Valéria foi trocada por R$ 100 mil. Foi por esse valor que a corretora foi assassinada em São José dos Campos. O crime chocou a região.
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A corretora de imóveis Valéria Fátima de Castro foi brutalmente assassinada aos 25 anos, em 2015. Ela tinha dois filhos. Três envolvidos pelo crime já haviam sido presos – um deles continua cumprindo pena – e faltava o mentor do crime, preso em Jacareí nesta quinta-feira (29).
Lucas de Lima Pinto, de 34 anos, foi condenado a 21 anos de prisão pelo assassinato da corretora e estava foragido desde o crime. Ele foi preso pela Polícia Militar de Jacareí na Rua Chiquinha Schurig, no Jardim Independência.
A Polícia Civil procurava por Lucas desde que o caso foi solucionado pela equipe de Homicídios de São José, em 2015, em uma das investigações mais complicadas na qual o grupo trabalhou. Lucas é apontado como o mentor do crime brutal que tragou a vida da jovem corretora. Ela foi morta por causa do dinheiro da comissão pela venda de imóveis.
Lucas foi condenado pelo crime em 12 de fevereiro de 2020, por homicídio e destruição de cadáver. Ele chegou a ser o criminoso mais procurado de São José dos Campos.
Os investigadores da Polícia Civil descobriram que Valéria havia negociado imóveis de alto padrão cujo comprador pagaria R$ 100 mil em comissões diretamente a corretores da imobiliária, do grupo ligado à vítima.
Ambição.
No entanto, houve uma série de contratempos para o pagamento dessas comissões e ainda havia uma disputa pelo dinheiro da venda do imóvel. Nesse ínterim, os policiais identificaram os quatro colegas de trabalho da corretora que estavam mais diretamente envolvidos com a divisão da comissão.
Não estava claro como o grupo dividiria as comissões, mas parecia bastante certo que uma desavença se estabeleceu entre eles e Valéria quanto ao pagamento. A investigação evoluiu a ponto de evidenciar a participação de cada corretor no emaranhado que se fechou em torno da corretora.
Morte.
Na noite da sua morte, segundo os investigadores, a corretora foi atraída pelos colegas para um encontro numa casa noturna de São José. O convite teria sido apenas um arranjo para fazer a corretora não suspeitar de nada.
O carro usado foi o de Lucas. Ele dirigia e Valéria estava ao seu lado. No banco de trás, os outros três acusados pelo crime, um homem e duas mulheres.
Em dado momento, segundo depoimentos e depois reconstituição do crime feita pela polícia com a participação das duas mulheres, o colega da corretora a teria abraçado por detrás do banco e apertado o pescoço com ambos os braços. Ele era um sujeito de constituição forte que tinha carteirinha de uma academia de MMA de São José, com o apelido de Brucutu.
Segundo a perícia, Valéria foi morta por asfixia depois de um golpe de estrangulamento, do tipo mata-leão.
Com a mulher desfalecida, os ocupantes do carro dirigiram-se a uma estrada rural da zona norte de São José, onde o corpo da corretora foi deixado. O grupo voltou à cidade para comprar gasolina em um posto de combustíveis, para depois retornar ao local onde deixara Valéria. Então, com a gasolina, a corretora foi carbonizada.
Acusados.
A Polícia Civil pediu a prisão de todos os quatro suspeitos. O colega que apertou o pescoço de Valéria foi preso em 15 de abril de 2015 e as duas mulheres em junho daquele ano. Lucas estava foragido desde que prestou depoimento aos investigadores, ainda em março de 2015.
Em fevereiro de 2020, cinco anos após o crime, os acusados foram condenados pela Justiça, por meio de júri popular em São José.
As duas mulheres, que haviam sido inocentadas em sessão anterior, foram condenadas a dois anos e seis meses de prisão em regime semiaberto pelo crime de ocultação de cadáver.
Réu foragido e que foi representado no julgamento por um defensor indicado pela Justiça, Lucas foi condenado a 21 anos e quatro meses de prisão em regime fechado por homicídio e ocultação de cadáver.
O colega que apertou o pescoço da corretora foi condenado em 2016. Contudo, a pena inicial de 15 anos de prisão foi ampliada para 18 anos e oito meses após recurso do Ministério Público. Ele está preso desde 2015.
Com a prisão de Lucas, fecha-se um dos crimes mais complexos que a Polícia Civil esclareceu em São José. Os investigadores provaram que Valéria foi morta pela ambição desmedida do grupo, manipulado pelo mentor do crime.