O cabo do Corpo de Bombeiros Marcos Aurélio de Castro, 45 anos, que morreu após queda de 15 metros durante poda de árvore em Guaratinguetá, cumpria uma determinação de jornada de trabalho dobrada de 48 horas no dia do acidente.
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O serviço havia sido determinado pelo comando da corporação em Guaratinguetá em razão de treinamento de bombeiros no Pico dos Marins, que abrangeu todo o efetivo do 3º SGB (Subgrupamento dos Bombeiros), unidade do 11º GB (Grupamento de Bombeiros), este englobando o Vale do Paraíba.
OVALE teve acesso ao documento intitulado "Escala Extraordinária de Serviço Pico dos Marins”, que mostra a indicação para a jornada dobrada de bombeiros.
Nele, o comando determina “treinamentos para reconhecimento e navegação” na região do Pico dos Marins. O exercício foi dividido em três expedições, nos dias 12, 16 e 20 de agosto.
Com isso, em cada dia, o “efetivo de prontidão” precisou dobrar o serviço em 48 horas. Ou seja, trabalhar dois dias seguidos sem descanso.
Acidente.
Marcos Aurélio fazia parte da equipe de prontidão que dobrou o serviço no dia 20 de agosto. Ele morreu por volta de 13h desse dia, após cair de uma altura de cerca de 15 metros durante o corte de uma árvore que estava condenada, após ser atingida por um incêndio criminoso.
Nas redes sociais, a revelação da escala dobrada gerou polêmica e críticas à corporação. Há postagens de supostos colegas de Marcos Aurélio dizendo que morte dele poderia ter sido evitada, mas tais posts não trazem assinatura ou identificação.
“Oficial ordenou que todo o efetivo da cidade que ele comanda subisse o Pico dos Marins pelo simples fato de dizer que ele manda”, diz uma dessas postagens, publicada no perfil ‘Pracinha Cansado’ no Instagram, que foi criado em agosto de 2021 e conta com 67,9 mil seguidores.
Segundo o Corpo de Bombeiros, apesar dos esforços das equipes de resgate e do atendimento médico a Marcos Aurélio, ele não resistiu aos ferimentos e morreu, O bombeiro deixa a mulher e três filhos. Os bombeiros e a Polícia Militar divulgaram notas lamentando a perda do profissional.
Outro lado.
Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo informou que todas as circunstâncias do acidente que matou o bombeiro em Guará são apuradas por meio de uma sindicância instaurada pelo Corpo de Bombeiros. O resultado será apresentado assim que as investigações forem concluídas.
A pasta disse que a viatura utilizada pela vítima possui sistema de segurança adequado e o uso do equipamento de proteção individual é obrigatório durante qualquer operação dos bombeiros.
“As condições físicas e mentais dos profissionais são sempre levadas em consideração antes da sua mobilização para o atendimento a qualquer ocorrência e nenhum bombeiro é obrigado a atuar se não estiver confortável para isso”, afirmou a SSP.
A secretaria completou: “O descanso do efetivo também é uma prioridade da instituição, por isso os quartéis dispõem de alojamentos adequados para estes profissionais”.