ESCÂNDALO ESPORTIVO

Pivô da 'Máfia do Apito', juiz do Vale diz que pensou em suicídio

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Repórter Especial
Reprodução
Edílson foi pivô da Máfia do Apito, em 2005
Edílson foi pivô da Máfia do Apito, em 2005

Ex-árbitro e pivô do maior escândalo da história da arbitragem brasileira, conhecido como “Máfia do Apito”, Edílson Pereira de Carvalho admitiu que chegou a pensar em suicídio no auge da crise, quando morava num condomínio em Jacareí.

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O escândalo de manipulação de resultados de partidas levou à anulação de 11 jogos do Campeonato Brasileiro de 2005, apitadas por ele numa era pré-VAR.

Edílson e o ex-árbitro Paulo José Danelon foram banidos do futebol e denunciados pelo Ministério Público por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Aos 61 anos, Edílson vivia recluso em Taubaté, cidade em que encontrou um novo amor após os anos de tormenta – ele se separou da primeira mulher em 2012, com quem tem uma filha. Ele é companheiro de uma professora da Unitau (Universidade de Taubaté). Ao lado dela, ele cultiva a espiritualidade e a religião, e vive longe do futebol.

Na noite desta terça-feira (27), foi ao ar episódio do podcast do apresentador Benjamin Back no qual ele entrevista Edílson Pereira de Carvalho, que contou detalhes da profunda crise pessoal que passou. Ele disse que chegou a tentar se matar.

“Eu comecei a beber em casa, sozinho, num bar em casa, e chorava ainda mais. Tinha um revólver. Por duas ou três vezes eu apontava para minha cabeça, mas não sabia manusear direito. Cheguei a apontar e disparar e pegou na telha”, afirmou o ex-árbitro.

“Hoje eu agradeço por não ter feito, mas naquele tempo me arrependo de não ter feito. Foi o começo do meu sofrimento. Minha filha só me via deprimido, dentro de casa. Escondia muita coisa dela, mas ela via na televisão sobre o pai. Sofri para todo lado. Fiquei um ano quase inteiro em casa”, completou.

Edílson admite que tinha que pagar pelo que fez, mas que o sofrimento foi um preço alto a pagar.

“Hoje o pior já passou comigo. Sofri muito e tinha que ter sofrido. A gente tem que pagar o que fez aqui. Sofri demais, chorei demais, de vez em quando sonho com a arbitragem que amava demais. O coração já não dói mais como doía antes. Era apaixonado pela arbitragem”, contou.

 “Faz um ano e meio que voltei a trabalhar. Não conseguia emprego. Entrava cedo e era demitido à tarde. Tinha filha e ex-esposa. Penso que meu casamento impactou com isso, sim, não foi a mesma coisa, principalmente a questão financeira.”

O ex-árbitro contou que não saía de casa e só frequentava uma sauna de um clube, no período noturno, levado de carro por um amigo de Jacareí escondido no bagageiro. “Tinha vergonha. Cheguei a fazer muita besteira. Ficava em casa e só chorava”.

Em sua nova vida, em Taubaté, Edílson faz viagens para diversos destinos da região com a atual esposa, como praias e o Santuário Nacional de Aparecida, vivendo momentos românticos e de fé que aparecem em poucas fotos nas redes sociais da mulher. Edílson também se afastou da internet.

Procurado pela reportagem em fevereiro deste ano, o ex-árbitro não quis falar sobre o presente e o futuro, muito menos o passado. “Não participo mais de entrevistas”, disse ele na ocasião. A posição mudou na última semana.

O escândalo de 2005 está num passado que Edílson quer ver cada vez mais enterrado, como um time depois de sofrer uma goleada homérica.

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